Jejum e Exercício Físico: Combinação pode reduzir inflamações no cérebro, sugere estudo

O jejum intermitente combinado com exercícios físicos regulares pode ser mais eficaz no controle da inflamação cerebral causada por uma dieta rica em gordura.

Esta é a conclusão de um estudo conduzido pela Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP) da USP, publicado no The Journal of Nutritional Biochemistry.

A pesquisa, realizada com camundongos, abre caminho para investigações mais profundas sobre a eficácia dessas práticas na prevenção de doenças metabólicas, ainda que os efeitos em humanos sejam controversos e necessitem de mais estudos.

Jejum Intermitente e Exercício: Potencial para Controle de Inflamações

A pesquisa concentrou-se em entender como uma dieta rica em gorduras saturadas – especificamente, a banha de porco – impacta o hipotálamo, região do cérebro fundamental para o controle do apetite e do gasto energético.

De acordo com a nutricionista Luciana da Costa Oliveira, responsável pelo estudo, o consumo excessivo de gorduras provoca inflamação hipotalâmica, prejudicando a função da leptina, hormônio que regula a fome e o metabolismo energético.

“Essa inflamação afeta a modulação das atividades neuronais hipotalâmicas e, consequentemente, predispõe à obesidade,” destaca a pesquisadora.

No experimento, observou-se que a combinação de jejum intermitente com atividades físicas reduziu indicadores de inflamação no cérebro dos animais e promoveu um equilíbrio na resposta hormonal.

Esse é um avanço significativo, já que tanto o jejum intermitente quanto o exercício físico, de forma isolada, têm sido apontados como aliados no controle da saúde cerebral e metabólica.

A pesquisa é a primeira a avaliar o impacto conjunto dessas duas intervenções, que mostram-se promissoras na redução da inflamação no cérebro e na melhoria da resposta da leptina.

A importância da leptina e da inflamação cerebral

A leptina é um hormônio produzido pelas células de gordura e desempenha um papel essencial na regulação da fome e do gasto energético. No entanto, uma dieta rica em gorduras saturadas pode desregular a via da leptina, levando a uma maior propensão ao ganho de peso e à obesidade.

Quando a leptina não funciona corretamente, o cérebro não recebe os sinais necessários para controlar a fome de maneira eficiente, o que pode desencadear um ciclo vicioso de aumento de apetite e ganho de peso.

Além disso, a inflamação hipotalâmica é um dos fatores críticos nas disfunções metabólicas.

A pesquisa de Luciana revelou que a associação do jejum intermitente com o exercício físico foi capaz de reduzir não apenas o peso corporal dos camundongos, mas também melhorar indicadores metabólicos, como os níveis de insulina, leptina, resistina e Tnf-alfa – uma substância que, em excesso, promove a inflamação.

Essa descoberta é relevante, pois ressalta que apenas a combinação das duas práticas oferece um benefício ampliado para a regulação hormonal.

Treinar em Jejum: Estratégia Controversa e Desafios para Humanos

Embora os resultados nos camundongos sejam promissores, ainda há incertezas e preocupações quanto à aplicação dessa prática em humanos. Treinar em jejum pode trazer riscos, especialmente para pessoas com condições pré-existentes, como diabetes, problemas cardíacos ou pressão arterial instável.

Além disso, a resposta metabólica ao jejum intermitente e ao treino varia significativamente entre indivíduos, o que torna complexo afirmar que todos obteriam os mesmos benefícios observados nos experimentos com animais.

Para os humanos, o jejum intermitente tem sido um tema polêmico, com opiniões divergentes entre os profissionais da saúde. De um lado, há estudos sugerindo que o jejum pode ajudar a controlar o peso e melhorar a saúde metabólica.

Por outro, há quem afirme que a prática pode causar deficiências nutricionais, desregulação hormonal e até mesmo distúrbios alimentares. Portanto, é importante que pessoas interessadas em aderir a essa prática consultem um profissional da saúde antes de iniciá-la.

Precauções e Considerações sobre o Jejum Intermitente e Exercícios

Embora o jejum e o exercício possam ser benéficos para a saúde metabólica, as diretrizes recomendam cautela. Pessoas com predisposição à hipoglicemia, por exemplo, podem ter quedas bruscas de glicose durante o treino em jejum, o que pode provocar tonturas, fraqueza e até desmaios.

Além disso, aqueles que pretendem aderir ao jejum intermitente precisam garantir uma dieta balanceada durante os períodos de alimentação, priorizando alimentos nutritivos e equilibrados para evitar carências vitamínicas e de minerais.

Outro ponto a ser considerado é o impacto psicológico dessa prática. Como o jejum intermitente requer disciplina e, muitas vezes, uma mudança drástica nos hábitos alimentares, ele pode ser difícil de manter a longo prazo e, em alguns casos, resultar em compulsão alimentar nos períodos de liberação.

Assim, é importante que cada pessoa entenda suas necessidades, preferências e limitações ao considerar essa abordagem.

O estudo realizado pela EEFERP-USP (leia artigo completo) reforça a possibilidade de que o jejum intermitente, quando combinado com atividades físicas, pode trazer benefícios significativos para a saúde cerebral e metabólica – ao menos em modelos animais.

Embora esses achados sejam encorajadores, o impacto real dessas práticas em humanos ainda precisa de mais investigações para determinar sua segurança e eficácia.

Para quem deseja incorporar o jejum intermitente ou o treino em jejum à sua rotina, a melhor recomendação é buscar orientação de um profissional de saúde, garantindo uma abordagem segura e personalizada.

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Fonte: Jornal da USP

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Redação SaúdeLab
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