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Guia da saúde ocular infantil: o que todo pai e professor precisa saber (mas poucos realmente sabem)
Com o retorno às aulas e à rotina escolar, cresce a preocupação com a saúde ocular infantil.
Pensando nisso, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP) lançaram uma cartilha atualizada com orientações práticas e seguras para ajudar pais, responsáveis e educadores a proteger a visão das crianças desde os primeiros meses de vida.
O material, publicado ontem (04), reúne recomendações valiosas sobre os cuidados com doenças comuns como conjuntivite e terçol, o uso correto de óculos e lentes, a exposição a telas e até o uso de maquiagem infantil.
Além disso, alerta para sinais precoces de problemas visuais que podem impactar diretamente no desenvolvimento, no aprendizado e na qualidade de vida dos pequenos.
Por que a saúde ocular infantil merece atenção redobrada?
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1,4 milhão de crianças no mundo vivem com algum tipo de cegueira (a maioria em países em desenvolvimento).
O mais alarmante é que 80% desses casos poderiam ser evitados com diagnóstico precoce e cuidados adequados.
Além das doenças graves, problemas comuns como miopia, astigmatismo e hipermetropia (popularmente chamados de “grau nos óculos”) também afetam uma parcela significativa das crianças, podendo prejudicar a aprendizagem se não forem corrigidos a tempo.
Outro distúrbio preocupante é a ambliopia, conhecida como “olho preguiçoso”, que pode comprometer de forma permanente a visão se não tratada ainda na infância.
Desenvolvimento visual do bebê: o que observar nos primeiros meses
Um dos pontos mais importantes da cartilha está relacionado ao acompanhamento do desenvolvimento da visão desde o nascimento.
Os especialistas destacam alguns marcos visuais que devem ser observados pelos pais:
- 1 mês: o bebê fixa o olhar por alguns segundos.
- 2 meses: passa a fazer contato visual mais intenso e se interessa por rostos.
- 3 meses: acompanha objetos com os olhos.
- 6 meses: usa os dois olhos juntos e tenta pegar objetos.
- 9 meses: reconhece rostos familiares e reage a expressões.
Se a criança não estiver alcançando essas etapas, é essencial procurar um oftalmologista.
O diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença na evolução do quadro visual.
Sinais de alerta que não devem ser ignorados
A cartilha lista alguns sinais claros de que algo pode não estar bem com a saúde ocular infantil:
- Olhos desalinhados (estrabismo) após os 6 meses;
- Reflexo branco nas pupilas ao bater uma luz (sinal de leucocoria);
- Lacrimejamento constante, mesmo sem choro;
- Coceira frequente nos olhos;
- Vermelhidão persistente;
- Dificuldade para focar, dor de cabeça ou cansaço visual;
- Necessidade de se aproximar muito da TV ou do quadro na escola.
Qualquer um desses sinais deve ser investigado por um oftalmologista.
Quando e como realizar exames oftalmológicos em crianças
O cuidado com a saúde ocular infantil começa nos primeiros dias de vida.
Um dos exames mais importantes é o Teste do Reflexo Vermelho (TRV), que deve ser feito ainda nas primeiras 72 horas após o nascimento.
Esse teste é rápido e indolor: o médico projeta uma luz nos olhos do bebê para verificar se aparece um reflexo vermelho nas pupilas.
A ausência ou alteração nesse reflexo pode indicar problemas graves, como catarata congênita ou até tumores, exigindo investigação imediata.
O TRV deve ser repetido durante as consultas de rotina até os 3 anos de idade.
Além disso, o CBO e a SBOP recomendam exames oftalmológicos completos:
- Entre 6 e 12 meses de idade;
- Entre 3 e 5 anos, preferencialmente aos 3.
Se surgirem sinais como dor de cabeça, olhos vermelhos, lacrimejamento frequente ou baixo rendimento escolar, é fundamental procurar o oftalmologista mesmo fora dessas fases.
Quanto mais cedo o problema for identificado, maiores as chances de tratamento eficaz.
Doenças comuns e o que fazer em casa
Entre os quadros mais frequentes na infância estão:
Conjuntivite viral
Provoca vermelhidão, secreção e coceira nos olhos. A infecção é contagiosa, mas na maioria dos casos melhora sozinha. Compressas frias e higiene adequada ajudam a aliviar os sintomas.
Terçol (hordéolo)
É aquela bolinha dolorida que aparece na pálpebra por conta da obstrução de glândulas. O tratamento pode incluir compressas mornas e, em casos persistentes, consulta médica.
Obstrução do canal lacrimal
Comum em bebês, causa lacrimejamento constante. Em geral, melhora com massagens suaves no canto dos olhos, mas pode exigir intervenção médica se persistir.
Celulite periorbital
Trata-se de uma infecção mais grave ao redor dos olhos, geralmente causada por bactérias. Os sintomas incluem inchaço, dor, vermelhidão e, às vezes, febre. Exige atendimento médico imediato.
Telas e visão: como evitar o cansaço ocular em tempos digitais
O uso excessivo de telas já se tornou uma preocupação para especialistas em saúde ocular infantil.
Para minimizar os impactos negativos, as entidades orientam:
- Menores de 2 anos: nenhuma exposição a telas;
- 2 a 5 anos: até 1 hora por dia;
- 6 a 10 anos: entre 1 e 2 horas diárias;
- 11 a 18 anos: até 3 horas ao dia.
Uma dica útil é a regra do 20-20-20: a cada 20 minutos de tela, desviar o olhar para algo a 6 metros de distância por 20 segundos.
Além disso, estimular brincadeiras ao ar livre é fundamental para descansar os olhos e prevenir miopia.
Cuidados com óculos e lentes de contato
Muitas crianças e adolescentes precisam usar óculos ou lentes de contato para corrigir problemas de visão. Nesse caso, é importante:
- Escolher armações resistentes e confortáveis;
- Acompanhar a adaptação da criança;
- Manter os exames de rotina para atualizar a prescrição;
- Nunca compartilhar lentes e sempre higienizá-las corretamente.
As lentes de contato, quando indicadas, devem ser usadas com responsabilidade e sempre sob supervisão de um adulto.
Brincadeiras e segurança: como evitar acidentes oculares
Acidentes também são uma causa importante de problemas na saúde ocular infantil. A cartilha recomenda:
- Evitar brinquedos com peças pequenas que podem ser levadas aos olhos;
- Manter produtos químicos e cortantes fora do alcance;
- Usar óculos de proteção em atividades com tinta, produtos de limpeza ou ferramentas;
- Buscar atendimento médico imediato em caso de trauma, impacto ou contato com substâncias irritantes nos olhos.
Maquiagem infantil: é seguro deixar a criança brincar?
A SBOP e o CBO chamam atenção também para o uso de maquiagem em crianças.
Só devem ser usados produtos próprios para a faixa etária, aprovados pela Anvisa, e que possam ser facilmente removidos com água e sabão.
Maquiagens de bonecas ou kits de brinquedo não são recomendadas, pois podem conter substâncias irritantes ou perigosas.
Em caso de coceira, vermelhidão ou qualquer reação alérgica, o uso deve ser suspenso e é importante procurar um médico.
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