Doenças da tireoide: entenda causas, sintomas e tratamentos

Você sabia que alterações na tireoide podem afetar desde seu peso até seu humor? Essa pequena glândula localizada na parte anterior do pescoço tem um papel central no funcionamento do nosso corpo, e qualquer desequilíbrio pode provocar sintomas que comprometem significativamente a qualidade de vida.

As doenças da tireoide afetam milhões de pessoas em todo o mundo e, muitas vezes, passam despercebidas por longos períodos. No Brasil, estima-se que cerca de 15% da população apresente algum distúrbio relacionado à tireoide, sendo a maior parte composta por mulheres adultas, especialmente após os 35 anos.

Hoje, aqui no SaúdeLAB, você vai entender o que é a tireoide, quais são as doenças mais comuns que afetam essa glândula, seus principais sintomas, como é feito o diagnóstico e quais são as opções de tratamento disponíveis atualmente.

O que é a tireoide e por que ela é tão importante?

A tireoide é uma glândula endócrina em formato de borboleta que fica posicionada na parte frontal do pescoço, logo abaixo do “pomo de Adão”. Apesar de seu tamanho pequeno, sua função é vital para o equilíbrio de diversos sistemas do corpo humano.

Ela é responsável pela produção de dois hormônios principais: triiodotironina (T3) e tiroxina (T4).

Esses hormônios são regulados por outro hormônio chamado TSH (hormônio estimulante da tireoide), que é produzido pela hipófise, uma glândula localizada no cérebro.

O TSH atua como um “mensageiro”, informando à tireoide quando deve produzir mais ou menos hormônios.

Esses hormônios tireoidianos influenciam quase todos os órgãos e processos do corpo. Entre suas principais funções, destacam-se:

  • Regulação do metabolismo: controlam a velocidade com que o corpo utiliza energia.
  • Controle da temperatura corporal: ajudam a manter a temperatura estável.
  • Frequência cardíaca: influenciam o ritmo dos batimentos do coração.
  • Desenvolvimento e funcionamento do sistema nervoso.
  • Crescimento e desenvolvimento infantil.
  • Fertilidade e ciclos menstruais.

Por isso, qualquer alteração na produção desses hormônios — seja em excesso ou em deficiência — pode gerar uma série de sintomas físicos e emocionais, que variam conforme o tipo de disfunção.

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Principais doenças da tireoide

A tireoide pode ser acometida por diferentes tipos de distúrbios, que afetam a produção hormonal, a estrutura da glândula ou sua função imunológica. Conhecer essas condições é essencial para identificar sintomas precocemente e buscar tratamento adequado.

Hipotireoidismo

O hipotireoidismo ocorre quando a tireoide não produz hormônios em quantidade suficiente para atender às necessidades do organismo. Esses hormônios (T3 e T4) são fundamentais para o metabolismo, e sua deficiência desacelera o funcionamento de diversos órgãos.

A principal causa é a tireoidite de Hashimoto, uma condição autoimune que destrói progressivamente as células da tireoide. Outras causas incluem deficiência de iodo (em regiões onde a ingestão do mineral é baixa), efeitos colaterais de certos medicamentos, como o lítio e a amiodarona, e retirada cirúrgica da tireoide (total ou parcial).

Os sintomas costumam surgir de forma lenta e incluem cansaço persistente, ganho de peso sem causa aparente, ressecamento da pele, prisão de ventre, sensibilidade ao frio, depressão e alterações menstruais. Em casos mais avançados, pode haver queda de cabelo, inchaço no rosto e lentidão nos pensamentos.

O tratamento é feito com a reposição do hormônio tireoidiano por meio da levotiroxina (T4 sintético), administrada diariamente. O acompanhamento médico é essencial para ajustar a dose conforme os níveis de TSH e T4 livre no sangue.

Hipertireoidismo

No hipertireoidismo, ocorre o oposto: a tireoide passa a produzir hormônios em excesso, acelerando o metabolismo do corpo. Essa condição pode causar sintomas intensos e de rápida progressão.

A causa mais comum é a Doença de Graves, uma doença autoimune que estimula de forma contínua a tireoide a produzir hormônios. Outras causas incluem o bócio multinodular tóxico, adenomas funcionantes (nódulos autônomos que secretam hormônios) e inflamações transitórias da glândula (como a tireoidite subaguda).

