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O que é neuralgia do trigêmeo e por que até um toque no rosto causa dor insuportável
A veterinária mineira Carolina Arruda Leite, de 28 anos, emocionou muita gente ao compartilhar nas redes sociais sua luta contra uma condição rara e devastadora: a neuralgia do trigêmeo.
A doença, considerada pela medicina como uma das mais dolorosas do mundo, provoca crises intensas de dor no rosto e pode tornar atividades simples (como mastigar, falar ou até escovar os dentes) experiências insuportáveis.
Carolina voltou a ser notícia recentemente após acordar de um coma induzido na Santa Casa de Alfenas (MG), procedimento realizado pela equipe médica como tentativa de “reiniciar” seu cérebro e fazê-lo responder novamente aos medicamentos.
Nas redes sociais, a jovem desabafou sobre a dor constante, chamando-a de “tortura invisível” e relatando que buscava apenas alguns dias de paz.
A história dela, no entanto, já havia chamado atenção nacional em 2024, quando decidiu abrir uma vaquinha on-line para arrecadar recursos com o objetivo de realizar morte assistida na Suíça, prática proibida no Brasil.
Esse caso trouxe para o centro do debate um tema que muitos nunca ouviram falar: afinal, o que é neuralgia do trigêmeo e por que ela é conhecida como a doença da pior dor do mundo?
O que é neuralgia do trigêmeo
A neuralgia do trigêmeo é uma condição que afeta o quinto nervo craniano, chamado de nervo trigêmeo. Esse nervo é responsável por transmitir sensações da face até o cérebro e também controla parte da mastigação.
Quando ocorre uma falha nesse nervo, o paciente sente descargas de dor súbita, descritas como choques elétricos ou pontadas violentas.
Essa dor pode ser desencadeada por estímulos simples, como tocar o rosto, passar batom, beber algo quente ou até sentir o vento bater na pele.
Na maioria dos casos, a doença atinge apenas um lado da face, mas no caso de Carolina, o quadro é bilateral, ou seja, afeta os dois lados, tornando ainda mais difícil o controle da dor.
Por que a neuralgia do trigêmeo acontece?
A principal causa da neuralgia do trigêmeo costuma ser a compressão do nervo por uma artéria mal posicionada, que pressiona a região em que ele se conecta ao cérebro.
Esse contato anormal gera impulsos dolorosos de forma repetida e intensa.
Em pessoas mais jovens, como Carolina, outras doenças podem estar associadas. Entre elas, esclerose múltipla, tumores que comprimem o nervo, aneurismas ou até malformações vasculares.
No caso da mineira, os médicos também avaliam a influência de outra condição autoimune diagnosticada recentemente: a espondiloartrite axial, que pode ter contribuído para o avanço e agravamento dos sintomas.

Sintomas que transformam a rotina
Para entender melhor o que é neuralgia do trigêmeo, é preciso imaginar a sensação relatada por quem convive com a doença.
Os pacientes descrevem a dor como choques repentinos, similares a descargas elétricas, que duram alguns segundos ou até dois minutos.
Porém, esses episódios podem se repetir dezenas ou até centenas de vezes ao longo do dia.
A dor geralmente atinge a bochecha, a mandíbula, a região próxima ao nariz ou o queixo.
O impacto é tão forte que, em muitos casos, as pessoas deixam de realizar tarefas básicas por medo de desencadear uma nova crise.
Comer, falar, sorrir ou se maquiar se transformam em desafios diários.
Não à toa, a condição é chamada por especialistas de “a pior dor do mundo”.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico da neuralgia do trigêmeo é basicamente clínico, ou seja, depende do relato do paciente e das características da dor.
Exames como a ressonância magnética podem ser solicitados para verificar se existe alguma artéria comprimindo o nervo ou se há tumores ou lesões que justifiquem os sintomas.
O grande desafio está no fato de que outras doenças também podem causar dor facial, como problemas nos dentes, nos seios da face ou até disfunções da articulação do maxilar.
Por isso, o olhar especializado é fundamental para descartar outras causas.
Tratamentos disponíveis
Além das opções de medicamentos e cirurgias, alguns pacientes são acompanhados com bloqueios temporários do nervo, em que um anestésico é aplicado diretamente na região afetada.
Isso serve tanto para aliviar a dor de forma imediata quanto para ajudar os médicos a decidir se outras intervenções podem funcionar.
Em situações muito graves, como a de Carolina, terapias alternativas vêm sendo estudadas, como o uso da cetamina em ambiente hospitalar.
Esse anestésico age bloqueando receptores do sistema nervoso que intensificam a dor, podendo trazer alívio para quem já não responde a nenhum outro tratamento convencional.
No entanto, é um recurso reservado apenas para casos refratários e sob supervisão médica rigorosa.
Apesar de tantas possibilidades, é importante entender que a neuralgia do trigêmeo não tem cura definitiva.
O objetivo do tratamento é oferecer períodos de alívio e melhorar a qualidade de vida do paciente.
Em alguns casos, a dor pode voltar mesmo após cirurgias, exigindo acompanhamento constante e, por vezes, novos procedimentos.
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O caso de Carolina: entre esperança e desespero
Carolina já passou por seis cirurgias no rosto ao longo da vida, tentando controlar a doença. Mesmo assim, a progressão da neuralgia bilateral fez com que as dores se tornassem cada vez mais incapacitantes.
O coma induzido foi adotado como último recurso, com o uso da cetamina, um anestésico estudado para o tratamento de dores crônicas resistentes.
A ideia era “reiniciar” o cérebro e bloquear receptores que amplificam os sinais de dor.
Em vídeo após o procedimento, a jovem contou que a dor não piorou, mas também não melhorou, e que seguia lutando por um pouco de paz.
Viver com a doença da pior dor do mundo
A neuralgia do trigêmeo pode não ser uma condição comum, mas seu impacto é devastador.
Entender o que é neuralgia do trigêmeo ajuda não apenas a dar visibilidade a quem enfrenta essa luta silenciosa, mas também a reforçar a importância da pesquisa, do diagnóstico precoce e do acesso a tratamentos inovadores.
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