Doença de Parkinson e chá preto: o que os cientistas acabam de revelar

Chá preto e doença de Parkinson – Beber chá preto pode ajudar a aliviar os sintomas motores da doença de Parkinson em alguns pacientes. Por outro lado, o consumo de refrigerantes com cafeína e a exposição a pesticidas parecem piorar a situação em outros casos.

Essas descobertas fazem parte de um estudo recente publicado no periódico científico npj Parkinson’s Disease, que investigou como fatores ambientais e escolhas de estilo de vida podem influenciar a gravidade da doença ao longo do tempo.

A pesquisa envolveu mais de 5 mil pessoas com diferentes formas de Parkinson e trouxe à tona uma diferença importante: o impacto do chá preto e da doença de Parkinson varia de acordo com o subtipo da condição.

Além disso, o estudo mostrou que refrigerantes com cafeína e exposição a pesticidas estão ligados à piora dos sintomas motores, especialmente entre mulheres.

Chá preto e doença de Parkinson: o que a ciência descobriu até agora

A doença de Parkinson é uma condição neurodegenerativa progressiva, que afeta principalmente os movimentos do corpo.

Tremores, rigidez, lentidão e dificuldades para caminhar são alguns dos sintomas mais comuns.

Ela atinge mais de 12 milhões de pessoas no mundo, e esse número só cresce. Entre 1990 e 2021, os casos aumentaram mais de 60%.

Apesar dos avanços, ainda não existe cura para o Parkinson.

Por isso, cientistas vêm tentando entender como o estilo de vida e o ambiente podem influenciar tanto o surgimento quanto a progressão da doença.

No novo estudo, os pesquisadores analisaram dados de duas grandes coortes (grupos de pessoas acompanhadas por um longo período).

Ao todo, participaram mais de 5 mil pessoas com Parkinson idiopático (iPD) — que não tem causa genética identificável — e 81 pessoas com uma forma genética da doença, causada por uma mutação chamada LRRK2 G2019S, conhecida como LRRK2-PD.

Uma xícara de alívio: o papel do chá preto

O destaque positivo do estudo foi o chá preto.

Pacientes com a forma genética da doença (LRRK2-PD) que bebiam chá preto com frequência apresentaram sintomas motores mais leves ao longo do tempo.

Essa descoberta é importante porque indica que a relação entre o chá preto e a doença de Parkinson pode depender do tipo específico da condição.

Em pacientes com Parkinson idiopático (iPD), por exemplo, esse mesmo benefício não foi observado.

Os autores do estudo acreditam que o efeito pode estar ligado às substâncias presentes no chá preto, como antioxidantes e cafeína.

No entanto, esse achado ainda precisa ser confirmado por outros estudos com grupos maiores de pacientes com LRRK2-PD, já que esse grupo foi pequeno nesta pesquisa.

Refrigerantes com cafeína: um vilão oculto

Enquanto o chá preto apareceu como um aliado em certos casos, os refrigerantes com cafeína se mostraram prejudiciais.

O consumo frequente dessas bebidas foi associado a uma piora dos sintomas motores, especialmente entre as mulheres com Parkinson idiopático.

O dado mais curioso é que essa piora não foi observada com refrigerantes diet, que têm cafeína mas não contêm grandes quantidades de açúcar.

Isso sugere que o açúcar pode ser um dos principais responsáveis pelos efeitos negativos dessas bebidas na evolução da doença.

Essa relação se mostrou ainda mais marcante entre as mulheres, o que levanta a possibilidade de haver uma vulnerabilidade específica por sexo.

Segundo os pesquisadores, mulheres que bebiam refrigerantes com cafeína tiveram uma piora mais significativa dos sintomas motores do que os homens com o mesmo hábito.

Pesticidas e Parkinson: um risco já conhecido, mas agora com mais detalhes

A exposição a pesticidas, especialmente no ambiente de trabalho, é um fator de risco já reconhecido para o desenvolvimento da doença de Parkinson.

