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Saiba por que o derrame ocular aparece de repente e quando merece atenção
Na última semana, atendi no consultório uma paciente que chegou bastante preocupada. Ela havia acordado, olhou-se no espelho e encontrou uma mancha vermelha intensa em um dos olhos. O susto foi grande, porque a primeira reação dela foi pensar em algo grave, como um problema de visão ou até um “derrame” no cérebro. Na verdade, o que ela tinha era um derrame ocular, situação muito mais comum do que se imagina.
Esse quadro, que aparece de repente e chama a atenção pela aparência, costuma causar mais impacto visual do que riscos reais.
Na maior parte dos casos, desaparece sozinho em 1 a 2 semanas, podendo durar até 3, sem dor e sem alterar a visão.
Ainda assim, conhecer as causas, os sinais de alerta e os cuidados adequados é fundamental para lidar bem com o problema.
O que é o derrame ocular
Chamado também de hemorragia subconjuntival, o derrame ocular acontece quando um pequeno vaso sanguíneo se rompe na parte branca do olho, a esclera.
Esse sangue fica preso logo abaixo da conjuntiva, que é uma camada transparente que reveste o olho.
Por isso, a mancha aparece bem nítida, mas não costuma causar dor, nem prejudicar a visão.
É comum confundir o quadro com conjuntivite ou até com um ferimento grave, mas na maioria dos casos trata-se apenas de um sangramento localizado que o próprio organismo absorve com o tempo.
Causas mais comuns do derrame ocular
O derrame ocular pode ter origens simples e até passar despercebido no momento em que acontece. Entre as principais causas, estão:
- Esforço tipo Valsalva: ocorre em situações de tosse forte, espirro, vômito, prender a respiração, evacuar ou levantar peso.
- Atrito e pequenos traumas: esfregar os olhos ou levar uma batida leve na região pode ser suficiente para romper um vaso.
- Alterações de pressão arterial: picos de hipertensão, principalmente quando não estão bem controlados, aumentam o risco.
- Medicamentos anticoagulantes e antiagregantes: como varfarina, clopidogrel e aspirina, que deixam os vasos mais suscetíveis a sangramentos.
- Diabetes e fragilidade dos vasos sanguíneos: doenças crônicas podem facilitar rompimentos.
- Olhos secos: o ressecamento favorece o hábito de coçar, o que pode provocar o derrame ocular.
Essas são as causas mais comuns, mas em alguns casos o problema pode estar associado a condições de saúde mais complexas.
Riscos e sinais de alerta
Embora o derrame ocular costume desaparecer sozinho em até duas semanas, é importante saber identificar quando ele pode indicar algo além de um simples rompimento de vaso.
Alguns sinais exigem avaliação médica:
- Quando o derrame acontece várias vezes em pouco tempo.
- Se vier acompanhado de dor, sensibilidade à luz ou alteração na visão.
- Após trauma ocular, especialmente se houver dor ou baixa da visão, já que pode ser um hifema (sangue dentro da parte interna do olho).
- Quando a mancha vermelha ocupa grande parte do olho.
- Persistência além de 2 a 3 semanas ou recorrências frequentes.
- Presença de sangramentos em outros locais ou hematomas fáceis, o que pode indicar problemas de coagulação ou necessidade de ajuste do anticoagulante.
Em qualquer uma dessas situações, procurar o oftalmologista é essencial para investigar a causa e definir a conduta adequada.
Tratamento do derrame ocular
Na grande maioria dos casos, o derrame ocular não precisa de tratamento específico.
O sangue acumulado é reabsorvido pelo corpo aos poucos, sem causar sequelas.
O processo pode levar de alguns dias até três semanas, dependendo do tamanho do sangramento.
Alguns cuidados podem ajudar no conforto durante a recuperação:
- Lágrimas artificiais (colírios lubrificantes encontrados em farmácias): aliviam a sensação de areia ou ardência.
- Compressa fria breve: pode ser aplicada para dar mais conforto.
- Evitar coçar os olhos: o atrito pode aumentar a irritação e até causar novos sangramentos.
- Não usar colírios vasoconstritores (“que tiram o vermelho”), pois não tratam a causa e podem mascarar sinais importantes.
- Nunca suspender anticoagulantes por conta própria: qualquer ajuste deve ser feito apenas com orientação médica.
Como prevenir o derrame ocular
Alguns hábitos simples ajudam a reduzir bastante o risco de um derrame ocular:
- Manter a pressão arterial e glicemia controladas, evitando picos que fragilizam os vasos sanguíneos.
- Controlar episódios de tosse e constipação, já que eles aumentam a pressão nos vasos.
- Evitar esfregar os olhos e preferir sempre o uso de colírios lubrificantes quando houver incômodo.
- Usar óculos de proteção em situações de risco de trauma ocular.
- Checar a pressão arterial quando o derrame ocular acontece pela primeira vez ou se passa a se repetir.
- Realizar consultas oftalmológicas regulares, mesmo na ausência de sintomas.
Um sinal que merece atenção
O derrame ocular, apesar de chamar a atenção pela aparência, quase sempre é um problema benigno e temporário.
Ele costuma desaparecer sozinho, sem dor e sem comprometer a visão.
Mas quando ocorre repetidamente, demora mais que três semanas para melhorar, está associado a outros sintomas ou surge em pessoas com doenças crônicas, deve ser avaliado com cuidado.
O acompanhamento do oftalmologista garante segurança e tranquilidade, além de prevenir complicações.
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Eu sou Dr. Marco Antonio Félix Filho (CRM 52313 RQE 52872), oftalmologista especialista em glaucoma – @selo_visao