Os sintomas mais frequentes incluem perda de peso repentina, mesmo com apetite preservado ou aumentado, irritabilidade, ansiedade, tremores nas mãos, insônia, sudorese excessiva, aumento da frequência cardíaca (taquicardia) e intolerância ao calor. Mulheres podem apresentar irregularidades menstruais.

O tratamento varia conforme a gravidade e a causa. Pode incluir medicamentos antitireoidianos (como metimazol ou propiltiouracil), iodo radioativo para destruição controlada da glândula e, em casos selecionados, cirurgia para remoção parcial ou total da tireoide.

Tireoidite de Hashimoto

A tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune crônica, em que o próprio sistema imunológico ataca as células da tireoide, causando inflamação progressiva e destruição do tecido glandular. É a causa mais comum de hipotireoidismo em adultos.

Inicialmente, muitos pacientes são assintomáticos. Com o tempo, a destruição da glândula leva à redução na produção hormonal, surgindo sintomas típicos do hipotireoidismo.

Em algumas fases iniciais, pode ocorrer um quadro transitório de hipertireoidismo leve, devido à liberação de hormônios armazenados, antes da queda definitiva dos níveis hormonais.

O diagnóstico é confirmado por exames laboratoriais que mostram TSH elevado, T4 livre reduzido e presença de anticorpos anti-TPO (peroxidase tireoidiana) e anti-tireoglobulina. A ultrassonografia também pode mostrar alterações características na estrutura da glândula, como hipoecogenicidade e heterogeneidade.

O tratamento é o mesmo utilizado no hipotireoidismo: reposição com levotiroxina e monitoramento periódico dos níveis hormonais. Embora não haja cura para a Hashimoto, a maioria dos pacientes responde bem à reposição hormonal adequada.

Doença de Graves

A doença de Graves é uma condição autoimune em que o próprio sistema imunológico estimula de forma excessiva a tireoide, levando à produção exagerada de hormônios — o que caracteriza o hipertireoidismo.

Um dos sinais mais marcantes é a exoftalmia, quando os olhos ficam saltados devido ao acúmulo de tecido atrás do globo ocular. Além disso, os pacientes costumam apresentar:

  • Perda de peso rápida, mesmo com alimentação normal;
  • Tremores nas mãos;
  • Aumento dos batimentos cardíacos (palpitações);
  • Ansiedade, irritabilidade e insônia;
  • Sudorese e intolerância ao calor.

O tratamento envolve o uso de medicamentos antitireoidianos, como metimazol, além de terapias mais definitivas, como iodo radioativo (que destrói parte do tecido tireoidiano) ou cirurgia (tireoidectomia), nos casos mais graves ou refratários.

Nódulos na tireoide

Os nódulos tireoidianos são muito comuns, especialmente em mulheres acima dos 40 anos. São pequenas formações que podem ser sólidas ou císticas (com líquido), geralmente benignas, mas que requerem avaliação cuidadosa para descartar câncer.

A maioria não causa sintomas e é descoberta em exames de rotina. Em alguns casos, podem gerar:

  • Sensação de “caroço” no pescoço;
  • Dificuldade para engolir;
  • Rouquidão;
  • Produção excessiva ou deficiente de hormônios, dependendo da natureza do nódulo.

O diagnóstico é feito por ultrassonografia da tireoide e, se necessário, por punção aspirativa com agulha fina (PAAF), que analisa o conteúdo do nódulo.

O tratamento depende do tamanho, do risco de malignidade e da função hormonal. Nódulos benignos pequenos geralmente são apenas acompanhados. Já os maiores, ou com suspeita de câncer, podem exigir cirurgia.

Bócio (tireoide aumentada)

O termo bócio se refere ao aumento do volume da glândula tireoide, visível ou palpável na parte anterior do pescoço. Pode estar associado tanto a alterações hormonais (hipo ou hipertireoidismo) quanto a uma função normal (eutireoidismo).

Causas comuns:

  • Deficiência de iodo, mais comum em regiões com baixo consumo do mineral;
  • Doenças autoimunes, como Hashimoto ou Graves;
  • Presença de nódulos ou cistos múltiplos.

O tratamento varia de acordo com a causa. Pode envolver reposição de iodo, tratamento hormonal ou cirurgia, quando o bócio causa sintomas compressivos ou tem crescimento progressivo.

