Gripe aviária em humanos pode acontecer? O que o novo surto revela

Surto em aves comerciais acende alerta sobre gripe aviária em humanos e o risco de transmissão em trabalhadores expostos.

Será que há risco de contágio da gripe aviária em humanos? Com a identificação do surto da doença em aves comerciais no Brasil, mais especificamente numa granja de matrizes (onde são criadas aves reprodutoras) no município de Montenegro (RS), essa dúvida ganha força.

O alerta foi emitido após o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) anunciar, na última quinta-feira (15), a detecção do vírus da gripe aviária na granja comercial.

Até então, os casos se restringiam a aves silvestres ou de criação doméstica.

Essa mudança no cenário acendeu um sinal de alerta entre as autoridades sanitárias e levanta questionamentos importantes para a população:

  • O que é a gripe aviária?
  • Existe risco de transmissão para humanos?
  • Podemos enfrentar uma nova pandemia?

Neste conteúdo do SaúdeLab, você vai entender quais são os riscos da gripe aviária em humanos, como ocorre a transmissão e por que esse surto recente merece atenção, mesmo com o risco ainda considerado baixo para a população geral.

O que é a gripe aviária?

Segundo o Instituto Butantan, a gripe aviária é uma infecção viral causada principalmente pelo vírus influenza A do subtipo H5N1, que atinge sobretudo aves silvestres e domésticas.

Esse vírus tem se espalhado pelo mundo desde o início dos anos 2000, sendo classificado como de alta patogenicidade, ou seja, tem grande capacidade de causar doenças graves e mortes em animais infectados.

Embora o vírus tenha surgido na Ásia, sua presença já foi confirmada em diversos continentes.

Ele costuma se alastrar por meio de aves migratórias que transportam o patógeno durante seus deslocamentos entre hemisférios, espalhando o vírus por países e regiões diversas.

Como ocorre a transmissão da gripe aviária?

A principal forma de propagação do vírus H5N1 é entre aves.

Aves aquáticas migratórias são os principais reservatórios naturais do vírus, que se espalha pelo solo, água contaminada, fezes e secreções respiratórias dos animais.

Mas o H5N1 não afeta apenas as aves.

Diversos mamíferos selvagens, como focas, leões marinhos e visons, já foram encontrados infectados após entrarem em contato com aves contaminadas.

Gripe aviária em humanos: como é a transmissão

A transmissão para humanos, por sua vez, ocorre em casos muito específicos.

As infecções documentadas até hoje envolvem, principalmente, pessoas que tiveram contato direto com aves doentes ou mortas, ou que manipularam carcaças contaminadas.

Isso inclui tratadores, trabalhadores de granjas e profissionais da vigilância sanitária.

É importante destacar que não há registro de transmissão da gripe aviária em humanos por meio do consumo de carne de aves ou ovos, especialmente quando esses produtos passam por inspeção sanitária.

O Ministério da Agricultura afirma que os alimentos de origem aviária disponíveis no mercado seguem seguros para o consumo.

Veja um trecho da nota:

A população brasileira e mundial pode se manter tranquila em relação à segurança dos produtos inspecionados, não havendo qualquer restrição ao seu consumo”.

Gripe aviária em humanos: quais os sintomas?

Apesar de ser raro, o contágio da gripe aviária em humanos pode ocorrer.

Quando isso acontece, os sintomas costumam ser semelhantes aos da gripe comum. Os principais sinais incluem:

  • Tosse e espirros;
  • Coriza;
  • Febre;
  • Dor de garganta;
  • Conjuntivite;
  • Pneumonia (em casos mais graves).

Em infecções mais sérias, a doença pode evoluir rapidamente e levar à morte.

No entanto, o número total de casos registrados no mundo é baixo: segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 2003 foram confirmados pouco mais de 260 casos, com cerca de 145 mortes.

Só em 2025, até agora, houve quatro infecções humanas pelo H5N1 e três mortes.

