Saúde mental materna em alerta: os sinais que não podem ser ignorados

Setembro Amarelo é o mês de prevenção ao suicídio. Quando pensamos nesse tema, é urgente incluir a saúde mental materna nessa conversa.

O ciclo perinatal, que vai da gestação ao primeiro ano após o parto, é um dos períodos mais vulneráveis da vida da mulher.

Mais da metade das brasileiras apresenta alterações emocionais significativas nesse momento, e muitas não conseguem nomear ou buscar ajuda para o que estão sentindo.

Grande parte das mães relata culpa constante: por não amamentar como gostaria, por voltar ao trabalho, por sentir cansaço ou até por não viver a maternidade como imaginava.

Essa culpa pode parecer “normal”, mas quando se intensifica, pode evoluir para quadros de depressão e ansiedade.

Em casos graves, pode levar a pensamentos de morte. É preciso entender que a culpa materna não é fraqueza. É um sinal que merece acolhimento.

Estudos mostram que 25% das mulheres desenvolvem depressão perinatal e que 78% apresentam estresse no terceiro trimestre da gestação.

Em situações mais graves, pode surgir a psicose pós-parto, um quadro raro, mas sério, que pode causar delírios e alucinações.

Mulheres com depressão ou psicose têm até 17 vezes mais risco de apresentar ideias suicidas. Ou seja, saúde mental materna é também uma questão de saúde pública.

Saúde mental materna: sinais que exigem atenção imediata

Nem sempre a mãe consegue reconhecer que precisa de ajuda.

Alguns sinais pedem atenção: choro frequente, insônia persistente, sensação de culpa que não passa, medo intenso de cuidar do bebê, falta de prazer em atividades antes significativas, ou pensamentos de morte.

Quando esses sintomas aparecem, não se trata de “frescura” ou falta de fé. São alertas de que a saúde mental precisa de cuidado especializado.

O peso da rede de apoio (ou da falta dela)

A presença ou ausência de uma rede de apoio faz diferença.

Palpites, críticas e julgamentos fragilizam a mãe e podem agravar sintomas.

Já o apoio real, que respeita limites, oferece ajuda prática e escuta sem julgamento, funciona como fator de proteção.

Não basta dizer “conte comigo”, é preciso estar presente, dividir tarefas e reconhecer que a mulher não precisa enfrentar sozinha a exaustão e o medo muitas vezes presentes nesse período.

Buscar ajuda é cuidado, não fraqueza

Falar sobre saúde mental materna salva vidas.

Procurar um psicólogo perinatal, um psiquiatra ou um grupo de apoio não significa falha, mas sim responsabilidade consigo mesma e com o bebê.

Nenhuma mulher deveria carregar sozinha o peso de uma dor tão grande.

O Setembro Amarelo nos lembra que acolher, ouvir e apoiar pode ser a diferença entre vida e morte.

Perder uma mãe para o suicídio é uma tragédia que pode ser evitada.

Que esse mês seja um convite para enxergar as mulheres em sua totalidade, não apenas como mães, mas como pessoas que precisam de cuidado, respeito e escuta.

Porque cuidar da saúde mental materna é, também, cuidar da vida que está começando.

Leia também: Psicóloga explica: rede de apoio no pós-parto pode salvar ou adoecer a mãe

*Rafaela Schiavo é psicóloga perinatal e fundadora do Instituto MaterOnline. Dedica-se à saúde mental materna desde sua formação inicial, sendo autora de centenas de trabalhos científicos voltados à redução dos altos índices de sofrimento emocional durante a gestação e o puerpério.

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Psic Rafaela Schiavo
Psic Rafaela Schiavo

Rafaela Schiavo é psicóloga perinatal e fundadora do Instituto MaterOnline. Dedica-se à saúde mental materna desde sua formação inicial, sendo autora de centenas de trabalhos científicos voltados à redução dos altos índices de sofrimento emocional durante a gestação e o puerpério.

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