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Genética e saúde cardiovascular: cardiologista explica quando o perigo é herdado
Quando se fala em doenças do coração, uma pergunta costuma surgir de imediato nos consultórios: “Doutor, isso pode ser genético?” A dúvida é legítima, afinal, muitos pacientes lembram de pais, tios ou avós com infarto, arritmia, hipertensão ou, até mesmo, casos de morte súbita na família.
No entanto, algo que sempre digo é que cada caso é um caso, e o peso da hereditariedade nas doenças cardiovasculares é um tema complexo.
Genética e saúde cardiovascular: quando existe apenas predisposição
A genética influencia o coração de duas formas principais.
A primeira é o risco herdado, relacionado a tendências familiares que aumentam a predisposição a quadros como hipertensão, diabetes, colesterol elevado e obesidade.
Esses fatores não determinam que a pessoa terá a doença, mas reduzem sua margem de segurança, fazendo com que escolhas de estilo de vida tenham impacto ainda maior.
Em outras palavras, se há histórico familiar, o paciente precisa ser mais rigoroso nos cuidados, como alimentação, exercícios, sono e manejo do estresse.
Genética e saúde cardiovascular: quando a mutação causa a doença
A segunda forma é a hereditariedade direta, quando mutações específicas realmente causam doenças cardíacas estruturais.
Alguns exemplos clássicos são a cardiomiopatia hipertrófica, a cardiomiopatia dilatada familiar e certos tipos de arritmias hereditárias, como a síndrome do QT longo.
Nesses casos, o componente genético é decisivo.
O paciente pode desenvolver a condição mesmo mantendo hábitos de vida saudáveis.
Para esses perfis, o acompanhamento especializado, exames periódicos e, eventualmente, a testagem genética tornam-se fundamentais.
Genética e saúde cardiovascular: a influência dos gatilhos ambientais
É importante lembrar, porém, que a maioria das doenças cardiovasculares não segue um padrão simples de herança.
Mesmo quadros com forte influência genética dependem de gatilhos ambientais para se manifestar.
Um exemplo frequente é o colesterol elevado.
Pessoas com predisposição podem manter níveis aceitáveis durante boa parte da vida, mas hábitos inadequados, como dieta rica em ultraprocessados, sedentarismo e tabagismo, aceleram o processo e aumentam o risco de infarto precoce.
Por que prevenir continua sendo essencial
Apesar da influência genética, as doenças do coração continuam sendo altamente preveníveis.
Pelo menos 80% dos eventos cardiovasculares poderiam ser evitados com o controle de fatores de risco modificáveis.
Ou seja, a genética pode carregar a arma, mas são as escolhas diárias que geralmente apertam o gatilho.
Para quem tem histórico familiar expressivo, como infarto antes dos 55 anos em homens ou antes dos 65 em mulheres, morte súbita inexplicada, casos de cardiomiopatia ou arritmias graves, a recomendação é iniciar o cuidado mais cedo.
Isso inclui acompanhamento cardiológico regular, avaliação individualizada do risco e, quando indicado, exames como:
- ecocardiograma;
- teste ergométrico;
- Holter;
- e dosagens laboratorias específicas.
No fim das contas, a hereditariedade não determina o destino do seu coração; ela apenas orienta quais cuidados precisam ser intensificados ao longo da vida.
Entender como genética e saúde cardiovascular se relacionam com os fatores ambientais é essencial para uma prevenção mais eficaz.
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Dr. Ricardo Ferreira é médico cardiologista, doutor pela Universidade de São Paulo e especialista em Estimulação Cardíaca Artificial, Arritmia Clínica e Eletrofisiologia Clínica e Invasiva.