Esses números mostram que a taxa de letalidade é alta entre os casos documentados, o que reforça a necessidade de monitoramento constante, principalmente entre os grupos mais expostos ao risco de contaminação.

Gripe aviária em humanos: existe risco de transmissão entre pessoas?

Até o momento, não há comprovação científica de que a gripe aviária possa ser transmitida entre humanos.

O vírus é considerado altamente adaptado às aves, e para se espalhar de forma sustentada entre pessoas, precisaria sofrer mutações genéticas que o tornassem mais compatível com o organismo humano.

Por isso, os especialistas acompanham de perto a evolução do vírus em mamíferos.

Se ele for capaz de se adaptar e circular entre esses animais com mais facilidade, pode aumentar o risco de “salto” para os humanos, com potencial de causar surtos maiores — ou até pandemias, como ocorreu com a covid-19.

Em tese, os governos, entidades de saúde e laboratórios já estão preparados para reagir a possíveis emergências.

Algumas vacinas contra o H5N1 estão em desenvolvimento e há protocolos específicos para conter surtos em granjas e zoológicos.

O que está sendo feito para conter a gripe aviária?

Diante do surto no Rio Grande do Sul, as autoridades brasileiras ativaram imediatamente os protocolos de segurança sanitária.

A granja afetada foi isolada, e todas as aves foram abatidas.

O trânsito de animais na região está sendo monitorado, e investigações continuam para identificar outras possíveis áreas de risco.

Além disso, o Ministério da Agricultura reforçou a orientação para que todas as granjas comerciais redobrem suas medidas de biossegurança, como barreiras sanitárias, controle de acesso e vigilância sobre a saúde das aves.

Mesmo com o risco de contágio da gripe aviária em humanos ser considerado baixo, a doença representa um alerta importante.

Seu impacto vai além da saúde pública: países como China, Argentina e membros da União Europeia já suspenderam as importações de carne de frango do Brasil, afetando diretamente a economia do setor avícola.

Como a gripe aviária chegou ao Brasil?

O primeiro registro do vírus H5N1 no Brasil aconteceu em 2023, em aves silvestres e de subsistência.

Já o surto identificado neste mês, conforme mencionado antes, foi o primeiro caso confirmado em aves comerciais do país.

Esse tipo de granja é responsável pela produção de ovos férteis que originam frangos.

Por seguir normas rigorosas de biossegurança, não era esperado que o vírus chegasse tão facilmente a esse ambiente.

Mesmo assim, cerca de 35 aves morreram, levando à confirmação laboratorial da infecção. Como medida de controle, todas as aves da granja foram abatidas.

Além disso, há suspeita de outro foco da doença em um zoológico na mesma região, o que aumenta o nível de preocupação sobre a possível disseminação local.

O que a população precisa saber

A principal mensagem das autoridades é de tranquilidade e vigilância.

Para a maioria da população, o risco de infecção é praticamente inexistente, desde que se evite contato com aves doentes e se mantenham os cuidados com alimentos de origem animal devidamente cozidos e inspecionados.

Por outro lado, profissionais que trabalham com aves ou em áreas de risco devem seguir os protocolos rigorosos de proteção e higiene, já que são os mais vulneráveis à exposição ao vírus.

A gripe aviária em humanos é rara, mas não deve ser ignorada.

A vigilância constante, a transparência na comunicação e os avanços científicos são as melhores ferramentas para evitar que essa ameaça ganhe proporções maiores no futuro.

Leia mais: Risco de câncer em crianças por fogões a gás é quase o dobro do que em adultos

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Elizandra Civalsci Costa
Elizandra Civalsci Costa

Farmacêutica (CRF MT n° 3490) pela Universidade Estadual de Londrina e Especialista em Farmácia Hospitalar e Oncologia pelo Hospital Erasto Gaertner. - Curitiba PR. Possui curso em Revisão de Conteúdo para Web pela Rock Content University e Fact Checker pela poynter.org. Contato (65) 99813-4203

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