Book Appointment Now

Se a sua relação cintura-altura for maior que este valor, atenção para o risco cardíaco (mesmo sem sintomas)
Estudo mostra que a relação cintura-altura pode ser um sinal precoce de risco para insuficiência cardíaca, mesmo sem sintomas aparentes
A relação cintura-altura é muito mais do que uma simples medida. Ela pode revelar riscos invisíveis para o seu coração.
Comparar a circunferência da cintura com a altura é uma forma prática de identificar se você está mais propenso a desenvolver insuficiência cardíaca, condição grave em que o coração perde capacidade de bombear sangue adequadamente.
De acordo com um estudo apresentado no Heart Failure 2025, da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC), essa medida foi mais eficaz que o IMC para prever o problema, pois reflete melhor o acúmulo de gordura visceral, tipo perigoso de gordura que envolve órgãos internos.
Com o avanço da obesidade no mundo, métodos simples como esse são essenciais para detectar riscos antes mesmo dos sintomas surgirem.
Por que a relação cintura-altura é tão importante?
Durante muitos anos, o índice de massa corporal (IMC) foi a principal ferramenta usada por médicos e especialistas para avaliar se uma pessoa está com sobrepeso ou obesidade.
No entanto, o IMC tem limitações importantes.
Ele não distingue massa muscular de gordura e, principalmente, não mostra onde essa gordura está localizada no corpo.
Segundo a pesquisadora Dra. Amra Jujic, da Universidade de Lund, na Suécia, o IMC pode ser influenciado por fatores como sexo e etnia, e não leva em consideração a distribuição da gordura, o que faz diferença na hora de avaliar o risco para doenças cardíacas.
Já a relação cintura-altura, ou RCE, leva em conta o acúmulo de gordura abdominal, também chamada de gordura visceral.
Essa gordura fica ao redor dos órgãos internos e tem ligação direta com o aumento de riscos cardiometabólicos, como hipertensão, diabetes tipo 2 e doenças cardíacas.
Como a relação cintura-altura foi avaliada ao longo do estudo
Os pesquisadores analisaram dados de 1.792 pessoas que participaram de um projeto de saúde na cidade de Malmö, na Suécia.
Os participantes tinham entre 45 e 73 anos no início da pesquisa e foram acompanhados por um período médio de 12,6 anos.
A amostra incluiu pessoas com diferentes condições de saúde:
- Um terço tinha níveis normais de glicose no sangue;
- Outro terço apresentava glicemia alterada, mas ainda não eram considerados diabéticos;
- O restante já tinha diagnóstico de diabetes.
A ideia dos pesquisadores era observar como a relação cintura-altura se comportava em pessoas com perfis de saúde distintos, e se essa medida simples poderia prever quem teria maior risco de desenvolver insuficiência cardíaca.
Durante o período de acompanhamento, 132 pessoas desenvolveram insuficiência cardíaca.
E os resultados chamaram a atenção: quanto maior a RCE, maior o risco de desenvolver a condição.
Os números não mentem
A mediana da relação cintura-altura entre os participantes foi de 0,57, bem acima do limite considerado ideal para a saúde cardiovascular, que é 0,5.
Ou seja: o ideal é que sua cintura tenha menos da metade da sua altura.
Para se ter uma ideia, quem estava no grupo com os maiores valores de RCE (com mediana de 0,65) teve um risco 2,7 vezes maior de desenvolver insuficiência cardíaca do que aqueles com valores mais baixos.
Esses dados foram confirmados mesmo após o ajuste de outros fatores que poderiam interferir nos resultados, como idade, sexo, pressão arterial e níveis de glicose.
Leitura Recomenda: Estudo revela: inclua esses alimentos ricos em flavonoides e mantenha a saúde na terceira idade
Relação cintura-altura: medida simples, impacto grande
O que torna a relação cintura-altura tão interessante é a sua simplicidade.
Não é preciso nenhum exame sofisticado para obtê-la. Basta medir a cintura (logo acima do umbigo) e dividir esse valor pela sua altura (em centímetros).
Veja um exemplo:
- Altura: 1.70 cm
- Cintura: 85 cm
- Relação cintura-altura: 85 ÷ 170 = 0,5 → valor considerado ideal.
Se o resultado passar de 0,5, acende-se o alerta para possíveis riscos à saúde cardiovascular.
De acordo com os pesquisadores, a RCE pode ajudar os médicos a identificar com mais precisão quais pacientes precisam de tratamento para obesidade, especialmente aqueles com maior risco de problemas no coração.
O que a ciência já sabia sobre gordura abdominal
Diversos estudos anteriores já demonstraram que a gordura localizada na região abdominal é mais perigosa do que aquela acumulada em outras partes do corpo.
Ela libera substâncias inflamatórias que afetam o funcionamento do coração e de outros órgãos vitais.
Esse tipo de gordura está associado a:
- Aumento da resistência à insulina;
- Maior risco de diabetes tipo 2;
- Hipertensão arterial;
- Maior probabilidade de infarto e AVC;
- Desregulação de hormônios que controlam o apetite e o metabolismo.
Com a relação cintura-altura, fica mais fácil monitorar esse risco de forma prática no dia a dia, mesmo fora do ambiente clínico.
RCE x IMC: qual escolher?
Embora o IMC continue sendo usado como padrão em muitas situações, cada vez mais estudos apontam que ele pode ser insuficiente para avaliar riscos reais à saúde.
Pessoas com o mesmo IMC podem ter níveis muito diferentes de gordura abdominal, e, por consequência, riscos distintos de desenvolver doenças graves.
Por isso, especialistas estão defendendo que a relação cintura-altura seja usada como uma ferramenta complementar, ou até mesmo substituta, especialmente em contextos relacionados a doenças do coração e do metabolismo.
O que você pode fazer hoje
Se você quiser começar a cuidar melhor da sua saúde cardiovascular, experimente medir a sua relação cintura-altura em casa.
É um passo simples, rápido e que pode dar pistas valiosas sobre como está o seu corpo por dentro.
E lembre-se: mesmo pequenas reduções na circunferência da cintura (por meio de alimentação saudável, atividade física regular e redução do consumo de álcool) já podem fazer grande diferença nos seus níveis de risco.
Enquanto a ciência segue investigando novas formas de prevenção, vale reforçar que a melhor forma de proteger seu coração é adotando hábitos saudáveis, mantendo o peso sob controle e fazendo check-ups regulares com seu médico.
Leitura Recomendada: Usar o celular no banheiro aumenta o risco de hemorroidas, revela estudo