Depressão não está relacionada apenas aos baixos níveis de serotonina, diz estudo

Não há evidências suficientes de que a depressão está relacionada apenas com baixos níveis de serotonina, o hormônio da felicidade. Pelo menos é o que diz um estudo britânico publicado na revista científica Molecular Psychiatry, na última quarta-feira (20). Agora, os cientistas envolvidos acreditam que a teoria do desequilíbrio químico influencia na decisão de pacientes sobre tomar antidepressivos.

“Muitas pessoas tomam antidepressivos porque foram levadas a acreditar que sua depressão tem uma causa bioquímica. Porém, esta nova pesquisa sugere que essa crença não é baseada em evidências”, aponta a pesquisadora-chefe, Joanna Moncrieff, consultora do serviço britânico de saúde (NHS).

Já o co-autor do estudo, Mark Horowitz, citou que a pesquisa também jogou luz sobre a influência de fatores externos na condição. “Um aspecto interessante nos estudos que examinamos foi o quão forte um efeito de eventos adversos da vida teve na depressão. Bem como sugere que o humor deprimido é uma resposta à vida das pessoas e não pode ser resumido a uma simples equação química”, pontua Horowitz.

Depressão e serotonina

A ideia de que a depressão é o resultado de anormalidades nas substâncias químicas do cérebro, particularmente a serotonina, tem sido influente há décadas e justifica o uso de antidepressivos. Uma ligação entre a redução da serotonina e a depressão foi sugerida pela primeira vez na década de 1960, aponta o estudo. No entanto, passou a ser amplamente divulgada a partir da década de 1990 com o advento dos antidepressivos inibidores seletivos da recaptação de serotonina.

Além disso, as pesquisas sugerem que 80% ou mais do público em geral acreditam que a depressão é causada por um ‘desequilíbrio químico’. Então, supõe-se frequentemente que os efeitos dos antidepressivos demonstram que a depressão deve ser pelo menos parcialmente causada por uma anormalidade química baseada no cérebro. Outras explicações para os efeitos dos antidepressivos foram apresentadas, porém, incluindo a ideia de que eles funcionam por meio de um efeito placebo amplificado ou por sua capacidade de restringir ou atenuar emoções em geral.

Apesar do fato de que a teoria da depressão da serotonina tenha sido tão influente, nenhuma revisão abrangente ainda sintetizou as evidências relevantes. O estudo sugere ainda que as evidências atuais apoiam um papel da serotonina na etiologia da depressão e, especificamente, que a depressão está associada a indicações de concentrações ou atividade de serotonina reduzidas.

A conclusão foi de que os estudos com evidências consideradas moderadas ou altas não davam suporte à teoria do desequilíbrio químico. Segundo os estudiosos, a teoria do desequilíbrio químico da depressão ainda é apresentada por profissionais.

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