Ar condicionado aumenta a fome, garante especialista em tecnologia

Ar-condicionado aumenta a fome, garante especialista em tecnologia, Javier Sanchez Perona. Ele é licenciado em Ciência e Tecnologia Alimentar pela Universidade do País Basco e doutorado em Química pela Universidade de Sevilha.

O tecnólogo conta que começou seus estudos observando seu próprio comportamento no verão escaldante em Sevilha, na Espanha, onde morava. Então, conta ele, que o calor me fez perder o apetite. “Eu só queria beber. Muitos de nós não tínhamos ar condicionado em nossas casas naquela época, então estávamos com muito calor, comíamos pouco e bebíamos muito”. Ele entendeu que essa deveria ser uma das razões pelas quais havia poucas pessoas com excesso de peso em Sevilha.

Logo Perona conseguiu se mudar para um apartamento com ar condicionado e supõe que, em 2008, 57% das casas possuíam pelo menos um aparelho . Em 2017, segundo o estudioso, quase 70% das casas tinha o aparelho em Sevilha, na mesma época em que muitos casos de obesidade atingiram a região. Por isso, sugeriu alguma relação entre o uso do eletrodoméstico e o ganho de peso. “Se o calor reduzir o apetite, retornar a temperaturas mais baixas o restabelecerá?”, indagou ele.

Ar condicionado e a ciência

Em primeiro lugar, Perona conceitua apetite e fome. “O apetite refere-se ao desejo subjetivo de comer, enquanto a fome refere-se a um estado mais objetivo”, explica o químico. Segundo ele, a fome seria uma verdadeira necessidade que muitas vezes produz o desejo de comer: o apetite.

Uma das principais preocupações fisiológicas do corpo é a termorregulação, ou seja, a manutenção de uma temperatura corporal constante. Nesse sentido, comer ajuda a manter o calor do corpo e estar com fome diminui a temperatura. Então, a redução na ingestão de alimentos pode ser, na verdade, um mecanismo adaptativo para lidar com ambientes quentes. Ou seja, comer gera calor, então em um ambiente quente é melhor comer pouco.

Além disso, a hipótese de que o ar frio engorda já havia sido levantada por Alexandra W. Logue há 30 anos, quando publicou seu livro “A psicologia da comida e da bebida”. Logue disse que “uma maneira fácil de reduzir o apetite em um jantar de verão é desligar o aparelho de ar”.

O efeito do ar condicionado, então, é um truque que vem sendo usado em restaurantes há muitos anos para fazer as pessoas consumirem mais. O que não se sabe, pontua o tecnólogo, é se o efeito do ar condicionado no apetite é agudo, resultado do ar condicionado no local da refeição, ou mais crônico, por exposição ao ar condicionado ao longo do dia.

Por último, Perona questiona: “O apetite aumenta quando você passa o calor lá fora e entra em um local com ar condicionado? Ou a necessidade de dissipar o calor permanece mesmo no ambiente climatizado, reduzindo o apetite?”. Então conclui que “o ar condicionado engorda porque deixa a gente com fome”, mas para ele, ainda há muitas perguntas na mesa.

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