Risco de câncer em crianças por fogões a gás é quase o dobro do que em adultos

Estudo revela que fogões a gás aumentam em quase 2x o risco de câncer em crianças. Entenda os perigos do benzeno, como proteger sua família e alternativas mais seguras para sua cozinha.

Fogões a gás, presentes em milhões de lares, podem liberar substâncias cancerígenas em níveis preocupantes, especialmente para crianças. Uma pesquisa recente, liderada pela Universidade de Stanford (EUA), revelou que a queima de gás natural ou propano emite benzeno – um composto já reconhecido por sua ligação com o câncer.

O estudo, publicado no Journal of Hazardous Materials, analisou emissões de benzeno em residências e simulou sua dispersão pelo ambiente. Os resultados indicam que, em casas com ventilação inadequada, o risco de desenvolver câncer ao longo da vida chega a ser 1,85 vezes maior em crianças do que em adultos.

Estudo revela perigos ocultos nos fogões domésticos

De acordo com os dados coletados em 87 residências americanas, em ambientes com pouca ventilação e fogões de alta emissão, as crianças apresentaram um risco de câncer entre 1,92 e 12,03 casos por milhão, enquanto os adultos mostraram índices de 0,94 a 5,89 casos por milhão.

Por que as crianças são mais vulneráveis?

Vários fatores explicam a maior suscetibilidade das crianças a esses poluentes. Seus corpos em desenvolvimento têm sistemas respiratório e imunológico menos preparados para lidar com toxinas.

Além disso, as crianças respiram mais rápido e, proporcionalmente ao seu tamanho, inalam mais ar contaminado do que os adultos. O tempo de exposição também é maior, já que passam mais horas dentro de casa. Estes dados acendem um alerta grave.

O caminho invisível do benzeno pela casa

O estudo demonstrou que o benzeno não fica confinado à cozinha. Essa substância perigosa se espalha pela residência, atingindo até os quartos onde as crianças dormem e brincam. Em apartamentos e casas menores, esse efeito é ainda mais pronunciado, criando um ambiente de risco constante para os pequenos moradores.

Como proteger sua família dos riscos dos fogões a gás

Embora os resultados do estudo sejam alarmantes, existem diversas medidas práticas que as famílias podem adotar para reduzir significativamente a exposição ao benzeno e outros poluentes.

A ventilação adequada é a primeira linha de defesa – sempre que usar o fogão a gás, mantenha pelo menos uma janela aberta na cozinha. Se possível, instale e utilize um exaustor que ventile para o exterior da casa, não apenas um filtro que recircula o ar.

Para quem cozinha frequentemente, vale investir em um purificador de ar com filtro HEPA para a cozinha, que pode ajudar a capturar partículas poluentes.

Outra estratégia eficaz é limitar o tempo de uso do fogão – prefira panelas de pressão para cozimentos demorados e considere usar eletrodomésticos alternativos como chaleiras elétricas, fornos elétricos portáteis ou panelas elétricas quando possível.

A solução mais eficaz a longo prazo é a substituição gradual do fogão a gás por modelos de indução. Embora represente um investimento inicial maior, a indução oferece vantagens significativas: além de eliminar a emissão de poluentes, é mais segura (não há chama aberta), mais eficiente energeticemente e mais fácil de limpar.

Muitas concessionárias de energia oferecem programas de desconto para a troca de fogões a gás por elétricos.

A qualidade do ar interno: um desafio contemporâneo

A pandemia acelerou uma tendência que já vinha crescendo: passamos cada vez mais tempo dentro de casa. Com o trabalho remoto, ensino à distância e a popularização do entretenimento doméstico, muitas famílias agora passam mais de 90% do seu tempo em ambientes fechados.

Essa mudança de hábitos trouxe à tona uma preocupação antes negligenciada: a qualidade do ar que respiramos dentro de nossas próprias casas.

Os fogões a gás são apenas uma das várias fontes de poluição interna. Produtos de limpeza, materiais de construção, móveis e até mesmo impressoras podem liberar compostos voláteis prejudiciais à saúde.

O desafio é particularmente grave em áreas urbanas, onde as pessoas tendem a manter janelas fechadas por segurança ou para evitar a poluição externa, criando uma “armadilha” de ar contaminado.

Este estudo sobre fogões a gás serve como um alerta mais amplo sobre a necessidade de repensarmos nossos espaços domésticos.

Medidas simples como ventilação cruzada, plantas que purificam o ar, controle de umidade e escolha consciente de materiais e produtos podem transformar nossas casas em ambientes verdadeiramente saudáveis.

À medida que o conceito de “saúde domiciliar” ganha importância, talvez seja hora de incluirmos a qualidade do ar interno em nosso check-up regular de saúde familiar.

A comunidade científica continua investigando os efeitos da poluição interna na saúde humana, com foco especial em crianças, idosos e pessoas com condições respiratórias pré-existentes. Novas pesquisas prometem trazer mais informações sobre como proteger melhor nossas famílias desses riscos domésticos.

Leia mais: Pobreza pode reduzir a expectativa de vida em mais de 30 anos, alerta OMS

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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