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Antes de usar testosterona feminina, veja isso
A discussão sobre testosterona feminina cresceu de forma acelerada nos consultórios, nas redes sociais e até em clínicas estéticas.
Muitas mulheres que enfrentam cansaço, mudanças corporais, queda de energia ou baixa libido acabam acreditando que o hormônio pode ser a “resposta rápida” para seus sintomas.
Diante desse cenário, três das principais entidades médicas do país decidiram esclarecer o que realmente se sabe sobre o tema. Elas são a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
A “deficiência de testosterona” não é causa de baixa libido
Um dos equívocos mais comuns é a ideia de que existe uma “deficiência de testosterona feminina” responsável pela queda do desejo sexual.
A nota das sociedades médicas é enfática, essa condição não existe como diagnóstico reconhecido.
Além disso, a testosterona não sofre queda brusca na menopausa.
A redução é gradual e natural ao longo da vida adulta, o que desmonta o argumento de que a menopausa seria, por si só, uma fase de “falência hormonal” feminina.
Outro ponto importante, é que não há valores de referência validados que permitam identificar “deficiência androgênica” e justificar reposição hormonal.
Quando a testosterona feminina realmente pode ser indicada
A única situação em que o uso terapêutico de testosterona em mulheres é aceita internacionalmente é o Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo (TDSH), uma condição caracterizada por perda persistente do interesse sexual.
Essa indicação se aplica apenas a mulheres na pós-menopausa e, mesmo assim, depende de um diagnóstico rigoroso, feito após excluir outras causas comuns de baixa libido.
Mas isso não significa prescrição automática.
Antes de considerar o hormônio, o médico precisa investigar outras causas comuns de baixa libido, como:
- hipoestrogenismo;
- síndrome urogenital da menopausa;
- depressão e outros transtornos psiquiátricos;
- efeitos colaterais de antidepressivos;
- obesidade;
- conflitos de relacionamento;
- estresse emocional e fatores psicossociais.
Ou seja, testosterona não é tratamento de primeira linha para baixa libido, e só deve ser considerada após avaliação clínica detalhada.
Exames de testosterona servem apenas para investigar excesso, não falta
Outro ponto frequentemente negligenciado é o uso indevido de exames hormonais.
Segundo as sociedades médicas, dosar testosterona para procurar níveis baixos não tem fundamento científico.
A dosagem só é indicada quando há suspeita de excesso do hormônio, como ocorre em:
- síndrome dos ovários policísticos (SOP);
- tumores ovarianos ou adrenais;
- hiperplasia adrenal congênita;
- síndrome de Cushing.
Em outras palavras, exames de testosterona não devem ser usados para justificar reposição hormonal.
Riscos da testosterona para mulheres: o que a ciência realmente sabe
A preocupação com o uso de testosterona na menopausa e fora dela é crescente.
E por um motivo claro, não existe no Brasil qualquer formulação aprovada pela Anvisa para mulheres. Isso inclui géis, cremes e, principalmente, os implantes subcutâneos que se popularizaram em algumas clínicas estéticas.
Sem aprovação regulatória e sem estudos robustos, essas formulações apresentam:
- farmacocinética imprevisível (quando a absorção e a distribuição do hormônio no corpo não são previsíveis);
- doses que podem variar demais;
- ausência de dados de segurança em longo prazo,
Os riscos associados ao uso inadequado incluem:
- acne e queda de cabelo;
- engrossamento da voz;
- crescimento de pelos;
- aumento do clitóris;
- alterações psicológicas;
- danos ao fígado;
- infertilidade;
- hipertensão arterial;
- arritmias.
- embolias e tromboses
- infarto e AVC
Alguns desses efeitos são irreversíveis.
Testosterona não é recurso estético ou de performance
As entidades reforçam que a testosterona feminina (ou masculina) não deve ser usada com objetivos estéticos ou de melhora de performance.
Isso inclui tentativas de:
- ganho de massa magra;
- emagrecimento;
- aumento de disposição;
- melhora de performance física;
- retardar o envelhecimento.
O uso do hormônio para qualquer um desses fins é proibido pelo Conselho Federal de Medicina, não possui respaldo científico e tampouco conta com aprovação regulatória da Anvisa.
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