Pesquisa mostra que a melatonina pode piorar quadros de inflamação intestinal

A melatonina é um hormônio que ajuda a regular o sono, mas, ele não trata a insônia, mesmo assim, ele é utilizado e foi liberado para seu uso no Brasil como suplemento alimentar. No entanto, há poucas indicações para essa finalidade, diante disso a Universidade de São Paulo, realizou um estudo que revela que este medicamento poderá agravar problemas relacionados à inflamação do intestino. Por isso, saiba mais sobre esta pesquisa com o SaúdeLab de hoje. 

Consumo de Melatonina pode agravar doenças relacionadas ao intestino

Os brasileiros sofrem muito com dificuldade para dormir, é algo que inclusive se agravou durante a pandemia. De acordo com o Instituto do Sono, em 2020, 55% dos brasileiros alegaram que o isolamento social piorou o sono. Como resultado disso, muita gente recorreu aos medicamentos, dentre eles estão a melatonina. Conhecido popularmente como “hormônio do sono” ele é utilizado de modo corriqueiro e em muitos casos sem prescrição médica. 

Com objetivo de usar a melatonina para melhorar o sono e dormir melhor, todos imaginam que ele não faz mal nenhum e apenas irá melhorar o sono. No entanto,  a pesquisa realizada e divulgada em artigo publicado pelo Jornal da USP, revelou que as pessoas devem ficar alertas, em relação ao suplemento hormonal. Visto que ele pode melhorar o sono, mas, irá piorar outras doenças. 

Segundo, Cristina Cardoso , professora de Imunologia e Neuroimunoendocrinologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP. O hormônio pode agravar doenças inflamatórias intestinais, principalmente a doença de Crohn. Ela utilizou a sua experiência para pesquisar sobre a melatonina, mas, a professora ressaltou que em nenhum momento ela disse que a melatonina não tenha efeitos benéficos. ” Pelo contrário, há poucos estudos ou relatos de efeitos colaterais adversos”, falou Cristina. 

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Pesquisa

A princípio, a melatonina pode agir como antioxidante e melhorar outras condições fisiológicas ou patológicas. ” Começamos esse trabalho imaginando que teríamos um potencial novo para o tratamento para doença de  Crohn e retocolite ulcerativa, mas, para nossa surpresa, o que vimos foi exatamente o contrário. E esse alerta precisa ser feito”, enfatizou Cristina. 

Por esse trabalho com animais de laboratório é importante ressaltar que não foi com pacientes humanos, foi com camundongos – a inflamação intestinal piora e piora muito” falou a pesquisadora. Em seguida, a pesquisa seguiu para o próximo passo que é tentar entender o porquê da piora ao utilizar o hormônio. Cristina constatou que ao retirar a microbiota do contexto, e fazer um tratamento de amplo espectro com antibióticos nesses camundongos, eliminando todas as bactérias, a melatonina passa a apresentar efeito positivo na doença. 

Deste modo, Cristina explica que o efeito negativo do hormônio vai depender das bactérias que estão vivendo no intestino e elas também estão relacionadas às doenças inflamatórias intestinais. Sendo assim, alguns aspectos da microbiota fazem com que o tratamento com melatonina aumente os parâmetros inflamatórios e conduza o sistema imunológico para um caminho ainda mais desregulado, causando uma intensificação aos danos relacionados ao trato gastrointestinal. 

Por isso, é preciso tomar cuidado ao consumir certos medicamentos, a automedicação é perigosa e neste caso revela que suplementação hormonal e hormônios podem alterar o seu corpo e agravar outras enfermidades. 

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Camila Sousa
Camila Sousa

Sou jornalista formada pela Universidade Católica de Brasília, com especialização em Ciência Politica pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul.

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