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12 remédios comuns que dão sono (e você talvez nem desconfie)
Você já tomou um remédio simples de farmácia e, pouco tempo depois, sentiu um sono inexplicável?
Pois saiba que isso é mais comum do que parece. Mesmo medicamentos considerados “leves” ou vendidos sem prescrição podem causar sonolência como efeito colateral e o motivo está na forma como eles atuam no sistema nervoso.
Muita gente não imagina que existem remédios comuns que dão sono mesmo sem serem controlados, apenas por atuarem em áreas do cérebro ligadas à vigília.
O resultado? Aquela sensação de moleza, lentidão e vontade de deitar (mesmo quando o remédio não é “para dormir”).
A seguir, o SaúdeLab explica por que isso acontece, quais são os medicamentos mais comuns que causam sono e quando é preciso ter cuidado.
Por que alguns medicamentos causam sono?
O sono provocado por certos remédios é, na verdade, uma resposta do sistema nervoso.
Alguns princípios ativos atravessam a barreira hematoencefálica e interferem em neurotransmissores como:
- Histamina: responsável por manter o estado de alerta; ao bloqueá-la, ocorre sedação.
- Dopamina: relacionada à motivação e atenção; bloqueá-la reduz o estímulo cerebral.
- GABA (ácido gama-aminobutírico): neurotransmissor inibitório que acalma a atividade cerebral.
Esses mecanismos são úteis em alguns tratamentos (como náuseas ou alergias), mas o efeito colateral é a sonolência.
A intensidade varia de pessoa para pessoa e depende da dose, do metabolismo e até da combinação com outros medicamentos.
Entre os remédios comuns que dão sono, os antialérgicos e relaxantes musculares estão entre os mais conhecidos, justamente pelo efeito calmante que provocam.
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12 remédios de farmácia que podem causar sono
A lista a seguir reúne os principais medicamentos comuns, não controlados, que podem causar sonolência. Todos são de venda livre ou com retenção simples de receita, e amplamente usados no dia a dia.
1. Loratadina (Claritin®, Loratamed®)
- Uso: antialérgico
- Efeito de sono: leve
Embora seja um anti-histamínico de segunda geração (teoricamente não sedativo), em algumas pessoas a loratadina ainda causa leve sonolência. Isso ocorre porque uma pequena parte da substância pode atingir o sistema nervoso central.
Curiosidade: estudos mostram que cerca de 8% dos usuários relatam sonolência leve após o uso contínuo de loratadina.
2. Dexclorfeniramina (Polaramine®, Histamin®)
- Uso: alergias e rinite
- Efeito de sono: moderado a intenso
É um dos anti-histamínicos clássicos da primeira geração, conhecidos pelo forte efeito sedativo. Ao bloquear a histamina no cérebro, reduz o estado de alerta. Por isso, muitas pessoas preferem tomá-lo à noite.
3. Dimenidrinato (Dramin®, Nausicalm®)
- Uso: enjoo, vertigem e náusea
- Efeito de sono: forte
Esse é um dos campeões de sonolência. Além de atuar nos receptores vestibulares (para equilibrar o corpo), ele inibe a histamina e deprime o sistema nervoso central.
O resultado é um sono profundo em muitas pessoas (motivo pelo qual não deve ser usado antes de dirigir ou trabalhar).
4. Difenidramina (Benadryl®, Soniflex®)
- Uso: alergias e insônia leve
- Efeito de sono: forte
A difenidramina é um dos poucos remédios de farmácia que, embora seja antialérgico, também aparece em produtos para induzir o sono.
Ela age diretamente sobre receptores de histamina no cérebro e tem um efeito sedativo tão conhecido que é usada como componente de alguns medicamentos “noturnos”.
5. Prometazina (Fenergan®, Prometil®)
- Uso: antialérgico e antiemético
- Efeito de sono: muito forte
Talvez o mais sedativo da lista, a prometazina é um anti-histamínico potente que atravessa facilmente o sistema nervoso central.
Ela costuma causar forte sonolência e lentidão mental, especialmente nas primeiras horas após o uso.
Por isso, médicos recomendam tomá-la preferencialmente à noite.
Um estudo publicado no British Journal of Clinical Pharmacology destacou que a prometazina está entre os anti-histamínicos com maior potencial sedativo disponível sem prescrição em muitos países.
6. Bromoprida (Digesan®, Plamet®)
- Uso: enjoo e refluxo
- Efeito de sono: moderado
A bromoprida bloqueia receptores dopaminérgicos no cérebro, reduzindo náuseas, mas também pode diminuir o estado de alerta.
A sonolência é leve a moderada, mas perceptível, especialmente quando combinada a outros remédios.
7. Metoclopramida (Plasil®, Enoctil®)
- Uso: refluxo e náuseas
- Efeito de sono: moderado
Tem o mesmo mecanismo da bromoprida, mas com maior capacidade de atravessar o sistema nervoso central.
Por isso, pode causar fadiga, sonolência e lentidão de reflexos, sendo recomendado evitar atividades que exijam atenção após o uso.
