Fragilidade física pode antecipar risco de demência em mais de uma década; aponta estudo

Um estudo internacional revelou um fator surpreendente que pode ajudar a prever o risco de demência: a fragilidade física. Os sinais de fraqueza no corpo podem aparecer mais de dez anos antes dos sintomas cognitivos se manifestarem, oferecendo uma nova oportunidade para identificar populações em risco e melhorar estratégias de prevenção e tratamento.

Os achados foram publicados online em 11 de novembro de 2024 no JAMA Neurology. Veja os detalhes aqui no SaúdeLAB.

Como a fragilidade física se relaciona com a demência

A fragilidade física, uma condição caracterizada por problemas de saúde acumulados e redução na capacidade funcional, tem se mostrado um marcador importante para o risco de demência. Os pesquisadores observaram que os níveis de fragilidade aumentam de forma significativa entre 4 e 9 anos antes do diagnóstico de demência.

Mesmo antes desse período crítico, indivíduos com níveis mais baixos de fragilidade já apresentavam maior risco em comparação com aqueles fisicamente mais saudáveis.

“A cada quatro ou cinco problemas de saúde adicionais, o risco de demência aumenta em cerca de 40%”, afirmou o Dr. David Ward, pesquisador principal da Universidade de Queensland, na Austrália. “Por outro lado, pessoas mais ativas fisicamente demonstram um risco significativamente menor.”

Fragilidade como marcador biológico

Os resultados sugerem que a fragilidade pode servir como um marcador biológico acessível, não apenas para estimar a idade biológica de uma pessoa, mas também para prever o risco de demência.

Essa descoberta pode ser um divisor de águas para a saúde pública, permitindo que intervenções preventivas sejam aplicadas com antecedência, potencialmente retardando ou até mesmo prevenindo o surgimento da demência.

Detalhes do estudo

O estudo analisou dados de 29.849 participantes com 60 anos ou mais, com uma média de idade de 71,6 anos, sendo 62% mulheres. Os dados foram extraídos de quatro grandes coortes internacionais:

  • English Longitudinal Study of Ageing (ELSA)
  • Health and Retirement Study (HRS)
  • Rush Memory and Aging Project (MAP)
  • National Alzheimer’s Coordinating Center (NACC)

Metodologia

Os diagnósticos de demência foram realizados com base em diferentes métodos, incluindo testes cognitivos, relatos médicos feitos por familiares ou diagnósticos diretos realizados por médicos dos estudos.

Para garantir a validade dos resultados, foram excluídos participantes que já apresentavam comprometimento cognitivo no início da pesquisa.

Os pesquisadores calcularam um índice de fragilidade para cada participante, baseado em pelo menos 30 indicadores de saúde. Esses indicadores incluíam condições como hipertensão, câncer, dor crônica, problemas de mobilidade e dificuldades funcionais, como gerenciar finanças ou lidar com perda auditiva.

Os participantes foram acompanhados por períodos variados, até que desenvolvessem demência ou até o término do estudo.

Diferenças por Gênero

Os dados também mostraram uma diferença significativa entre os gêneros. Entre os diagnosticados com demência (3.154 pessoas), as mulheres apresentaram índices de fragilidade consistentemente mais altos do que os homens, com diferenças que variavam entre 16% e 21%, dependendo do grupo analisado.

Riscos Associados e Implicações

Os resultados reforçam a importância de tratar a fragilidade como um fator de risco relevante e passível de intervenção. Ao abordar problemas de saúde cumulativos e promover o fortalecimento físico em populações vulneráveis, é possível mitigar o risco de demência.

O que isso significa para a prevenção

A possibilidade de usar a fragilidade como um marcador para o risco de demência pode transformar a abordagem preventiva. Estratégias como exercícios físicos regulares, alimentação balanceada e controle de doenças crônicas podem reduzir a fragilidade e, consequentemente, o risco de demência.

A importância de detecção precoce

Identificar fragilidade em fases iniciais pode permitir intervenções preventivas, antes mesmo que os sintomas cognitivos apareçam. “Com um marcador como a fragilidade, podemos selecionar indivíduos para estudos clínicos mais direcionados, aumentando a eficácia de tratamentos e estratégias preventivas”, destaca o Dr. Ward.

Os achados deste estudo abrem novas perspectivas para a detecção precoce e a prevenção da demência. Monitorar e tratar sinais de fragilidade física pode não apenas melhorar a qualidade de vida dos idosos, mas também reduzir significativamente o impacto da demência na sociedade.

Manter-se ativo, cuidar da saúde e tratar problemas funcionais precocemente são medidas que podem fazer a diferença para a saúde mental e física no longo prazo. Afinal, prevenir ainda é o melhor remédio, especialmente quando se trata de preservar a mente e o corpo ao longo dos anos.

Fonte: Medscape

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Redação SaúdeLab
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