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Dor no peito: desconforto muscular ou infarto?
“Um ponto de atenção importante é sabermos que a dor do infarto nem sempre aparece no peito e do lado esquerdo"
Uma dúvida bastante comum no consultório está relacionada à dor na região do tórax. Pode ser um infarto? Ou apenas uma dor muscular?
Muitos pacientes chegam à consulta com uma grande preocupação, pois já imaginam estar sofrendo um infarto.
Por outro lado, algumas pessoas, principalmente as mais idosas que não querem preocupar a família, tendem a esconder os sintomas, o que pode ser um risco gigantesco.
Então, como identificamos se determinada dor é apenas um desconforto muscular ou pode significar um problema mais grave no coração?
Normalmente, a dor muscular é uma dor constante, que está presente o tempo todo. E tende a piorar com algum movimento, como uma respiração mais profunda, ou quando fazemos alguma pressão na região.
É uma dor que pode ocorrer também nas costas e costuma durar alguns dias.
No caso do infarto do miocárdio, trata-se de uma dor mais aguda. Ela não chega a durar muitos dias, pois está relacionada a danos e ao sofrimento do músculo do coração.
Ou seja, se o paciente não recebe o tratamento adequado de forma rápida, há uma desestabilização das funções cardíacas, podendo levar a arritmias, alterações da pressão arterial, desmaios e até uma morte súbita.
Também não é comum a dor do infarto piorar com movimentos ou respiração profunda. Isso porque o músculo cardíaco está sofrendo, independentemente das ações do paciente.
Um ponto de atenção importante é sabermos que a dor do infarto nem sempre aparece no peito e do lado esquerdo.
O mais comum é uma dor no centro do tórax, com sensação de “aperto” ou “queimação”.
Mas a orientação que costumamos dar aos pacientes é que dores agudas da parte superior do abdome até a mandíbula inferior, seja do lado esquerdo ou do lado direito, podem sugerir um infarto.
É claro que é preciso sempre analisar outros fatores. Se o paciente já tem riscos para um infarto, por exemplo.
Se esse for o caso, é essencial a avaliação médica com a devida urgência.
Em especial se a dor aparecer em determinadas condições, como depois de uma atividade física mais intensa ou um momento de estresse emocional.
O médico poderá analisar características como a idade do paciente, seu histórico clínico e outros sintomas relacionados como a falta de ar, cansaço extremo, suor frio e até enjoo.
Se estamos diante de um paciente jovem com dor no abdome, muito provavelmente, é um caso de estômago.
Agora, se o paciente já é idoso, tabagista, hipertenso, sedentário, é um episódio de maior preocupação.
Também pode ser uma dor de estômago? Claro! Mas é importante um atendimento de emergência para avaliação e acompanhamento.
Algo que precisamos sempre ter em mente: tempo é essencial nos casos de infarto do miocárdio.
Quanto mais tempo o músculo cardíaco ficar em sofrimento, piores serão as sequelas e menores as chances de recuperação.
Então, a principal orientação é: você está com dúvidas sobre a sua dor? Procure ajuda médica!
Em casos de pacientes com fatores de risco – diabéticos, sedentários, obesos, tabagistas, mulheres no pós-menopausa – a recomendação de buscar por atendimento é ainda maior.
Lembrando que a medicina deve ser sempre individualizada.
Aqui, podemos fazer algumas recomendações gerais, mas existem sempre as exceções às regras.
* Dr. Ricardo Ferreira é médico cardiologista, doutor pela Universidade de São Paulo e especialista em Estimulação Cardíaca Artificial, Arritmia Clínica e Eletrofisiologia Clínica e Invasiva
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