Depressão paterna: estudo revela como a saúde mental dos pais afeta o comportamento dos filhos

A depressão paterna é real e pode afetar profundamente o comportamento e o bem-estar emocional das crianças por muitos anos.

A depressão paterna ainda é um tema pouco discutido quando falamos de saúde mental.

Enquanto a depressão pós-parto nas mães já é mais conhecida, os impactos da saúde emocional dos pais muitas vezes passam despercebidos — mesmo sendo um problema real, frequente e que pode afetar profundamente a vida dos filhos.

Um estudo da Rutgers Health, nos Estados Unidos, mostra que quando os pais sofrem de depressão, os impactos negativos nas crianças podem se estender por muitos anos, especialmente no comportamento e na adaptação escolar.

A seguir, aqui no SaúdeLab, você fica por dentro dos detalhes desse estudo e entende o que é a depressão paterna, quais seus impactos e por que esse tema precisa ganhar mais espaço nas conversas sobre saúde mental familiar.

O que é depressão e como ela se manifesta nos adultos

A depressão é um transtorno mental comum que vai muito além de se sentir triste ou desanimado de vez em quando.

Ela afeta o humor, os pensamentos e o corpo, provocando sintomas como:

  • Tristeza persistente;
  • Falta de energia ou motivação;
  • Alterações no sono e no apetite;
  • Dificuldade de concentração;
  • Sensação de culpa ou inutilidade;
  • Perda de interesse por atividades que antes eram prazerosas.

É uma condição que precisa de atenção médica e psicológica, pois pode comprometer a vida pessoal, profissional e familiar do indivíduo.

O que é depressão paterna e por que ela importa

A depressão paterna ocorre quando o pai da criança sofre com sintomas depressivos durante a criação dos filhos.

Ela pode surgir logo após o nascimento, mas também aparecer nos anos seguintes — e muitas vezes passa despercebida.

Isso acontece porque, na cultura popular, o pai é visto como o “forte” da família, alguém que deve sustentar, proteger e não demonstrar fraquezas.

Essa expectativa social acaba dificultando que muitos pais reconheçam seus próprios sinais de depressão e, ainda mais, que busquem ajuda.

No entanto, ignorar esse problema pode gerar impactos sérios — não só para o pai, mas principalmente para os filhos.

Estudos internacionais mostram que entre 8% e 13% dos pais podem apresentar algum grau de depressão nos primeiros anos de vida dos filhos.

E esse número pode saltar para até 50% quando a mãe também enfrenta depressão pós-parto.

Ou seja, o problema é muito mais comum do que se imagina.

O que mostrou o estudo sobre depressão paterna

O estudo publicado no American Journal of Preventive Medicine utilizou dados do Estudo sobre o Futuro das Famílias e o Bem-Estar Infantil (FFCWS, na sigla em inglês).

Trata-se de uma ampla pesquisa americana que acompanha o desenvolvimento de crianças e suas famílias desde o nascimento, em diferentes cidades dos Estados Unidos.

Os pesquisadores analisaram informações de mais de 1.400 pais e seus filhos.

Avaliaram os sintomas de depressão dos pais quando as crianças tinham 5 anos de idade e, quatro anos depois, investigaram como essas crianças se comportavam na escola com base em relatos dos professores.

Os resultados mostraram uma conexão clara entre depressão paterna e dificuldades no comportamento das crianças.

Os filhos de pais com sintomas depressivos tinham mais chances de apresentar:

  • Agressividade ou comportamento desafiador;
  • Agitação e inquietação em sala de aula;
  • Dificuldade para seguir regras e cooperar;
  • Baixa autoestima;
  • Problemas de socialização com colegas.

Desempenho escolar, relações e desenvolvimento emocional

Esses comportamentos afetam diretamente o desempenho escolar, a qualidade das relações interpessoais e até o desenvolvimento emocional a longo prazo.

Segundo os pesquisadores, momentos como a entrada no jardim de infância são marcos importantes na vida da criança — e dificuldades emocionais nesse período podem desencadear problemas que se estendem por toda a fase escolar.

Além disso, o estudo controlou outros fatores, como nível socioeconômico e presença de depressão materna, reforçando ainda mais o peso da saúde mental do pai sobre o bem-estar da criança.

Como a depressão paterna afeta o ambiente familiar

Viver com um pai deprimido pode significar uma convivência marcada por menos diálogo, menos apoio emocional e até mais conflitos dentro de casa.

Um pai que está enfrentando a depressão pode se tornar menos participativo, mais irritado ou até emocionalmente ausente.

Mesmo que isso não aconteça por má vontade, a criança sente essa ausência — e muitas vezes reage a isso com insegurança, medo ou comportamentos mais difíceis.

Além disso, quando o pai está em sofrimento, é comum que a dinâmica familiar como um todo se desequilibre.

Isso pode gerar mais sobrecarga para a mãe ou outros cuidadores, e criar um ambiente estressante para todos.

Depressão paterna: o silêncio e o peso da masculinidade

Um dos maiores obstáculos para o diagnóstico e tratamento da depressão paterna é o estigma.

Muitos homens ainda acreditam que demonstrar sentimentos ou pedir ajuda é sinal de fraqueza.

Isso faz com que a maioria esconda seus sintomas ou não reconheça que está passando por uma depressão.

Pesquisadores que participaram do estudo destacam que é preciso dar atenção à saúde emocional dos pais, assim como já acontece com as mães.

Eles defendem que os profissionais da saúde, especialmente pediatras, também devem conversar com os pais sobre seu estado emocional, e não apenas com as mães.

Com isso, seria possível desenvolver estratégias de acolhimento que envolvam toda a família.

Cuidar da saúde mental do pai é, portanto, uma medida de prevenção também para os filhos.

Existe tratamento para depressão paterna?

Sim. A depressão paterna, como qualquer outro tipo de depressão, tem tratamento. O primeiro passo é o reconhecimento dos sintomas.

A partir disso, o homem pode buscar apoio psicológico e, se necessário, acompanhamento médico.

Quanto mais cedo o tratamento começar, menores são as chances de que a depressão cause danos prolongados — tanto ao pai quanto aos filhos.

Falar sobre depressão paterna é um ato de cuidado

Trazer o tema à tona é essencial para quebrar tabus.

Inúmeros pais enfrentam a depressão paterna em silêncio, sem perceber que o que sentem tem nome, causa reconhecida e, principalmente, possibilidade de tratamento.

Além disso, homens que enfrentam seus problemas emocionais e buscam ajuda podem ser exemplos valiosos para seus filhos.

Eles mostram, com atitude, que vulnerabilidade faz parte da vida e que é possível superar momentos difíceis com apoio.

Essa pode ser uma lição poderosa que a criança leva para a vida inteira.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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