Vacina contra vírus sincicial respiratório: proteção de bebês e a possível chegada ao SUS

A vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR) surge como uma esperança para proteger os recém-nascidos de infecções respiratórias graves, especialmente nos primeiros meses de vida.

Desenvolvida pela Pfizer, essa inovação é a única aprovada para imunização materna até o momento e já está disponível nos Estados Unidos e na rede privada do Brasil.

Agora, com esforços para ampliar o acesso, há possibilidades de que o imunizante seja incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS), oferecendo proteção a um número ainda maior de bebês.

Impactos do VSR nos Primeiros Meses de Vida

O vírus sincicial respiratório é uma das principais causas de infecções respiratórias graves em crianças pequenas, podendo levar a quadros como bronquiolite e pneumonia.

Segundo Ana Marli Sartori, professora do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP, os bebês de até seis meses estão entre os mais vulneráveis.

“Esse vírus pode causar febre, tosse, chiado no peito e falta de ar. Em casos mais graves, ele pode levar à hospitalização e até ao óbito”, alerta a especialista.

Por conta disso, a vacinação preventiva ganha destaque como uma estratégia essencial para reduzir complicações e salvar vidas.

Como Funciona a Vacina

A vacina aprovada no Brasil em 2023 é administrada na mãe entre a 24ª e a 36ª semana de gestação. Nesse período, os anticorpos maternos são transferidos para o bebê por meio da placenta, garantindo proteção nos primeiros meses de vida.

Estudos mostram que o imunizante tem eficácia de aproximadamente 70% contra formas graves da doença durante o período crítico de 0 a 6 meses.

Atualmente, o custo elevado da vacina na rede privada, cerca de R$ 1.800 por dose, é um dos fatores limitantes para seu acesso universal. Contudo, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) trabalha em estratégias para tornar o imunizante mais acessível.

Desafios e Perspectivas de Inclusão no SUS

A inclusão da vacina no SUS enfrenta barreiras, especialmente devido ao alto custo inicial apresentado pela fabricante. A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) rejeitou a proposta devido à inviabilidade financeira, mas novas negociações estão em andamento.

A possibilidade de aquisição por meio do fundo rotatório da Opas é vista como uma solução promissora para reduzir custos e viabilizar sua implementação na rede pública.

“Se conseguirmos negociar um valor acessível, o Brasil pode ser um dos países pioneiros na América Latina a disponibilizar essa vacina para todas as gestantes no SUS, contribuindo para a proteção de milhares de bebês”, explica Ana Marli.

Potencial para Ampliação de Acesso

Além de reduzir hospitalizações e óbitos em recém-nascidos, a vacinação contra o VSR pode aliviar a sobrecarga no sistema de saúde, especialmente durante as estações mais propensas a surtos de doenças respiratórias.

Ainda não se sabe qual será o preço final negociado, mas especialistas apontam que o investimento seria amplamente compensado pelos benefícios à saúde pública.

A vacina contra o vírus sincicial respiratório representa um avanço significativo na proteção da saúde dos recém-nascidos, especialmente nos primeiros meses de vida, quando são mais vulneráveis.

Apesar dos desafios financeiros, as negociações em andamento e o apoio de organismos internacionais como a Opas são passos importantes para tornar essa proteção acessível a todas as famílias brasileiras.

Com a inclusão no SUS, o Brasil pode liderar na implementação de estratégias de imunização materna na América Latina, garantindo um futuro mais seguro e saudável para seus bebês. Enquanto isso, as discussões seguem, trazendo esperança de que o imunizante possa chegar em breve às gestantes de todo o país.

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Fonte: Jornal da USP

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Elizandra Civalsci Costa
Elizandra Civalsci Costa

Farmacêutica (CRF MT n° 3490) pela Universidade Estadual de Londrina e Especialista em Farmácia Hospitalar e Oncologia pelo Hospital Erasto Gaertner. - Curitiba PR. Possui curso em Revisão de Conteúdo para Web pela Rock Content University e Fact Checker pela poynter.org. Contato (65) 99813-4203

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