Tinta de tatuagem faz mal? Estudo revela efeito inesperado em vacinas

Um estudo publicado neste mês de novembro na revista PNAS trouxe respostas novas para uma dúvida comum: será que a tinta de tatuagem faz mal?

Para entender melhor o caminho desses pigmentos, os cientistas acompanharam como eles se comportam logo após a tatuagem, e descobriram que a história não termina na superfície da pele.

Assim que a agulha deposita o pigmento, uma parte dele escapa e segue pelos canais do sistema linfático até chegar aos gânglios linfáticos (ou linfonodos), estruturas que funcionam como “postos de vigilância” do sistema de defesa.

Ali, o pigmento se acumula e começa a ser engolido por macrófagos, que são células encarregadas de limpar agentes estranhos.

Só que o processo não termina aí; alguns desses macrófagos acabam morrendo depois de absorver o pigmento e liberam o material de volta. Então, outras células chegam para tentar remover aquilo de novo.

Esse “pega e larga” cria um ciclo contínuo e mantém o sistema de defesa sempre ativo naquela região.

A inflamação pode durar mais do que se imaginava

Como se trata de uma pesquisa experimental, os testes foram feitos em animais.

Isso permite observar de perto o que acontece dentro do corpo logo após a tatuagem, algo que não seria possível acompanhar da mesma forma em humanos.

De acordo com o estudo, mesmo dois meses depois da aplicação do pigmento, os gânglios linfáticos desses animais ainda apresentavam acúmulo de tinta e sinais persistentes de inflamação.

Esse achado não prova que tatuagem faz mal à saúde, mas também não permite dizer que esses efeitos são totalmente inofensivos.

O que a pesquisa mostra, por enquanto, é que o organismo continua lidando com esses materiais por muito mais tempo do que se imaginava, e que isso merece ser investigado com mais profundidade.

Essas observações ajudam a explicar por que algumas pessoas têm reações mais fortes ao tatuar e indicam que certos pigmentos podem se comportar de maneiras diferentes dentro do corpo.

A surpresa do estudo: impacto em vacinas próximas ao local da tatuagem

Um dos achados mais curiosos apareceu quando os pesquisadores testaram vacinas nos animais.

Quando a aplicação era feita no mesmo membro que drenava o pigmento da tatuagem, a resposta imunológica mudava.

  • Com a vacina de mRNA contra a covid-19 (modelo semelhante ao da Pfizer/Moderna), os animais produziram menos anticorpos.
  • Já com a vacina da gripe feita com vírus inativado (vírus morto e incapaz de se replicar), a reação foi mais forte do que o normal.

Esses resultados indicam que não é a tatuagem em si que interfere, mas sim a combinação entre o tipo de vacina, o local da aplicação e a presença de pigmento acumulado naquele linfonodo.

É essencial reforçar que esse efeito foi observado somente em animais. Ainda não se sabe se algo parecido acontece em humanos, nem qual seria a relevância clínica disso.

Mas o que isso significa na prática?

Os pesquisadores não falam em risco imediato para pessoas, mas reforçam que os achados abrem portas importantes de investigação.

O estudo mostra que o corpo reage aos pigmentos de maneiras que ainda não são totalmente compreendidas, e que esses efeitos podem persistir por meses, pelo menos nos modelos animais.

Ainda é cedo para dizer se algo semelhante ocorre em humanos ou qual seria a relevância clínica disso.

Há perguntas em aberto que precisam de respostas: como diferentes cores de tinta se comportam, por quanto tempo os pigmentos permanecem ativos nos gânglios linfáticos e por que algumas pessoas parecem reagir mais do que outras.

Para quem já tem tatuagens ou pensa em fazer uma, nada disso muda as recomendações básicas:

  • escolher estúdios sérios,
  • tintas regulamentadas,
  • e profissionais que sigam normas rígidas de biossegurança.

Uma tatuagem bem feita, com materiais confiáveis, continua sendo a melhor forma de reduzir riscos e aproveitar a arte com tranquilidade, enquanto a ciência segue investigando o que acontece por dentro.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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