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Saúde Cardiovascular no Climatério e Menopausa: Recomendações Atualizadas
A saúde cardiovascular das mulheres durante o climatério e a menopausa é uma preocupação crescente, especialmente devido ao aumento do risco de doenças cardiovasculares nessa fase da vida.
Reconhecendo a importância de abordar esse tema, a Diretriz Brasileira sobre a Saúde Cardiovascular no Climatério e na Menopausa foi atualizada pela primeira vez em 13 anos.
Segundo a Dra. Gláucia Moraes, médica cardiologista e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a menopausa representa um “marcador exponencial de risco cardiovascular para as mulheres, equiparando-se ou até superando o risco observado nos homens”.
Essa nova diretriz foi elaborada com base em uma revisão sistemática de evidências contemporâneas, incluindo ensaios clínicos, revisões e meta-análises.
Entre as principais recomendações está o uso da terapia hormonal para mulheres climatéricas sintomáticas, desde que não haja contraindicações, além de alternativas e orientações para casos específicos.
Terapia Hormonal: Um Tratamento Personalizado
A terapia hormonal foi um dos principais destaques da atualização da diretriz. Seu uso é indicado para mulheres que apresentam sintomas do climatério, como ondas de calor e sudorese noturna, desde que não tenham contraindicações médicas.
A personalização do tratamento é essencial, com ajustes nas doses, formulações e vias de administração para atender às necessidades individuais.
Contudo, é importante salientar que a terapia hormonal não é recomendada para a prevenção de doenças cardiovasculares. A Dra. Gláucia enfatiza que o foco da indicação deve estar no alívio dos sintomas e na melhora da qualidade de vida da paciente.
Em situações em que a mulher apresenta hipertensão arterial sistêmica controlada ou sintomas vasomotores moderados a intensos, a terapia hormonal pode ser utilizada de forma segura, desde que monitorada por profissionais especializados.
Nos casos de comorbidades, como obesidade, diabetes, síndrome metabólica ou dislipidemia, a terapia estrogênica transdérmica é apontada como a melhor escolha, pois reduz os riscos associados a essas condições.
Contraindicações e Alternativas Terapêuticas
Embora eficaz para muitas mulheres, a terapia hormonal possui contraindicações específicas. Entre elas, estão neoplasias hormônio-dependentes, como câncer de mama e endométrio, além de histórico de doença coronariana, acidente vascular cerebral (AVC) e meningioma.
Outras contraindicações incluem sangramentos vaginais inexplicados, trombose venosa profunda, lúpus eritematoso sistêmico com risco elevado de trombose e doença hepática descompensada.
Para mulheres que não podem fazer uso da terapia hormonal, a diretriz sugere alternativas não hormonais, como os inibidores seletivos da recaptação de serotonina ou serotonina-norepinefrina, gabapentina e fezolinetante.
Além disso, técnicas complementares, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), podem ajudar a mulher a enfrentar os desafios dessa nova etapa, especialmente no que diz respeito à saúde emocional.
Segundo a Dra. Gláucia, é essencial que cada mulher seja avaliada de forma integral, considerando tanto os aspectos físicos quanto emocionais do climatério e da menopausa.
A Importância do Acompanhamento Médico
A diretriz reforça a necessidade de acompanhamento médico regular para mulheres no climatério e na menopausa. Esse período é marcado por mudanças hormonais significativas que impactam não apenas o sistema cardiovascular, mas também a saúde óssea, metabólica e mental.
Além da avaliação para uso ou não da terapia hormonal, o acompanhamento médico deve incluir orientações sobre estilo de vida saudável, com ênfase em alimentação equilibrada, prática regular de exercícios físicos e controle do peso. Esses cuidados ajudam a reduzir os riscos cardiovasculares e a melhorar a qualidade de vida de forma geral.
Outro ponto destacado é a importância da conscientização sobre a saúde cardiovascular feminina, uma vez que os sintomas de problemas cardíacos podem se manifestar de forma diferente nas mulheres em comparação aos homens, dificultando o diagnóstico precoce.
A atualização da Diretriz Brasileira sobre a Saúde Cardiovascular no Climatério e na Menopausa oferece recomendações valiosas para melhorar a qualidade de vida das mulheres nessa fase tão importante.
Com enfoque na personalização dos tratamentos e no uso criterioso da terapia hormonal, o documento ressalta a necessidade de um cuidado integrado, que considere tanto os riscos quanto os benefícios de cada abordagem terapêutica.
O acompanhamento médico regular e a adoção de hábitos saudáveis desempenham um papel fundamental na prevenção de doenças cardiovasculares e na promoção de bem-estar durante o climatério e a menopausa. Por isso, é essencial que mulheres e profissionais da saúde estejam atentos às particularidades dessa fase, garantindo uma abordagem eficaz e humanizada.
Fonte: Medscape
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