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Será o fim do Exame de Papanicolau como conhecemos? Novo dispositivo permite coleta em casa
O exame de papanicolau agora pode ser feito em casa nos EUA. Saiba como funciona essa novidade e a importância da prevenção do câncer de colo do útero.
O exame de papanicolau, que há décadas é uma das principais ferramentas na prevenção do câncer de colo do útero, pode estar passando por uma transformação.
Nesta sexta-feira, 16, um dispositivo que permite a coleta do exame em casa foi liberado pela FDA (Food and Drug Administration), órgão que regula medicamentos e alimentos nos Estados Unidos.
Desenvolvido pela empresa Teal Health, o novo dispositivo foi projetado para que mulheres façam a coleta de células do colo do útero sozinhas, com segurança e privacidade.
Com isso, surge uma pergunta inevitável: será o fim do exame de papanicolau como o conhecemos?
Aqui no SaúdeLAB, você vai entender como funciona o novo exame em casa, o que muda com essa inovação e por que o exame de papanicolau continua sendo indispensável na prevenção; além de relembrar o que é câncer de colo do útero e por que o diagnóstico precoce faz toda a diferença.
Exame de papanicolau: um aliado histórico na prevenção
Desenvolvido em 1928 pelo médico grego Georgios Papanikolaou, o exame de papanicolau revolucionou a saúde feminina ao permitir a detecção precoce de alterações nas células do colo do útero.
Antes disso, o câncer cervical (do colo do útero) era uma das principais causas de morte entre as mulheres devido à doença
Com a popularização do exame ao longo do século XX, as taxas de mortalidade diminuíram drasticamente em vários países.
No procedimento tradicional, um espéculo é utilizado para abrir o canal vaginal e permitir a coleta de células diretamente do colo do útero.
Embora seja considerado seguro e eficaz, muitas mulheres relatam desconforto ou até mesmo deixam de realizar o exame por vergonha, dor ou falta de acesso a serviços de saúde.
É justamente esse cenário que o novo dispositivo busca transformar.
Como funciona o novo exame em casa
A tecnologia aprovada pela FDA consiste em um aplicador com uma pequena esponja na ponta, semelhante a um cotonete.
A mulher realiza a coleta seguindo as instruções enviadas junto com o kit.
Em seguida, o material é colocado em um recipiente e enviado por correio para análise laboratorial.
Antes da coleta, a paciente passa por uma consulta online por telemedicina, onde recebe orientações e tem a chance de tirar dúvidas.
Caso o resultado indique alguma alteração, a mulher é encaminhada para uma consulta presencial.
Com esse novo formato de exame em casa, a expectativa é de que mais mulheres consigam manter seus exames de rastreamento em dia.
Isso pode ajudar a reduzir o número de casos de câncer do colo do útero diagnosticados em estágios avançados.
Estudo comprova eficácia do autoexame
A aprovação da FDA veio após a realização de um estudo com mulheres nos Estados Unidos.
A pesquisa comprovou que os resultados do autoexame foram tão eficazes quanto os do exame feito em consultório médico.
Mais do que isso: a maioria das participantes afirmou preferir o modelo caseiro e disse que se sentiria mais motivada a realizar exames regulares se pudesse fazer a coleta em casa.
Esse dado é especialmente importante, considerando que a falta de adesão ao exame é um dos principais fatores que contribuem para o diagnóstico tardio do câncer cervical.
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O que é câncer de colo do útero e como prevenir
Para entender a importância do exame, é essencial saber o que é câncer de colo do útero.
Trata-se de um tumor que se desenvolve na parte inferior do útero, geralmente causado pela infecção persistente pelo HPV, um vírus sexualmente transmissível.
Em seus estágios iniciais, a doença pode não apresentar sintomas, por isso o rastreamento periódico é tão necessário.
Nos Estados Unidos, aproximadamente 13 mil mulheres são diagnosticadas com esse tipo de câncer todos os anos, com uma taxa de mortalidade de cerca de 30%.
Já no Brasil, o cenário é ainda mais preocupante: o Ministério da Saúde estima que mais de 17 mil novos casos sejam registrados anualmente, tornando o câncer de colo do útero o terceiro mais comum entre mulheres no país.
É nesse contexto que o exame de papanicolau segue sendo uma ferramenta essencial.
Mesmo com a chegada de novos testes, ele ainda representa o principal método de detecção de alterações celulares precoces.
Brasil investe em outro tipo de exame preventivo
Enquanto os EUA aprovam o uso do exame em casa, o Brasil começa a adotar uma outra estratégia para o rastreamento da doença.
Em maio deste ano, o SUS passou a oferecer gradualmente um exame molecular capaz de identificar diretamente o DNA do HPV, antes mesmo que ele cause alterações celulares.
Diferente do Papanicolau, que detecta células já modificadas, esse novo teste é mais sensível e atua na etapa inicial da infecção.
No entanto, a coleta ainda precisa ser feita em uma unidade de saúde.
A implementação do exame deverá ser feita de forma progressiva nos próximos anos.
Esses avanços demonstram que a medicina caminha para métodos de rastreamento cada vez mais acessíveis e eficientes.
Mas isso não significa que o exame de papanicolau está descartado. Pelo contrário: ele continua sendo um dos principais aliados da saúde da mulher.
Autoexame começa pela Califórnia, sem previsão de chegada ao Brasil
A Teal Health, empresa responsável pela nova tecnologia, informou que a distribuição do dispositivo começará pela Califórnia.
A ideia é expandir gradualmente para outros estados norte-americanos.
Por enquanto, não há planos divulgados para oferecer o produto em outros países.
Mesmo assim, a proposta pode inspirar novas iniciativas de coleta domiciliar, inclusive no Brasil.
Um futuro com mais opções (e menos barreiras)
Ainda é cedo para dizer que estamos diante do fim do exame de papanicolau como conhecemos.
Mas é evidente que os métodos de prevenção estão se diversificando.
Seja com exames moleculares ou dispositivos de exame em casa, o objetivo permanece o mesmo: facilitar o acesso, reduzir as barreiras e salvar vidas.
O importante é que as mulheres tenham acesso a informações claras, opções seguras e o apoio necessário para cuidar de sua saúde íntima.
Quanto mais opções de rastreamento estiverem disponíveis, incluindo o tradicional exame de papanicolau, aumentam-se as chances de detectar precocemente o câncer de colo do útero e melhorar os resultados do tratamento.
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