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CBD na dermatologia: o papel da cannabis no tratamento de doenças de pele
Neste Dezembro Laranja, gosto de reforçar um ponto que às vezes se perde no entusiasmo com novas tecnologias: o canabidiol (CBD) não trata nem previne o câncer de pele.
A prevenção continua sendo a fotoproteção diária, o uso correto do protetor solar e a avaliação regular com um dermatologista.
Ainda assim, quando falamos de inflamação cutânea, prurido e equilíbrio da barreira, o CBD tem ocupado um espaço cada vez mais interessante na dermatologia, e é sobre isso que tenho trabalhado nos últimos anos.
CBD na dermatologia: onde ele realmente ajuda
Minha visão geral é que o CBD funciona como um adjuvante valioso.
Ele atua no sistema endocanabinoide da pele e ajuda a modular processos relacionados à inflamação, à proliferação celular, à produção sebácea e aos sinais neurossensoriais que participam de condições como prurido e eczema.
Não o encaro como substituto dos tratamentos consolidados; ele complementa.
Benefícios do CBD para inflamação, prurido e acne
Em muitos pacientes, percebo melhora da coceira, redução da vermelhidão, maior conforto e até impacto no sono, quando o prurido noturno diminui.
Em acne, o controle da oleosidade e da inflamação também costuma ser relatado.
As respostas mais consistentes aparecem em dermatite atópica, eczema, prurido crônico e acne leve a moderada.
Em feridas, estudos recentes indicam potencial interessante na modulação da inflamação e na aceleração de fases de reparo, embora ainda precisem de ensaios maiores.
Já em psoríase e rosácea, o racional biológico existe, mas a evidência clínica ainda é limitada.
CBD na pele: formas de uso e cuidados importantes
A forma de uso mais comum é a aplicação direta na pele. Cremes, géis e loções com formulações estáveis e tecnologia de entrega adequada fazem toda a diferença.
Em situações específicas, avaliamos o uso por via oral, mas sempre com cautela, devido às possíveis interações com outros medicamentos e às diferenças na absorção pelo organismo.
O maior cuidado, na prática, está na qualidade dos produtos.
Muitos não têm laudos confiáveis, podem conter solventes, metais pesados ou traços de THC acima do permitido.
Por isso, não recomendo o uso sem certificação laboratorial e não indico em gestantes, lactantes, lesões suspeitas de câncer de pele ou dermatoses infecciosas ativas sem supervisão.
Nessas situações, qualquer atraso no diagnóstico ou no tratamento adequado é inaceitável.
O futuro do CBD na dermatologia clínica
Quando penso no futuro dos canabinoides na dermatologia, enxergo um cenário promissor.
À medida que avançamos com pesquisas, padronizamos formulações e aprimoramos tecnologias como nanoemulsões e hidrogéis, acredito que o CBD ganhará espaço como apoio importante no manejo de dermatoses inflamatórias, pruridos complexos e até mesmo na cicatrização.
Mas essa consolidação só virá com estudos robustos e regulação clara sobre rotulagem, concentração e pureza.
Neste mês de conscientização do câncer de pele, reforço que qualquer mancha, pinta, ferida que não cicatriza ou mudança recente deve ser avaliada.
O CBD pode ajudar em muitos aspectos da inflamação cutânea, mas não é solução para tudo e, definitivamente, não substitui prevenção, diagnóstico precoce e acompanhamento médico adequado.
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Dra Juliana Bogado – especialista em canabidiol, tataraneta do cientista Vital Brazil e diretora geral da EndoPure Academy.



