Como a ansiedade e a apatia moldam suas decisões: entenda o impacto do seu estado emocional

Tomar decisões em situações de incerteza é algo que fazemos todos os dias, seja no trabalho, nos relacionamentos ou na vida pessoal. Mas você já parou para pensar como suas emoções influenciam essas escolhas?

Um estudo recente da Universidade de Minnesota, publicado na renomada revista Biological Psychiatry: Cognitive Neuroscience and Neuroimaging, revelou que a ansiedade e a apatia – dois estados emocionais comuns, mas distintos – afetam profundamente a maneira como aprendemos e tomamos decisões.

A pesquisa, que envolveu mais de 1.000 participantes, utilizou experimentos comportamentais e modelagem computacional para analisar como as pessoas lidam com a incerteza. Os resultados mostraram que, embora a ansiedade e a apatia muitas vezes coexistam em condições clínicas, elas levam a padrões opostos de comportamento.

Ansiedade: a busca constante por controle

Pessoas ansiosas tendem a perceber o ambiente como altamente volátil e imprevisível. Isso as leva a explorar mais opções, especialmente após resultados negativos.

Imagine alguém em busca de um novo emprego: uma pessoa ansiosa pode checar obsessivamente sites de vagas, mesmo após várias rejeições, na tentativa de controlar uma situação que parece caótica.

Segundo Xinyuan Yan, PhD, principal autor do estudo, “a ansiedade aumenta a sensação de que o mundo é imprevisível, o que exige vigilância constante”. Esse comportamento, embora exaustivo, reflete uma tentativa de reduzir a incerteza e recuperar o controle.

Apatia: a descrença no poder da ação

Por outro lado, a apatia – caracterizada pela falta de interesse e entusiasmo – leva a uma visão de que os resultados são aleatórios e desconectados das próprias ações.

Indivíduos apáticos tendem a explorar menos e repetir as mesmas estratégias, mesmo quando elas não funcionam. No exemplo do mercado de trabalho, uma pessoa apática pode enviar o mesmo currículo repetidamente, acreditando que mudanças não farão diferença.

Alexander Herman, MD, PhD, coautor do estudo, explica que “a apatia reduz a motivação para explorar novas possibilidades, pois a pessoa não vê conexão entre suas ações e os resultados”.

Implicações para a saúde mental

Essas descobertas não apenas ajudam a entender como nossas emoções moldam nossas decisões, mas também têm implicações importantes para o tratamento de condições neuropsiquiátricas.

O estudo sugere que abordagens terapêuticas podem ser mais eficazes se forem personalizadas de acordo com a forma como cada paciente percebe e processa a incerteza.

Por exemplo, para pessoas ansiosas, terapias que ajudam a reduzir a sensação de imprevisibilidade podem ser benéficas. Já para indivíduos apáticos, estratégias que reforçam a conexão entre ações e resultados podem ser mais eficazes.

O que isso significa para você?

Entender como suas emoções influenciam suas decisões é o primeiro passo para tomar escolhas mais conscientes e saudáveis. A pesquisa da Universidade de Minnesota nos lembra que nossas emoções não são apenas reações passageiras – elas moldam ativamente a maneira como enxergamos o mundo e agimos nele.

Se você se identifica com a ansiedade ou a apatia, é importante refletir sobre como esses estados emocionais estão impactando sua vida.

Para quem vive com ansiedade

Se você se sente constantemente preocupado, com a sensação de que precisa controlar tudo ao seu redor, pode ser um sinal de que a ansiedade está no comando. Pessoas ansiosas tendem a superestimar os riscos e a imprevisibilidade das situações, o que pode levar a um ciclo exaustivo de tentativas de controle.

Uma estratégia útil é praticar técnicas de mindfulness ou meditação, que ajudam a reduzir a sensação de caos e a focar no presente. Além disso, buscar terapia cognitivo-comportamental (TCC) pode ser extremamente eficaz, pois essa abordagem trabalha diretamente com a forma como interpretamos e reagimos às situações de incerteza.

Para quem enfrenta a apatia

Se você se sente desmotivado, como se nada que fizesse realmente importasse, pode estar lidando com a apatia. Esse estado emocional pode fazer com que você se sinta desconectado dos resultados das suas ações, levando a uma sensação de estagnação.

Nesses casos, é importante buscar atividades que tragam um senso de propósito e realização, mesmo que pequenas. Estabelecer metas realistas e celebrar pequenas conquistas pode ajudar a reconstruir a conexão entre suas ações e os resultados.

Além disso, terapias que focam na motivação e no engajamento, como a ativação comportamental, podem ser muito benéficas.

A importância do autoconhecimento

Independentemente de você se identificar mais com a ansiedade ou a apatia, o autoconhecimento é uma ferramenta poderosa. Refletir sobre como suas emoções influenciam suas decisões pode ajudá-lo a identificar padrões de comportamento que não estão servindo ao seu bem-estar. Pergunte-se:

Como eu reajo diante de situações incertas?

Minhas escolhas estão sendo guiadas pelo medo ou pela desmotivação?

O que eu posso fazer para me sentir mais no controle ou mais engajado?

Quando buscar ajuda profissional

Nem sempre é fácil lidar com essas questões sozinho. Se você perceber que a ansiedade ou a apatia estão interferindo significativamente na sua qualidade de vida, buscar apoio profissional pode ser um passo transformador.

Psicólogos e psiquiatras podem ajudar a desenvolver estratégias personalizadas para lidar com essas emoções, permitindo que você retome o controle da sua vida.

Emoções não são inimigas

É importante lembrar que nossas emoções não são inimigas – elas são parte fundamental de quem somos. A ansiedade, por exemplo, pode nos alertar para perigos reais, enquanto a apatia pode ser um sinal de que precisamos de descanso ou mudanças.

O segredo está em aprender a equilibrar essas emoções, para que elas não assumam o controle total das nossas decisões.

Afinal, você é muito mais do que suas emoções. Com autoconhecimento, estratégias adequadas e, quando necessário, apoio profissional, é possível transformar a maneira como você lida com a incerteza e tomar decisões que realmente refletem seus valores e objetivos.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

Artigos: 206
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