O que é carne processada e como ela pode aumentar o risco de demência, segundo estudo recente

Você sabe o que é carne processada e como ela pode impactar a sua saúde? Esse tipo de alimento, frequentemente presente no dia a dia de muitas pessoas, foi o foco de um estudo publicado na revista científica Neurology.

A pesquisa revelou que o consumo regular de carne processada, como bacon, salsichas e mortadela, pode aumentar o risco de demência e acelerar o declínio cognitivo.

Vamos entender, aqui no SaúdeLAB, o que foi descoberto, quais são os mecanismos por trás dessa relação e, claro, como você pode fazer escolhas alimentares mais saudáveis para proteger seu cérebro.

O que é carne processada?

Antes de entender os detalhes do estudo, é importante saber o que é carne processada, pois isso é fundamental para compreender seus impactos na saúde.

Esse tipo de carne passa por processos que alteram sua composição original, seja para melhorar o sabor, aumentar a durabilidade ou modificar a textura.

Esses métodos podem ser industriais ou caseiros e incluem práticas como:

  • Defumação: Processo que expõe a carne à fumaça para preservar e dar sabor.
  • Salga: Adição de grandes quantidades de sal para conservar a carne.
  • Cura: Uso de compostos químicos, como nitratos e nitritos, que ajudam a manter a cor e prolongar a vida útil do alimento.
  • Adição de conservantes: Substâncias químicas são incluídas para evitar que a carne estrague rapidamente.

Exemplos comuns de carne processada incluem alimentos como bacon, salsichas, linguiças, presunto, mortadela e carne enlatada.

Esses alimentos geralmente contêm altos níveis de sal, gorduras saturadas e aditivos químicos.

Quando consumidos em excesso, podem trazer sérios riscos à saúde, incluindo problemas cardiovasculares, hipertensão e, como apontado pelo estudo, um maior risco de demência.

Outro detalhe importante é que, ao contrário da carne fresca, a carne processada muitas vezes contém ingredientes adicionais que não fazem parte da carne em si, como amidos, açúcares, realçadores de sabor e corantes artificiais.

Esses aditivos tornam o alimento mais atraente, mas podem aumentar ainda mais seu potencial nocivo.

Em resumo, entender o que é carne processada vai além de um simples método de conservação: trata-se de um conjunto de práticas que altera a composição natural do alimento, o que pode impactar a saúde quando consumido com frequência.

É por isso que especialistas recomendam substituí-la por fontes de proteína mais saudáveis, como peixes, frango e leguminosas.

O estudo: o que foi descoberto?

O estudo analisou dados de mais de 133 mil participantes ao longo de até 43 anos.

Esse é um dos trabalhos mais completos sobre a relação entre consumo de carne processada e saúde cognitiva.

Os principais achados foram:

  • Consumir mais de um quarto de porção diária de carne processada (aproximadamente duas porções semanais) aumenta o risco de demência em 13% quando comparado ao consumo ocasional (três vezes ao mês).
  • Em participantes que substituíram a carne processada por alimentos mais saudáveis, como peixes, nozes, leguminosas ou frango, o risco de demência diminuiu em até 28%, dependendo da escolha alimentar.
  • A carne vermelha não processada, como bifes e hambúrgueres caseiros, não apresentou uma relação significativa com o risco de demência.

Como foi realizado o estudo?

Os pesquisadores usaram dados de dois grandes estudos realizados nos Estados Unidos: o NHS (Nurses’ Health Study) e o HPFS (Health Professionals Follow-up Study).

Esses estudos acompanharam os participantes por várias décadas, coletando informações sobre dieta, estilo de vida e saúde.

Para analisar a relação entre carne processada e demência, os cientistas excluíram do estudo pessoas que já tinham doenças graves, como demência, Parkinson, câncer ou derrame, no início da pesquisa. Isso ajudou a garantir que os resultados fossem mais precisos.

Os diagnósticos de demência foram registrados com base em autodeclarações dos participantes, laudos médicos e registros de óbito.

Para avaliar a dieta, os pesquisadores usaram questionários detalhados que mediam a frequência e a quantidade de consumo de diferentes alimentos, incluindo a carne processada.

Por que a carne processada é prejudicial?

Os pesquisadores destacaram diversos mecanismos que explicam os efeitos negativos da carne processada sobre o cérebro. Entre eles:

  • Altos níveis de gorduras saturadas: Elas contribuem para problemas cardiovasculares, como hipertensão e diabetes tipo 2, que estão associados a um maior risco de demência.
  • Excesso de sal: Pode aumentar a pressão arterial, reduzindo o fluxo sanguíneo para o cérebro e acelerando o declínio cognitivo.
  • N-óxido de trimetilamina (TMAO): Essa substância é produzida durante a digestão da carne e pode favorecer o acúmulo de proteínas tóxicas no cérebro, como a beta-amiloide e a tau, que estão associadas ao Alzheimer.

Esses fatores combinados tornam o consumo excessivo de carne processada um risco importante para a saúde cerebral a longo prazo.

Outros achados do estudo

Além de demonstrar os riscos do consumo de carne processada, o estudo trouxe dados importantes sobre outros fatores associados à demência:

Declínio cognitivo subjetivo: Os participantes que consumiam mais carne processada relataram maior percepção de problemas relacionados à memória e à atenção.

Impacto do genótipo APOE4: Pessoas com uma predisposição genética específica, chamada variante APOE4, tinham um risco significativamente maior de desenvolver demência.

Aqueles que carregam essa variante genética apresentaram até quatro vezes mais chances de desenvolver a doença ao longo da vida, em comparação com aqueles que não possuem essa predisposição genética.

Outro dado interessante é que, para cada porção adicional de carne processada consumida por dia, houve um envelhecimento acelerado da cognição global e da memória verbal em até 1,7 anos.

Como proteger o cérebro com a alimentação?

Embora o estudo aponte os riscos da carne processada, ele também oferece um caminho claro para escolhas mais saudáveis.

Substituir alimentos prejudiciais por opções nutritivas é uma maneira eficaz de reduzir os riscos e promover a saúde cerebral.

Alimentos recomendados:

  • Peixes ricos em ômega-3: Sardinha, salmão e atum são aliados do cérebro.
  • Oleaginosas e sementes: Nozes, castanhas e chia ajudam a combater inflamações.
  • Frutas e vegetais: Ricos em antioxidantes, que protegem as células cerebrais.
  • Leguminosas e grãos integrais: Fontes de energia de liberação lenta e fibras.

Além disso, evite alimentos ultraprocessados e priorize uma dieta baseada em alimentos naturais.

Uma escolha que faz a diferença

Saber o que é carne processada e entender os impactos de seu consumo pode ser um divisor de águas para muitas pessoas.

Pequenas mudanças no dia a dia, como reduzir o consumo de carnes processadas e optar por alimentos mais saudáveis, podem ter grandes impactos na saúde a longo prazo.

Lembre-se: cuidar do que você coloca no prato é cuidar do futuro do seu cérebro.

Leia também:Dietas à base de plantas podem reduzir o risco de câncer, aponta pesquisa

Fonte: Medscape

Compartilhe seu amor
Redação SaúdeLab
Redação SaúdeLab

SaúdeLAB é um site de notícias e conteúdo sobre saúde e bem-estar que conta com profissionais de saúde que revisam todos os conteúdos.

Artigos: 161
plugins premium WordPress