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Tratamento para hipertensão pode reduzir risco de demência de acordo com estudo
Um recente estudo internacional revelou uma conexão importante entre o tratamento da hipertensão e a prevenção de demência em idosos.
A pesquisa, que incluiu dados de 34.519 participantes de 15 países, analisou o impacto da medicação para hipertensão sobre o risco de desenvolver demência, mostrando resultados promissores para a saúde pública global.
Este estudo contou com a participação de pesquisadores brasileiros e reforça o papel dos programas de saúde, como o Hiperdia do SUS, na promoção de uma melhor qualidade de vida na terceira idade.
O Estudo: Como a Hipertensão Afeta o Risco de Demência?
Pesquisadores do grupo Cohort Studies of Memory in an International Consortium (Cosmic) realizaram uma análise de 17 estudos populacionais para entender melhor como a pressão alta interfere no risco de demência.
De acordo com o estudo, idosos que tratam a hipertensão com medicamentos possuem menor probabilidade de desenvolver demência em comparação com aqueles que deixam a condição sem tratamento.
Esses resultados foram publicados na revista científica Neurology e destacam o tratamento para hipertensão como um importante fator de proteção cognitiva.
O Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, que também colaborou com a pesquisa, utilizou dados do São Paulo Ageing & Health Study (SPAH).
Este estudo, realizado com pessoas acima de 65 anos, revelou que 26,3% dos pacientes hipertensos não recebiam tratamento adequado.
Os especialistas apontam para a importância de programas como o Hiperdia, do Sistema Único de Saúde (SUS), que oferece acompanhamento para pacientes com hipertensão e diabetes, ajudando a prevenir comorbidades graves, incluindo a demência.
A Multimorbidade e os Riscos da Pressão Alta
A pesquisadora Marcia Scazufca, do IPq e uma das autoras do estudo, enfatizou que a multimorbidade — presença de várias doenças crônicas simultaneamente — é cada vez mais comum, especialmente entre os idosos.
“A hipertensão arterial sistêmica, além de ser a doença crônica mais comum em adultos e idosos, é o fator de risco modificável mais importante para outras condições, como distúrbios cardiovasculares e demência”, destacou.
O estudo apontou que doenças crônicas como hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares aumentam o risco de demência ao longo dos anos. Esse risco é ainda maior para pessoas que não controlam a pressão alta, ressaltando a importância de tratamentos regulares e acompanhamento médico.
A prevenção da hipertensão pode, portanto, desempenhar um papel crucial na redução do número de casos de demência, melhorando a qualidade de vida de milhares de idosos no Brasil e ao redor do mundo.
A Importância do Programa Hiperdia
No Brasil, o Hiperdia — programa de acompanhamento para pacientes com hipertensão e diabetes, criado pelo SUS — é citado pelos pesquisadores como um importante recurso para combater a multimorbidade.
O programa fornece suporte aos pacientes para o controle de suas condições crônicas e tem impacto positivo na conscientização sobre a prevenção de doenças cognitivas. “A prevenção começa na base”, afirmam os pesquisadores, ao explicar que o controle da pressão alta é o primeiro passo para a prevenção de comorbidades graves.
Os dados ressaltam que a abordagem da hipertensão no Brasil e em outros países é essencial não só para a prevenção de complicações cardiovasculares, mas também para reduzir a prevalência de demência.
A análise realizada pelo grupo Cosmic mostrou que, ao acompanhar e tratar pacientes com hipertensão, há uma diminuição significativa nos riscos de desenvolvimento de demência.
Medidas Preventivas para uma Velhice Saudável
A relação entre hipertensão e demência traz uma mensagem importante para a saúde pública: cuidar da pressão arterial é essencial não apenas para o coração, mas também para a saúde do cérebro.
Programas como o Hiperdia no Brasil e esforços similares ao redor do mundo ajudam a educar a população sobre a importância de controlar a pressão alta e o impacto disso na redução dos riscos de demência.
O estudo reforça a necessidade de mais políticas e programas de saúde voltados para a terceira idade, com o objetivo de combater a multimorbidade e oferecer mais suporte à saúde mental e física dos idosos.
Fonte: Jornal da USP