Você é uma pessoa noturna? O alerta que você não pode ignorar

Você é daquelas pessoas noturnas que só rendem depois que o sol se põe? Se a resposta for sim, é importante ficar atento aos impactos que esse hábito pode ter na sua saúde mental.

Um estudo publicado ontem (19) na revista científica PLOS One, revelou que quem prefere ficar acordado até tarde pode ter um risco maior de desenvolver depressão.

A pesquisa, liderada por Simon Evans, da Universidade de Surrey, no Reino Unido, aponta que fatores como a qualidade do sono, o consumo de álcool e a falta de atenção plena podem explicar essa relação.

Mas por que isso acontece? E o que pode ser feito para reduzir os riscos?

Essas perguntas são importantes para entender como os hábitos noturnos podem influenciar a saúde mental e quais medidas práticas podem ser adotadas para minimizar os impactos negativos.

Por que as pessoas noturnas têm maior risco de depressão?

O estudo analisou dados de 546 estudantes universitários, coletados por meio de questionários online.

Os participantes forneceram informações sobre seus padrões de sono, níveis de atenção plena, tendência a “ruminar” pensamentos (ou seja, ficar remoendo preocupações), consumo de álcool e sintomas de depressão e ansiedade.

Os resultados mostraram que os chamados “cronótipos noturnos” — aqueles que preferem ficar acordados até tarde — apresentaram maior risco de depressão em comparação com os “cronótipos matutinos”, que acordam cedo e têm mais energia durante o dia.

A pesquisa identificou três fatores principais que ajudam a explicar essa associação:

• Qualidade do sono: As pessoas noturnas tendem a dormir pior. Muitas vezes, elas têm dificuldade para adormecer cedo e acabam acumulando menos horas de sono ou dormindo em horários irregulares. A falta de um sono reparador pode afetar o humor, a energia e a capacidade de lidar com o estresse, aumentando o risco de depressão.
• Consumo de álcool: O estudo também mostrou que os notívagos consomem mais álcool do que os madrugadores. O álcool, embora possa parecer relaxante em um primeiro momento, interfere na qualidade do sono e pode agravar sintomas de ansiedade e depressão a longo prazo.
• Falta de atenção plena: A atenção plena, ou mindfulness, é a capacidade de estar presente no momento, sem se deixar levar por preocupações excessivas. Segundo a pesquisa, as pessoas noturnas tendem a praticar menos atenção plena, o que pode levar a uma maior tendência a ruminar pensamentos negativos — um fator conhecido por contribuir para a depressão.

Hábitos noturnos e saúde mental: um círculo vicioso

Para muitas pessoas noturnas, o período da noite é o momento de maior produtividade ou relaxamento.

No entanto, esse hábito pode criar um círculo vicioso que prejudica a saúde mental.

Por exemplo, ficar acordado até tarde pode levar a noites mal dormidas, o que, por sua vez, afeta o humor e a disposição no dia seguinte.

Além disso, a falta de sono pode aumentar a vontade de consumir álcool ou outros estimulantes, como café, para “compensar” o cansaço, o que só piora a situação.

Outro ponto importante é que a vida noturna muitas vezes acontece em ambientes com menos exposição à luz natural.

A luz do sol é essencial para regular o nosso relógio biológico, conhecido como ritmo circadiano.

Quando esse ritmo é desregulado, pode afetar não só o sono, mas também a produção de hormônios como a melatonina e a serotonina, que estão diretamente ligados ao humor e ao bem-estar.

O que pode ser feito para reduzir os riscos?

A boa notícia é que, mesmo sendo uma das pessoas noturnas, é possível adotar medidas para melhorar a qualidade do sono e, consequentemente, reduzir o risco de depressão.

Aqui estão algumas dicas práticas:

• Estabeleça uma rotina de sono: Tente ir para a cama e acordar no mesmo horário todos os dias, mesmo nos fins de semana. Isso ajuda a regular o relógio biológico e melhora a qualidade do sono.
• Reduza o consumo de álcool: Se você costuma beber à noite, experimente diminuir a quantidade ou evitar o álcool algumas horas antes de dormir. Isso pode ajudar a ter um sono mais reparador.
• Pratique atenção plena: Reserve alguns minutos do dia para meditar ou simplesmente focar no momento presente. A atenção plena pode ajudar a reduzir a ruminação de pensamentos negativos e melhorar o bem-estar emocional.
• Exponha-se à luz natural: Durante o dia, tente passar algum tempo ao ar livre ou em ambientes bem iluminados. A luz natural ajuda a regular o ritmo circadiano e pode melhorar o humor.
• Crie um ambiente propício para o sono: Mantenha o quarto escuro, silencioso e com uma temperatura agradável. Evite usar celular ou computador antes de dormir, pois a luz azul das telas pode interferir na produção de melatonina.

A importância de cuidar da saúde mental

Os resultados desse estudo são especialmente relevantes para jovens adultos, um grupo que costuma enfrentar altos níveis de estresse e problemas de saúde mental.

Muitos jovens são naturalmente inclinados a ser pessoas noturnas, seja por causa da rotina de estudos, trabalho ou vida social.
No entanto, é essencial encontrar um equilíbrio entre os hábitos noturnos e a necessidade de cuidar da saúde física e mental.

Intervenções focadas em melhorar a qualidade do sono, reduzir o consumo de álcool e promover a atenção plena podem ser ferramentas poderosas para prevenir a depressão.

Além disso, é importante buscar ajuda profissional se você perceber que os sintomas de ansiedade ou depressão estão afetando sua qualidade de vida.

Reflexões sobre o estilo de vida noturno

Ser uma das pessoas noturnas não precisa ser um problema, desde que você esteja ciente dos possíveis impactos na saúde e tome medidas para minimizá-los.

A chave está em encontrar um equilíbrio que permita aproveitar as vantagens da noite — como a tranquilidade e a criatividade — sem descuidar do sono e do bem-estar emocional.

Se você se identifica com esse perfil, experimente incorporar pequenas mudanças na sua rotina.

Com o tempo, esses ajustes podem fazer uma grande diferença na sua saúde mental e na sua qualidade de vida. Afinal, a noite pode ser uma aliada, desde que você saiba como usá-la a seu favor.

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