O que está por trás da relação entre pernas inquietas e Parkinson

A síndrome das pernas inquietas, marcada pela sensação incômoda de não conseguir relaxar as pernas à noite, como se fosse preciso movimentá-las para aliviar o desconforto, é mais comum do que parece.

E, segundo um estudo recém-publicado na revista científica JAMA Network Open, esse distúrbio pode estar ligado a um risco discretamente maior de desenvolver doença de Parkinson com o passar do tempo.

A síndrome das pernas inquietas

Antes de entrar nos resultados, vale entender melhor do que se trata a síndrome das pernas inquietas.

O distúrbio provoca um desconforto difícil de descrever. Muitas pessoas relatam formigamento, agitação interna, coceira ou uma inquietação que só melhora quando movimentam as pernas.

Os sintomas costumam piorar no fim do dia e atrapalham principalmente o sono, já que o corpo quer descansar, mas as pernas “não desligam”.

Apesar de não ser considerada uma doença grave, o impacto no dia a dia pode ser grande, afetando o humor, a produtividade e a qualidade do descanso.

Leia também: O que é a Síndrome das Pernas Inquietas?

As descobertas do estudo

A pesquisa analisou cerca de 20 mil pessoas usando dados de saúde acompanhados por um longo período, com um recorte de análise de até 15 anos.

Desse total, 9.919 tinham diagnóstico confirmado da síndrome, e outras 9.919 (com características semelhantes) formaram o grupo de comparação.

O Parkinson apareceu em 1% das pessoas sem o distúrbio, contra 1,6% entre aquelas com síndrome das pernas inquietas.

À primeira vista, a diferença é pequena. Mas, em condições neurológicas que evoluem lentamente, até variações modestas e consistentes podem indicar um padrão que vale ser investigado.

Por que o tratamento fez diferença

O estudo identificou uma diferença importante entre quem tratava a síndrome das pernas inquietas e quem não tratava:

  • Usuários de agonistas dopaminérgicos — medicamentos que “imitam” a dopamina e ajudam a controlar o desconforto nas pernas — tiveram menos diagnósticos de Parkinson ao longo do tempo.
  • Quem não usava esses remédios apresentou mais casos da doença.

Isso não significa que o medicamento protege contra o Parkinson. A explicação mais provável é a seguinte:

  • Casos que respondem bem a esses medicamentos tendem a ser da forma primária da síndrome.
  • Já os que não respondem costumam estar associados a outras condições, como deficiência de ferro, doenças renais ou neuropatias.

Esses fatores adicionais podem aumentar o risco observado no grupo sem tratamento, e o estudo indica justamente isso.

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Parkinson: um panorama rápido

A doença de Parkinson é um distúrbio neurológico progressivo marcado por tremores, rigidez e lentidão dos movimentos.

Não tem cura, mas o diagnóstico precoce faz diferença no controle dos sintomas.

Por isso, entender possíveis fatores de risco é fundamental.

O que isso tudo significa para quem tem pernas inquietas

O estudo não afirma que quem tem a síndrome vai desenvolver Parkinson; na verdade, isso aconteceu em uma parcela pequena dos pacientes.

Ainda assim, vale ficar atento. Procurar acompanhamento médico, investigar causas associadas e tratar sintomas que prejudicam o sono são atitudes importantes.

Os pesquisadores também lembram que aspectos como sono de má qualidade, inflamação, estresse oxidativo e até o papel do ferro no organismo podem ajudar a explicar a relação entre os quadros, ainda como hipóteses em estudo.

Em resumo, observar o corpo, cuidar do sono e buscar ajuda quando algo foge do normal continuam sendo as melhores estratégias.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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