Câncer de tireoide

Embora seja menos comum do que outros tipos de câncer, o câncer de tireoide tem apresentado aumento nos diagnósticos nos últimos anos — em parte devido à maior realização de exames de imagem.

A boa notícia é que, na maioria dos casos, ele tem alta taxa de cura, especialmente quando detectado precocemente.

Tipos mais frequentes:

  • Carcinoma papilífero: mais comum e com excelente prognóstico.
  • Carcinoma folicular: também com bom índice de cura.
  • Carcinoma medular: menos comum, pode estar associado a síndromes genéticas.
  • Carcinoma anaplásico: forma mais agressiva e rara.

Sintomas que podem indicar câncer:

  • Nódulo duro e fixo no pescoço;
  • Crescimento rápido da massa;
  • Rouquidão persistente;
  • Dificuldade para engolir ou respirar.

O diagnóstico inclui ultrassonografia, PAAF, exames hormonais e, em alguns casos, cintilografia da tireoide ou biópsia cirúrgica.

O tratamento geralmente envolve cirurgia para retirada total ou parcial da tireoide, seguida por iodoterapia (uso de iodo radioativo) e reposição hormonal com levotiroxina. O acompanhamento de longo prazo é fundamental.

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Como identificar alterações na tireoide?

Muitas doenças da tireoide se instalam de forma silenciosa, com sintomas que podem ser confundidos com outras condições, como ansiedade, depressão ou até mesmo cansaço comum. Por isso, exames específicos são fundamentais para o diagnóstico preciso.

Exames laboratoriais

  • TSH (Hormônio Estimulador da Tireoide): é o principal exame de rastreio. Níveis alterados indicam se a glândula está funcionando de forma insuficiente (hipo) ou exagerada (hiper).
  • T3 e T4 livres: medem diretamente os hormônios produzidos pela tireoide, ajudando a entender a gravidade e o tipo da disfunção.
  • Anticorpos antitireoidianos: como anti-TPO e TRAb, ajudam a identificar doenças autoimunes, como Hashimoto e Graves.

Exames de imagem

  • Ultrassonografia da tireoide: avalia o tamanho da glândula, presença de nódulos e características sugestivas de benignidade ou malignidade.
  • Cintilografia da tireoide: utilizada para investigar o funcionamento de nódulos tireoidianos (“quentes” ou “frios”).
  • Punção aspirativa por agulha fina (PAAF): indicada para nódulos suspeitos, permite coletar amostras para análise citológica.

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Quando procurar um endocrinologista?

Diante de sintomas persistentes, como cansaço extremo, alterações de peso sem causa aparente, sudorese excessiva, queda de cabelo ou irregularidades menstruais.

Quando há histórico familiar de doenças autoimunes ou da tireoide.

Em caso de detecção de nódulo ou aumento da glândula no exame físico ou ultrassom.

Tratamentos para doenças da tireoide

O tratamento varia conforme o tipo de distúrbio, a causa subjacente, a gravidade dos sintomas e as características individuais do paciente. O acompanhamento médico é essencial para garantir eficácia e segurança.

Hipotireoidismo

  • Reposição hormonal com levotiroxina (T4): tratamento padrão, feito por via oral, geralmente de uso contínuo e com monitoramento periódico do TSH.

Hipertireoidismo

  • Medicamentos antitireoidianos: como metimazol ou propiltiouracil, reduzem a produção hormonal.
  • Iodo radioativo: age destruindo parte da glândula tireoidiana, sendo um tratamento definitivo em muitos casos.
  • Cirurgia (tireoidectomia): indicada em casos de intolerância ao medicamento, grandes bócios ou suspeita de câncer.

Nódulos e câncer de tireoide

  • Conduta expectante: para nódulos benignos e pequenos, com acompanhamento periódico.
  • Cirurgia: indicada em casos de nódulos malignos ou com alterações suspeitas na PAAF.
  • Terapia com iodo radioativo e supressão hormonal: em alguns tipos de câncer, para reduzir o risco de recidiva.

Suporte nutricional e acompanhamento

Embora não substituam o tratamento médico, hábitos alimentares equilibrados, controle do estresse e acompanhamento psicológico podem ajudar a melhorar a qualidade de vida. Pacientes com distúrbios autoimunes podem se beneficiar de uma alimentação anti-inflamatória, sempre sob orientação profissional.

