Universitária dá a luz sem saber que estava grávida

Longe dos filmes românticos, nem todas as mulheres sabem que estão grávidas, sequer podem planejar o quarto do bebê. No caso da estudante universitária Denise Porto de Oliveira, de 26 anos, a gestação foi descoberta poucas horas antes do parto.

Semelhantemente ao ocorrido com a atriz Klara Castanho e ocupou um grande espaço na mídia tempos atrás. Klara foi abusada sexualmente e tomou a pílula do dia seguinte, porém, assim mesmo a atriz teve uma gestação silenciosa e descobriu apenas alguns dias antes do parto e decidiu entregar o bebê para adoção.

Então, muitas pessoas não entenderam e não acreditaram que a atriz não soubesse sobre o bebê. Casos de gravidez silenciosa são raros, mas não impossíveis. Logo, podem acontecer por alguns fatores como negação, sobrepeso ou falta de sintomas. Até mesmo pela falta de crescimento da barriga que acontece quando o abdômen é mais longo e tem mais espaço para o útero se desenvolver para cima e não para fora ou, finalmente, se o bebê for muito pequeno.

Como é possível não perceber que está grávida, se o corpo dá vários sinais?

O primeiro sinal da gravidez geralmente é a pausa ou atraso do ciclo menstrual. Porém, mulheres que sofrem da Síndrome do Ovário Policístico (SOP), podem não saber da gestação por não terem um ciclo regular. Este foi o caso da estudante universitária Denise Porto de Oliveira, de 26 anos, que mora em São Paulo. Ela sofre da síndrome, um distúrbio hormonal caracterizado pela presença de cistos que podem causar problemas simples, como irregularidade menstrual e acne, até outros mais graves, como obesidade e infertilidade.

“Menstruei a primeira vez com 12 anos e sempre foi irregular, nunca tive o fluxo por vários meses seguidos. Por isso, a coisa mais normal pra mim era falhar três, cinco meses, depois menstruava por um ou dois meses em datas aleatórias”, explicou a estudante.

Com acompanhamento médico, entretanto, ela descobriu que a alimentação saudável pode ajudar muito quem tem SOP, então começou uma dieta. ” À primeira vista, meu ciclo regulou e minha menstruação veio um mês certinho, mas no seguinte já não veio e eu achei que se continuasse melhorando a alimentação, melhoraria minha saúde”.

Sem sequer desconfiar que estava grávida

Com a pandemia da Covid-19, a estudante perdeu seu emprego e o convênio médico que fazia os acompanhamentos de rotina. De acordo com os especialistas que realizaram seu parto, foi no mesmo mês que Denise engravidou. Como seu ciclo menstrual havia desregulado novamente, a universitária marcou consulta com três médicos e nenhum deles suspeitou que ela poderia estar gestante.

“Quando eu tinha 16 anos, fui diagnosticada com gastrite e as crises sempre iam e vinham. Alguns meses antes de engravidar, fiz uma endoscopia e além da gastrite, foi constatado também que eu estava com esofagite e H. Pylori”, explicou Denise. No período gestacional, sentia muita azia, mas atribuia ao diagnóstico que havia recebido. Além disso, começou a sentir um calor exagerado que pensou ser reação ao remédio que tomava para resistência insulínica. “Passava mal se fosse pra cozinha sem um ventilador”, relembrou a jovem.

Quando a universitária conseguiu um novo emprego, usou o convênio médico para agendar um clínico geral, acreditando que estava com problemas intestinais hereditários. Nesse ínterim, a gravidez chegava ao nono mês. “A barriga estava inchando direto e ficava dura na parte de cima. A médica agendou uma colonoscopia que seria feita em um mês”, pontua Denise, que emagreceu cinco quilos na gestação e não sentiu enjoos. Ela sempre tinha uma explicação para cada sintoma.

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“Você está grávida”

Denise conta que três dias antes do parto, sentiu cólicas e percebeu uma secreção que, posteriormente, descobriu ser o tampão mucoso. “Falei para o Alan, meu marido, que estava no período fértil e que em breve menstruaria. Só estranhei a quantidade de secreção que estava saindo, já que sujava muito.”

Na noite anterior ao parto, a cólica se intensificou. A universitária, então, foi até o hospital e finalmente descobriu que estava grávida de 40 semanas e entrara em trabalho de parto.  “O Alan segurava a minha mão e eu só falava que não ia conseguir, estava passando muito mal, não conseguia fazer força”, relatou Denise. Uma enfermeira, no entanto, fez a diferença.

“Ela apoiou minha cabeça, quase me abraçando e foi me dando força para continuar. Eu não tive nenhuma complicação no parto, precisei apenas levar alguns pontos íntimos por conta de uma laceração na hora da bebê sair”, explicou a jovem mãe.

E depois de uma madrugada de contrações, às 11h20, nasceu Elizabeth, um bebê saudável pesando 3,125 kg e medindo 47 centímetros.

Denise ficou dois dias internada e conta que, por conta do choque da notícia, ficou mais de 12h sem conseguir amamentar sua filha. Quando foi pra casa ainda teve problemas com a amamentação, mas superados com paciência, seguindo a orientação que recebeu da maternidade, pesquisas e até a consultoria de amamentação que contratou.

grávida
A pequena Elizabeth, com um ano de idade (Foto: Arquivo Pessoal)

Depressão pós parto

A estudante teve ainda que enfrentar a depressão pós parto. “Na hora que me falaram que estava gravida, não acreditei. Até o sexto mês da minha filha, meus sentimentos conflitavam. A Elizabeth nasceu briguenta e ela é birrenta até hoje. Era muito brava, eu não podia comer ou ir ao banheiro, sem que ela reclamasse”, desabafa Denise.

A mulher, quando engravida, tem nove meses para lidar com as mudanças no corpo, assim como na rotina diária. Porém, Denise teve apenas algumas horas e o resultado foi a depressão. “Eu me sentia confusa, mas isso não interferiu no modo que eu a tratava. Ao mesmo tempo que eu tinha raiva, cuidava muito bem dela”, explica a estudante.

“Eu não conseguia demonstrar gostar dela, não sabia o que sentia. Apenas quando ela fez nove meses, a depressão foi vencida e pude aclarar os sentimentos”, desabafa Denise, que hoje não tem mais resquícios do puerpério.

“Todos os sentimentos ruins se foram, mas foi um processo demorado. Ainda tenho os desafios da maternidade. Agora que ela está com com um ano estamos bem e seguindo a vida da melhor maneira possível”, conclui a apaixonada mamãe.

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