Este novo estudo mostra que, além de aumentar as chances de a doença aparecer, os pesticidas também podem piorar os sintomas motores ao longo do tempo, principalmente em pacientes com Parkinson idiopático.

O efeito não foi observado na forma genética da doença (LRRK2-PD), o que sugere que diferentes tipos de Parkinson podem responder de maneira distinta às exposições ambientais.

E o cigarro? Proteção antes, prejuízo depois

O estudo também investigou a relação entre o tabagismo e a progressão da doença.

Durante muito tempo, fumar foi visto como um fator protetor contra o desenvolvimento do Parkinson, o que continua sendo observado em várias pesquisas.

Mas o novo estudo trouxe uma nuance importante: após o diagnóstico, o tabagismo pode piorar os sintomas motores.

Em outras palavras, o cigarro pode ter um efeito protetor antes da doença aparecer, mas se tornar prejudicial depois que ela se instala.

Esse efeito foi mais claro em uma das coortes do estudo, mas menos evidente na segunda.

Ainda assim, reforça o alerta de que nem tudo o que parece benéfico antes da doença continua sendo depois.

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Café e chá verde não mostraram impacto significativo

Além do chá preto, os pesquisadores analisaram o consumo de café e chá verde, bebidas também ricas em cafeína e antioxidantes.

No entanto, nenhuma relação clara foi encontrada entre o consumo dessas bebidas e a progressão dos sintomas motores da doença de Parkinson, em nenhum dos subgrupos estudados.

Isso não quer dizer que essas bebidas sejam prejudiciais, apenas que, neste estudo específico, não houve benefício ou risco evidente relacionado a elas.

Como o estudo foi feito

Para chegar a essas conclusões, os cientistas acompanharam os participantes por até cinco anos, realizando avaliações regulares dos sintomas motores e coletando dados detalhados sobre o estilo de vida dos pacientes.

Foram usados questionários padronizados para investigar o consumo de cafeína, o histórico de tabagismo, a exposição a pesticidas, entre outros hábitos.

Os sintomas motores foram medidos por uma pontuação cumulativa, que permitiu acompanhar a progressão da doença em diferentes períodos.

As análises estatísticas foram cuidadosas, levando em conta fatores como idade, sexo, tempo de doença e até episódios de “efeito OFF” (quando a medicação perde o efeito).

Isso garantiu mais precisão nos resultados.

Limitações e próximos passos

Apesar de trazer descobertas valiosas, o estudo também tem algumas limitações. Por exemplo:

  • O número de pacientes com LRRK2-PD era pequeno;
  • Não houve avaliação detalhada da dieta, como a quantidade exata de açúcar consumido;
  • Não foi considerado o uso de medicamentos em diferentes doses;
  • E os dados se baseiam em relatos dos próprios pacientes, o que pode gerar erros de memória.

Mesmo assim, os pesquisadores reforçam que os resultados são importantes para entender como chá preto e doença de Parkinson podem estar relacionados, e como fatores ambientais e de estilo de vida influenciam a qualidade de vida dos pacientes.

O que isso muda na prática?

A principal mensagem do estudo é que pequenas escolhas do dia a dia podem fazer diferença na evolução da doença de Parkinson, dependendo do tipo da condição.

Se confirmados por novas pesquisas, os resultados podem ajudar médicos e pacientes a personalizar as recomendações de tratamento e prevenção.

Isso inclui desde evitar o consumo exagerado de refrigerantes com cafeína (especialmente entre mulheres) até estimular o consumo de chá preto em certos subgrupos genéticos da doença.

Além disso, reforça a necessidade de proteger trabalhadores da exposição a pesticidas, algo que ainda é uma realidade em muitos países.

Por fim, o estudo alerta para a importância de olhar o Parkinson como uma doença diversa, com múltiplas causas e formas de evolução.

O que ajuda um paciente pode não ajudar outro, e, às vezes, pode até atrapalhar.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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