Estudo aponta que conexões sociais podem fortalecer a imunidade e reduzir riscos de doenças

Estudos recentes indicam que interações sociais, como conviver com amigos e familiares, podem não apenas melhorar nosso bem-estar emocional, mas também fortalecer nosso sistema imunológico e reduzir o risco de várias doenças, como doenças cardíacas, derrames e diabetes tipo 2.

Pesquisadores do Reino Unido e da China fizeram essa descoberta ao analisar proteínas presentes no sangue de mais de 42.000 adultos participantes do biobanco do Reino Unido.

Os resultados, publicados na revista Nature Human Behaviour, destacam a importância das relações sociais para a saúde física.

Embora já se saiba que o isolamento social e a solidão podem prejudicar a saúde, esse estudo busca entender como essas conexões impactam nosso organismo de maneira mais profunda, com foco em como elas influenciam o funcionamento de nossas proteínas e, consequentemente, nosso risco de doenças graves.

O impacto das relações sociais no nosso corpo

Nosso corpo reage a diversos fatores externos e internos, e as relações sociais podem influenciar esses processos de maneiras que ainda estamos aprendendo a compreender.

A pesquisa que analisou mais de 42.000 amostras de sangue focou em proteínas específicas, que são moléculas essenciais para o funcionamento adequado do nosso corpo.

As proteínas são produzidas por nossos genes e desempenham papéis cruciais, como ajudar a combater infecções, regular funções celulares e até mesmo auxiliar no desenvolvimento de tratamentos para doenças.

Ao estudar essas proteínas, os pesquisadores descobriram que o isolamento social e a solidão estavam associados a uma série de proteínas que indicam processos inflamatórios e a ativação do sistema imunológico.

Esse tipo de resposta biológica é fundamental, pois está relacionado a condições de saúde graves, como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e derrames. Mesmo com a evolução das pesquisas sobre o impacto das conexões sociais na saúde, muitos dos mecanismos biológicos ainda são pouco conhecidos.

Este estudo foi um passo importante para esclarecer essa relação e mostrou como a solidão pode afetar negativamente nossa saúde a nível molecular.

Como a solidão afeta a saúde a nível molecular

A solidão, de acordo com o estudo, não afeta todos da mesma forma, mas a pesquisa conseguiu identificar proteínas no sangue de pessoas solitárias que indicam uma resposta do corpo ao estresse e à inflamação.

Quando analisaram os dados, os cientistas encontraram 175 proteínas associadas ao isolamento social e 26 proteínas especificamente relacionadas à solidão. Muitas dessas proteínas estão diretamente ligadas a inflamações no corpo e ao aumento do risco de doenças crônicas.

Isso ocorre porque, quando uma pessoa se sente isolada ou solitária, o corpo pode reagir com uma série de respostas biológicas que, com o tempo, podem enfraquecer o sistema imunológico e aumentar a vulnerabilidade a doenças graves.

Além disso, algumas dessas proteínas foram ligadas a condições como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e até mesmo o risco de morte precoce.

Esses achados mostram que, apesar de a solidão ser muitas vezes considerada uma questão emocional, ela tem implicações muito mais profundas para a saúde física do que se imaginava.

A solidão pode ser um gatilho para uma série de respostas inflamatórias que afetam diretamente a saúde do coração, dos vasos sanguíneos e do metabolismo.

O estudo das proteínas e seu papel na prevenção de doenças

A pesquisa não apenas identificou proteínas associadas ao isolamento social e à solidão, mas também investigou como essas proteínas podem influenciar o desenvolvimento de doenças.

Para isso, foi utilizada uma técnica estatística chamada “randomização mendeliana”, que permite analisar a relação causal entre os fatores de risco e os resultados de saúde. Esse método ajudou os pesquisadores a identificar cinco proteínas cujos níveis aumentaram diretamente devido à solidão.

Entre as proteínas identificadas, algumas têm um papel fundamental na defesa do organismo contra infecções, enquanto outras estão mais relacionadas à inflamação crônica, que pode afetar a saúde cardiovascular e o metabolismo.

Compreender essas relações pode ser útil para o desenvolvimento de novos tratamentos que visem não apenas tratar as doenças associadas à solidão, mas também prevenir seu surgimento.

Além disso, a pesquisa mostrou que é possível, através da análise de proteínas, entender melhor como nossas emoções e interações sociais impactam nossa saúde física de maneira mais ampla e profunda.

O futuro das pesquisas sobre saúde e relações sociais

A pesquisa sobre as conexões entre solidão e saúde física ainda está em seus estágios iniciais, mas já aponta para direções promissoras para novos tratamentos e estratégias de prevenção.

Com o uso de tecnologias avançadas, como a inteligência artificial e a análise de proteínas em larga escala, os cientistas esperam descobrir mais detalhes sobre os mecanismos biológicos que ligam a solidão ao aumento do risco de doenças.

A longo prazo, essas descobertas podem nos ajudar a desenvolver intervenções mais eficazes, que podem incluir desde terapias sociais para promover mais interações positivas até tratamentos médicos focados na modulação das proteínas que estão associadas ao isolamento social.

A pesquisa também ressalta a importância de levarmos a sério os impactos da solidão na saúde pública, promovendo políticas e práticas que incentivem a construção de redes de apoio social e a melhoria do bem-estar emocional de todas as pessoas.

As conexões sociais têm um impacto muito maior sobre nossa saúde do que muitas vezes imaginamos.

O estudo das proteínas no sangue de pessoas com mais isolamento social e solidão revela como essas condições podem ativar respostas inflamatórias e enfraquecer o sistema imunológico, aumentando o risco de doenças graves, como problemas cardíacos, diabetes e derrames.

As descobertas reforçam a necessidade de valorizarmos nossas relações sociais e de criarmos políticas públicas que ajudem a combater a solidão, que é um dos maiores desafios de saúde pública da atualidade.

Ao compreender melhor como a solidão afeta nosso corpo, podemos adotar medidas preventivas e criar um ambiente mais saudável, tanto emocional quanto fisicamente.

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Fonte: News Medical

Estudo: Shen, C., et al. (2025) Plasma proteomic signatures of social isolation and loneliness associated with morbidity and mortality. Nature Human Behaviordoi.org/10.1038/s41562-024-02078-1.

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Redação SaúdeLab
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