Pesquisa revela as mudanças no cérebro durante a gravidez

Um estudo inovador realizado por pesquisadores da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB) analisou pela primeira vez as alterações estruturais no cérebro de mulheres durante a gravidez utilizando técnicas de neuroimagem.

Os cientistas observaram mudanças significativas no volume da matéria cinzenta, especialmente em áreas ligadas à cognição social, que são essenciais para a adaptação à maternidade.

Essa pesquisa, que também incluiu parceiros de gestantes para distinguir os fatores biológicos dos emocionais, revelou que essas mudanças podem impactar o comportamento e a relação da mãe com o bebê.

Com base em imagens de ressonância magnética, o estudo acompanhou mais de 100 mulheres em sua primeira experiência de maternidade, trazendo informações importantes sobre como o corpo e a mente se preparam para o papel de mãe.

Entenda, aqui no SaúdeLAB, os dados que foram descobertos.

O que acontece no cérebro durante a gravidez?

Durante a gravidez, o corpo da mulher passa por inúmeras transformações físicas e hormonais. No entanto, uma das descobertas mais surpreendentes é que o cérebro também sofre mudanças significativas.

Segundo o estudo liderado pela UAB, há uma redução de até 5% no volume da matéria cinzenta em regiões específicas do cérebro, particularmente aquelas associadas à cognição social. Essas áreas são responsáveis por habilidades como empatia e a capacidade de interpretar emoções e intenções de outras pessoas.

Essas mudanças parecem ser uma preparação do corpo para os desafios da maternidade. Elas ajudam as mães a desenvolverem um vínculo mais forte com o bebê e a entenderem melhor suas necessidades.

O estudo também mostrou que essas alterações são parcialmente reversíveis após o parto, sugerindo que o cérebro retorna, em parte, ao seu estado anterior com o tempo.

A importância das mudanças cerebrais para a maternidade

As mudanças no cérebro durante a gravidez não são apenas ajustes temporários; elas desempenham um papel crucial na adaptação ao novo papel de mãe. Ao reduzir o volume de matéria cinzenta em áreas específicas, o cérebro parece otimizar suas funções para fortalecer o vínculo entre mãe e filho.

Essa adaptação pode ajudar as mulheres a compreender melhor os sinais e comportamentos do bebê, facilitando o cuidado e a proteção.

Além disso, essas alterações podem explicar o aumento da sensibilidade emocional e a capacidade de priorizar o bem-estar do bebê em relação a outras tarefas.

Embora essas mudanças sejam naturais, entender o que acontece no cérebro durante a gravidez ajuda a desmistificar muitos aspectos do comportamento das mães e a valorizar a complexidade desse período.

Como o estudo foi conduzido?

Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores utilizaram imagens de ressonância magnética em uma coorte de mais de 100 mulheres que estavam tentando engravidar pela primeira vez.

O estudo também incluiu parceiros dessas mulheres, que foram analisados como grupo de controle para diferenciar os efeitos biológicos das influências emocionais da experiência de se tornar pai ou mãe.

Os dados coletados permitiram aos cientistas observar mudanças cerebrais ao longo do tempo, desde o início da gravidez até o período pós-parto.

Essa abordagem longitudinal foi essencial para identificar que a redução da matéria cinzenta ocorre em até 94% do volume total do cérebro, mas é seguida por uma recuperação parcial após o nascimento do bebê.

A relevância dessa pesquisa para a saúde das mães

Os resultados desse estudo trazem luz a um aspecto pouco explorado da gravidez: as mudanças neurológicas. Compreender como o cérebro se adapta pode ajudar profissionais de saúde a oferecerem suporte mais direcionado às mães, tanto durante a gravidez quanto no período pós-parto.

Além disso, esses achados podem ajudar a combater o estigma relacionado às alterações emocionais e cognitivas que muitas mulheres enfrentam durante a maternidade.

Saber que essas mudanças são naturais e fazem parte de um processo biológico pode reduzir a pressão sobre as mães e melhorar o entendimento da sociedade sobre a complexidade da maternidade.

A gravidez não é apenas um processo de transformação física, mas também uma verdadeira revolução no cérebro da mulher. As mudanças na matéria cinzenta, descritas neste estudo, demonstram como o corpo se prepara para os desafios da maternidade, fortalecendo o vínculo entre mãe e filho.

Com mais pesquisas como essa, espera-se que o apoio às gestantes e novas mães se torne ainda mais eficaz e embasado em evidências científicas.

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Fonte: News Medical

Estudo: Servin-Barthet, C., et al. (2025) Pregnancy entails a U-shaped trajectory in human brain structure linked to hormones and maternal attachment. Nature Communicationsdoi.org/10.1038/s41467-025-55830-0.

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Redação SaúdeLab
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