8. Cinarizina (Stugeron®, Vertizine®)
- Uso: tontura, labirintite e enjoo
- Efeito de sono: forte
Além de reduzir o enjoo, a cinarizina tem efeito calmante sobre o sistema vestibular e atua como anti-histamínico.
O resultado é relaxamento e sonolência em boa parte dos usuários.
9. Meclizina (Bonadoxina®, Meclin®)
- Uso: labirintite e vertigem
- Efeito de sono: moderado a forte
Semelhante à cinarizina, a meclizina também bloqueia a histamina e tem ação no sistema vestibular.
Em pessoas mais sensíveis, causa sonolência intensa e pode reduzir a capacidade de concentração.
10. Paracetamol + anti-histamínicos (Benegrip®, Resfenol®, Tylenol Sinus®)
- Uso: sintomas de gripe e resfriado
- Efeito de sono: moderado a forte
Esses medicamentos combinados costumam conter maleato de clorfeniramina, um anti-histamínico sedativo.
É por isso que as versões “noturnas” dessas fórmulas são propositalmente mais calmantes — ajudam a dormir melhor durante a fase gripal.
11. Ciclobenzaprina (Miosan®, Cizax®, Musculare®)
- Uso: relaxante muscular
- Efeito de sono: muito forte
A ciclobenzaprina atua em neurotransmissores como serotonina e noradrenalina, reduzindo a tensão muscular e deprimindo levemente o sistema nervoso central.
O efeito sedativo é tão marcante que muitos médicos recomendam o uso apenas à noite.
Além do sono, pode causar tontura e sensação de “cabeça pesada”.
12. Passiflora incarnata (Pasalix®, Passiflorine®, Calman®)
- Uso: calmante fitoterápico
- Efeito de sono: leve a moderado
Derivada do maracujá, a Passiflora atua aumentando a ação do GABA, neurotransmissor responsável por relaxar o cérebro.
Embora natural, pode causar sonolência, especialmente quando associada a outros calmantes.
Os remédios comuns que dão sono geralmente têm em sua fórmula substâncias capazes de atravessar o sistema nervoso central e reduzir o estado de alerta.
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E a dipirona, dá sono?
A dipirona (Novalgina®, Magnopyrol®, Lisador®) é um dos remédios mais usados no Brasil, e muitas pessoas relatam sentir sono depois de tomá-la.
Mas, na prática, a dipirona não tem efeito sedativo direto, o que acontece é que, ao reduzir a dor e a febre, ela induz relaxamento e alívio físico, o que pode ser confundido com sono.
Em outras palavras: ela não atua sobre neurotransmissores ligados à vigília, mas o corpo cansado finalmente consegue descansar.
Ainda assim, algumas pessoas mais sensíveis podem sentir leve sonolência após o uso.
Saber reconhecer os remédios comuns que dão sono ajuda a evitar riscos, como dirigir ou trabalhar sob o efeito de sedação leve a moderada.
Quando o sono causado por remédios é perigoso?
A sonolência pode parecer um efeito leve, mas interfere diretamente na coordenação motora e nos reflexos.
Por isso, é fundamental evitar dirigir, operar máquinas ou realizar tarefas que exigem atenção após o uso de medicamentos com potencial sedativo.
Além disso, a combinação de remédios pode aumentar o risco de sedação intensa, especialmente quando envolve:
- Anti-histamínicos + analgésicos com codeína (controlados);
- Anti-histamínicos + relaxantes musculares;
- Remédios + álcool ou fitoterápicos calmantes.
Em alguns casos, a sonolência pode ser sinal de reação adversa importante, principalmente se vier acompanhada de confusão mental, fala arrastada ou queda de pressão.
Mesmo quando parecem inofensivos, alguns remédios comuns que dão sono podem interferir na concentração e na disposição ao longo do dia.
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Quando buscar orientação profissional
Procure orientação de um médico ou farmacêutico se:
- A sonolência for intensa ou persistente;
- O remédio estiver interferindo na rotina;
- Houver tontura, fraqueza ou sensação de desmaio;
- O medicamento for usado junto com outros de ação no sistema nervoso.
Mesmo os remédios vendidos sem receita precisam de uso responsável.
Cada organismo reage de forma diferente, e o profissional pode ajustar a dose ou recomendar o melhor horário de uso.
Dica do SaúdeLab
Se o medicamento que você usa costuma causar sono:
- Prefira tomá-lo à noite ou antes de dormir;
- Evite bebidas alcoólicas durante o tratamento;
- Não combine com outros calmantes (mesmo fitoterápicos) sem orientação;
E mantenha boa hidratação e alimentação leve, o que ajuda a reduzir a sensação de cansaço.
Sentir sono após tomar um remédio de farmácia não significa que algo está errado, mas é um efeito colateral que merece atenção.
Anti-histamínicos, antieméticos e relaxantes musculares são os principais responsáveis por essa sonolência, mesmo quando vendidos sem prescrição.
Saber quais medicamentos têm esse efeito ajuda a planejar melhor o horário de uso e evitar riscos, como dirigir ou trabalhar sob influência de substâncias sedativas.
E lembre-se:
Mesmo que pareçam simples, todo medicamento deve ser usado com orientação médica ou farmacêutica, principalmente quando há associação com outros produtos.
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