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Tratamento individualizado

Cada paciente responde de forma diferente às terapias. Por isso, o tratamento deve ser sempre individualizado, levando em conta fatores como idade, comorbidades, intenção de gravidez, entre outros.

A importância do diagnóstico precoce

Detectar as alterações na tireoide o quanto antes faz toda a diferença. Um diagnóstico precoce permite iniciar o tratamento antes que o quadro evolua para complicações mais sérias, como:

  • Infertilidade ou dificuldade para engravidar, especialmente em mulheres com hipotireoidismo não tratado;
  • Problemas cardíacos, como arritmias, hipertensão e insuficiência cardíaca;
  • Alterações de humor e saúde mental, incluindo depressão, ansiedade e oscilações emocionais;
  • Déficits de crescimento e desenvolvimento em crianças e adolescentes;
  • Comprometimento da qualidade de vida, com impacto no desempenho físico, mental e social.

Além disso, o tratamento precoce reduz a necessidade de intervenções mais invasivas, como cirurgias, e melhora o controle dos sintomas com doses menores de medicação.

Dúvidas frequentes sobre doenças da tireoide

1. Tireoide engorda ou emagrece?

Alterações na tireoide podem sim afetar o peso corporal. No hipotireoidismo, a produção insuficiente de hormônios faz o metabolismo ficar mais lento, o que pode levar ao ganho de peso, retenção de líquidos e sensação de inchaço.

Já no hipertireoidismo, o excesso hormonal acelera o metabolismo, podendo causar perda de peso rápida mesmo com aumento do apetite. Porém, o peso é influenciado por diversos fatores, como alimentação e atividade física, então mudanças no peso nem sempre indicam problemas na tireoide.

2. Nódulo na tireoide é sempre câncer?

Não. A maioria dos nódulos na tireoide é benigna. Estima-se que apenas cerca de 5 a 10% dos nódulos sejam malignos. Por isso, é fundamental realizar exames como ultrassonografia e, se indicado, punção aspirativa para analisar o nódulo e definir a conduta adequada.

O acompanhamento médico é essencial para garantir que qualquer alteração suspeita seja identificada precocemente.

3. Quem tem Hashimoto pode engravidar?

Sim, mulheres com tireoidite de Hashimoto podem engravidar normalmente, desde que a doença esteja bem controlada com tratamento adequado.

É importante manter os níveis hormonais equilibrados antes e durante a gestação para reduzir riscos de complicações como aborto espontâneo, parto prematuro ou problemas no desenvolvimento do bebê. O acompanhamento com endocrinologista e obstetra é fundamental.

4. Hipotireoidismo tem cura?

O hipotireoidismo, especialmente quando causado por doenças autoimunes como Hashimoto, geralmente não tem cura definitiva, mas pode ser controlado com reposição hormonal adequada.

O tratamento regular com levotiroxina permite que o paciente tenha uma vida normal, sem sintomas, desde que o acompanhamento seja constante para ajustar as doses conforme a necessidade.

5. Posso viver sem a tireoide?

Sim, é possível viver sem a tireoide. Após a retirada da glândula (tireoidectomia), o paciente precisa fazer reposição hormonal diária para suprir a falta dos hormônios que a tireoide produzia. Com o tratamento correto e acompanhamento médico, a qualidade de vida pode ser muito boa.

Prestar atenção aos sintomas que podem indicar alterações na tireoide é essencial para buscar avaliação médica precoce e evitar complicações. Mesmo na ausência de sintomas evidentes, o acompanhamento regular é importante, especialmente para pessoas com histórico familiar ou fatores de risco.

Manter o controle das doenças da tireoide com tratamentos adequados e estilo de vida saudável contribui para uma melhor qualidade de vida.

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Enf. Raquel Souza de Faria
Enf. Raquel Souza de Faria

Sou Raquel Souza de Faria, Enfermeira (COREN – MG 212.681) Especialista em Docência do Ensino Superior, Consultora de Enfermagem em Núcleo de Segurança do Paciente, Gestora de Serviços de Atenção Básica/Saúde da Família. Empresária e Empreendedora, amante da Fitoterapia e das Terapias Holísticas, oferecendo bem-estar e prevenção de doenças como Auriculoterapêuta e Esteticista.
E-mail: raqueldefaria68@gmail.com

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