Você já viu essa planta na natureza, mas talvez não saiba que ela é comestível e medicinal

Imagine encontrar, nas margens de um rio, uma planta simples à primeira vista, mas que carrega, em suas raízes, brotos e flores, um arsenal de nutrientes e propriedades medicinais.

Assim é a taboa, uma planta aquática do bioma amazônico que, apesar de discreta, guarda segredos que têm despertado o interesse da ciência e da nutrição funcional.

Conhecida por nomes como tifa, bucha ou capim-de-esteira, a Typha domingensis faz parte da tradição popular em diversas comunidades, mas vai muito além dos usos caseiros.

Pesquisas recentes mostram que ela pode contribuir com a saúde de forma surpreendente, desde o fortalecimento do sistema imunológico até a prevenção de complicações ligadas ao diabetes.

Nesta coluna, quero te apresentar os potenciais nutricionais e terapêuticos dessa planta brasileira.

Vamos entender como ela pode ser consumida, que nutrientes estão presentes em suas partes comestíveis e por que seus compostos naturais estão chamando a atenção de quem busca uma alimentação mais integrada com a natureza.

O que é a taboa?

A taboa é uma planta que cresce dentro da água ou em locais bem úmidos, como às margens de rios, lagos e igarapés.

Ela faz parte do ambiente natural de várias regiões do Brasil, especialmente da Amazônia.

Seu visual é inconfundível: suas folhas são longas e finas, e ela costuma ter um caule reto que termina em uma espécie de “charuto” escuro (uma parte alongada e marrom que, na verdade, é onde ficam suas flores).

Mas o que muitas pessoas não sabem é que algumas partes da taboa podem ser consumidas.

Além de fazer parte da natureza, essa planta também pode entrar na cozinha como um alimento nutritivo, com benefícios reais para a saúde.

Quais partes da taboa podem ser consumidas?

A taboa tem três partes principais comestíveis:

  • O broto, conhecido como palmito, pode ser consumido cru ou cozido, com sabor suave e textura delicada;
  • Os rizomas (espécie de raízes grossas e subterrâneas) são mais fibrosos, mas podem ser assados e consumidos, com certo cuidado no preparo;
  • O pólen, que é um pó amarelo produzido na espiga da planta, tem alto valor nutricional.

Cada uma dessas partes tem seus benefícios específicos, e o mais interessante é que, além de nutrir, elas também apresentam propriedades medicinais que vêm sendo estudadas por especialistas.

Nutrientes e compostos naturais poderosos

A taboa é rica em vitaminas importantes para o organismo, como:

  • Vitamina C – essencial para a imunidade e saúde da pele;
  • Vitamina K – importante para a coagulação do sangue e saúde dos ossos;
  • Pró-vitamina A – que o corpo converte em vitamina A, essencial para a visão e defesa do corpo.

Além disso, o pólen da taboa contém uma classe de compostos chamados flavonoides, que são antioxidantes naturais com potencial para proteger as células do nosso corpo contra os danos causados pelos radicais livres.

Por que os flavonoides são tão importantes?

Você já deve ter ouvido falar que os antioxidantes ajudam a “combater o envelhecimento precoce”.

Isso não é um mito, é um fato!

Os flavonoides são um tipo de antioxidante natural encontrado em muitas plantas e que têm ação protetora no organismo.

Eles atuam de várias formas:

  • Ajudam a neutralizar radicais livres, que são moléculas instáveis que danificam as células;
  • Estabilizam membranas celulares, contribuindo para a saúde celular;
  • Interagem com metais pesados, reduzindo os efeitos tóxicos de certas substâncias no corpo.

Esses efeitos são benéficos para qualquer pessoa, mas especialmente para quem enfrenta doenças crônicas, como o diabetes.

Taboa e diabetes: o que a ciência está descobrindo?

Entre os principais focos de estudo sobre os efeitos dos flavonoides está a prevenção de complicações do diabetes, como doenças cardiovasculares, problemas neurológicos e renais.

Isso porque os flavonoides ajudam a melhorar a saúde dos vasos sanguíneos e a controlar processos inflamatórios no corpo.

Vale dizer que a taboa não substitui o tratamento médico convencional do diabetes. No entanto, alimentos ricos em flavonoides — como o pólen da taboa — podem atuar como um reforço importante na alimentação de quem vive com a doença.

Esse tipo de abordagem, que une alimentação natural com apoio à saúde, é cada vez mais valorizado pela nutrição funcional, que busca entender os efeitos terapêuticos dos alimentos no organismo.

Outros usos tradicionais da taboa

Além da alimentação, a taboa tem sido usada tradicionalmente para aliviar sintomas e auxiliar no tratamento de:

  • Queimaduras – suas propriedades anti-inflamatórias ajudam na recuperação da pele;
  • Cálculos renais – o consumo de infusões feitas com partes da planta é usado em comunidades tradicionais para tentar aliviar dores e facilitar a eliminação das pedras;
  • Inflamações nas vias aéreas superiores, como gripes e resfriados;
  • Diarreias, onde o uso popular da planta busca ajudar no controle da inflamação intestinal.

Esses usos ainda são, em sua maioria, tradicionais ou populares, e precisam de mais estudos científicos para confirmação ampla.

Mesmo assim, mostram como uma planta considerada comum pode ter muito a oferecer.

Como incluir a taboa na rotina?

Antes de tudo, é importante destacar que nem toda taboa encontrada na natureza está livre de contaminação.

Por ser uma planta aquática, ela pode absorver poluentes da água em que cresce.

Por isso, o ideal é que seu uso seja feito com orientação de um profissional qualificado, como nutricionistas e fitoterapeutas, e que a planta venha de fontes confiáveis.

Em comunidades que já utilizam a planta, é comum o preparo do palmito em forma de refogados, sopas e saladas.

Os rizomas podem ser assados no forno ou usados no preparo de caldos, apesar de exigirem mais tempo de cocção.

O pólen pode ser usado seco e moído, como um suplemento natural.

Mesmo sendo uma planta comestível e segura quando bem utilizada, é sempre recomendado que o consumo da taboa seja feito com moderação e como parte de uma dieta equilibrada.

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Dra. Valéria Paschoal
Dra. Valéria Paschoal

Nutricionista., CEO da VP Nutrição Funcional, Diretora da Faculdade VP. Autora e dos livros da Coleção Nutrição Clínica Funcional publicados pela VP Editora. Coordenadora da Comissão Científica do Instituto Brasileiro de Nutrição Funcional (IBNF). Nutricionista da CSA Brasil (Community Supported Agriculture – Comunidade que Sustenta a Agricultura).

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