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Quer melhorar sua Imunidade? Comece cuidando da sua pele
A pele é muito mais do que uma simples barreira protetora — ela é um ecossistema vivo, repleto de microrganismos que desempenham um papel crucial na nossa saúde. E o que isso tem a ver com imunidade? Tudo.
Pesquisas recentes mostram que os bilhões de bactérias, fungos e vírus que habitam nossa pele não são meros passageiros; eles ajudam a treinar nosso sistema imunológico, influenciando desde a cicatrização de feridas até o risco de desenvolver doenças crônicas.
Se você deseja melhorar a imunidade, cuidar da pele pode ser um passo fundamental. Um estudo publicado na revista Experimental & Molecular Medicine revela como o equilíbrio da microbiota cutânea afeta diretamente nossa resposta imunológica ao longo da vida.
Hoje, aqui no SaúdeLAB, vamos entender como essa relação funciona e o que você pode fazer para manter sua pele — e, consequentemente, seu sistema de defesa — em perfeito estado.
Pele: um ponto-chave para a imunidade
Logo ao nascer, nossa pele começa a ser colonizada por microrganismos que vão moldar nossa saúde imunológica. Bebês com níveis mais altos da bactéria Staphylococcus hominis nos primeiros meses de vida, por exemplo, têm 40% menos risco de desenvolver dermatite atópica no primeiro ano.
Esse é apenas um exemplo de como a microbiota cutânea influencia nossa resistência a doenças.
A pele abriga espécies como:
- Staphylococcus epidermidis: auxilia na cicatrização e fortalece a barreira cutânea.
- Cutibacterium acnes: produz ácidos graxos que protegem contra infecções.
- Malassezia (fungo): ajuda a controlar o crescimento de bactérias nocivas.
Quando esse ecossistema está em harmonia, os microrganismos trabalham em conjunto com as células da pele e do sistema imunológico, produzindo substâncias anti-inflamatórias e fortalecendo nossas defesas.
Mas quando o equilíbrio é rompido — seja por excesso de higienização, uso de antibióticos ou fatores genéticos —, o risco de inflamações e doenças de pele aumenta, afetando também a imunidade geral.
Como os microrganismos da pele ajudam a melhorar a imunidade?
Assim como um treinador prepara atletas para competições, os microrganismos da pele atuam como instrutores do nosso sistema imunológico. Essa interação começa nos primeiros dias de vida e continua ao longo dos anos, moldando nossa capacidade de defesa contra ameaças externas.
Os mecanismos por trás desse processo são fascinantes e revelam como uma pele equilibrada pode ser a chave para uma imunidade mais forte.
1. Treinam o sistema imunológico desde a infância
Nos primeiros anos de vida, a exposição a bactérias como Staphylococcus epidermidis ajuda no desenvolvimento de células reguladoras (Treg) e de defesa (MAIT), essenciais para evitar reações exageradas do sistema imunológico.
Estudos em animais mostram que camundongos expostos a certas bactérias na infância desenvolvem menos dermatites e psoríase na vida adulta.
2. Produzem substâncias que fortalecem a barreira cutânea
Algumas bactérias da pele, como Cutibacterium acnes, liberam ácido propiônico, que ativa receptores nas células da pele, reforçando sua proteção. Outras, como Staphylococcus epidermidis, produzem butirato, um composto que estimula a produção de peptídeos antimicrobianos — verdadeiros “antibióticos naturais” da pele.
3. Modulam a inflamação
Metabólitos bacterianos, como o indol-3-aldeído (produzido por lactobacilos), ativam vias anti-inflamatórias, reduzindo reações excessivas do sistema imunológico. Esse mecanismo pode ser útil no controle de doenças como psoríase e eczema.
Quando o equilíbrio se rompe: doenças da pele e imunidade
A disbiose — desequilíbrio na microbiota cutânea — está ligada a várias condições inflamatórias:
Dermatite atópica
Pessoas com essa condição costumam ter níveis reduzidos de filagrina, uma proteína que fortalece a barreira da pele. Com a proteção enfraquecida, a bactéria Staphylococcus aureus se prolifera, agravando a inflamação e ativando respostas imunes desreguladas.
Psoríase
Afetando até 3% da população global, a psoríase está associada a um descontrole na via IL-23/IL-17, que promove inflamação crônica. Curiosamente, estudos em animais mostram que camundongos livres de microrganismos desenvolvem formas mais leves da doença, sugerindo que certas bactérias podem piorar o quadro.
Acne
Ao contrário do que muitos pensam, a acne não é causada apenas pelo Cutibacterium acnes, mas por um desequilíbrio entre essa bactéria e outras espécies protetoras. Pacientes com acne tendem a ter menos diversidade microbiana na pele, favorecendo a inflamação.
Como cuidar da pele para melhorar a imunidade?
- Evite sabonetes agressivos
Limpeza excessiva remove bactérias benéficas. Opte por produtos suaves e sem sulfatos.
- Hidrate a pele diariamente
Uma barreira cutânea íntegra impede a entrada de patógenos e mantém a microbiota equilibrada.
- Consuma probióticos e prebióticos
Alimentos como iogurte, kefir e fibras alimentam bactérias boas, refletindo na saúde da pele.
- Reduza o estresse
O cortisol enfraquece a barreira da pele e altera a microbiota, aumentando a inflamação.
- Consulte um dermatologista
Caso sofra com doenças de pele persistentes, tratamentos personalizados podem restaurar o equilíbrio microbiano.
A ciência já comprovou: a saúde da pele e a imunidade estão profundamente conectadas. Manter o equilíbrio da microbiota cutânea não só previne doenças dermatológicas, mas também fortalece as defesas do corpo.
Pequenas mudanças nos cuidados diários podem fazer toda a diferença — e, agora que você sabe como essa relação funciona, está um passo à frente na busca por uma saúde mais robusta.
Se você quer melhorar a imunidade, comece prestando atenção na sua pele. Afinal, ela é muito mais do que aparência: é uma aliada vital do seu bem-estar.
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