Famosos e anônimos relatam crises de pânico; entenda a ‘Ansiedade eleitoral ‘ e como lidar

O termo, destaque do Twitter, define o medo e insegurança sobre o futuro político do país

Mesmo depois de dois meses das eleições, a chamada ansiedade eleitoral ainda tem afetado anônimos e famosos, como os cantores Pitty e Marcelo D2. Afinal, a polaridade política vivida no Brasil nos últimos meses está longe de acabar. A discussão sobre como cada um tem lidado com a ansiedade chegou aos destaques do Twitter, nesta quarta-feira (11).

Então, o SaúdeLab entrevistou profissionais e pacientes diagnosticados com ansiedade eleitoral. Em comum, a sensação de mal estar depois de discussões sobre os rumos da política no Brasil. Além disso, insônia, falta de apetite, com dores de estômago e medo são sintomas recorrentes.

Para a psicóloga Marina Pacheco, que é pesquisadora em desenvolvimento humano e teorias psicanalíticas, ter ansiedade diante de uma eleição é algo normal. “O futuro do país está sendo redesenhado, o estado de histeria coletiva dispara gatilhos em quem sofre de ansiedade”, pontua a especialista.

A ansiedade eleitoral e gatilhos

“Essa eleição mexeu comigo. Fico nervoso e passo mal quando converso com quem tem discursos prontos. Tento dialogar com quem pensa diferente de mim, mas vejo que muita gente está cega, não há um debate saudável”, conta um twitteiro, que prefere não se identificar.

“Tudo me parece sombrio e isso me assusta muito, ver pessoas debatendo infinitamente me faz ter crises de ansiedade”, desabafou L., de 22 anos. A jovem relata ainda ter crises de pânico em locais públicos. “Temo por minha segurança”, explica ela.

A psicóloga elucida: “São pessoas que têm maior dificuldade de lidar com situações incontroláveis e não sabem como reagir quando se sentem impotentes”, diz ela. “A ansiedade da expectativa vem pelo desejo da realização e pelo medo da frustração”, ela acrescenta.

“Estamos todos com algum desconforto em pânico, com ansiedade, inseguranças, raiva, etc. Em parte, é a histeria coletiva contagiando o Brasil”, pontua o psicoterapeuta junguiano, Leonardo Torres.

“Eu só queria falar sobre minha ansiedade e sobre como eu estava me sentindo, mas não me escutam. Só querem militar”, desabafou A., de 32 anos. “Com isso compreendo a importância de pedir ajuda profissional, me fechei para conversas”, concluiu ele.

Leia mais: Existe o Transtorno do Estresse Eleitoral?

Combatendo a ansiedade eleitoral

O transtorno de ansiedade é um distúrbio de saúde mental que produz medo, preocupação e sensação de cansaço. É caracterizada por uma preocupação excessiva, persistente, como por exemplo, de adoecer ou algo sair do controle. Sintomas físicos comuns são falta de ar, palpitações, fatigabilidade, dor de cabeça, assim como tontura e inquietação. Ainda descrevem preocupações excessivas e inespecíficas, labilidade emocional, dificuldade de concentração e insônia.

Mudar o foco é uma das principais dicas dos especialistas. Logo, pessoas afetadas pelo atual momento político devem envolver-se em outras atividades como exercícios, atividades relaxantes, trabalhos voluntários, bem como meditação. Porém nada disso substitui ajuda médica e terapia.

Os dois principais tratamentos para transtornos de ansiedade são psicoterapia e medicamentos. O mais benéfico é a combinação de ambos. “Pode levar algumas tentativas e erros para descobrir quais tratamentos funcionam melhor para cada pessoa”, explica a psicóloga.

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é a forma mais eficaz de psicoterapia para transtornos de ansiedade. Geralmente um tratamento de curto prazo, a TCC se concentra em ensinar habilidades específicas para melhorar seus sintomas e retornar gradualmente às atividades que você evitou por causa da ansiedade.

Vários tipos de medicamentos são usados ​​para ajudar a aliviar os sintomas, dependendo do tipo de transtorno de ansiedade.

Estilo de vida

Mudanças no estilo de vida também podem fazer a diferença e diminuir a ansiedade eleitoral.

  • Mantenha-se fisicamente ativo, afinal o exercício é um poderoso redutor de estresse.
  • Evite álcool e drogas recreativas, uma vez que tais substâncias podem causar ou agravar a ansiedade.
  • Pare de fumar e reduza as bebidas com cafeína, tanto a nicotina quanto a cafeína podem piorar a ansiedade.
  • Use técnicas de gerenciamento de estresse e relaxamento, que podem aliviar a ansiedade.
  • Faça do sono uma prioridade, então, se não há uma qualidade no tempo de descanso, consulte seu médico.
  • Alimentação saudável, que inclua, por exemplo, vegetais, frutas, grãos integrais e peixes, ajuda na redução da ansiedade.

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