Cálcio no SUS: a mudança que pode reduzir o risco de eclâmpsia nas gestantes

A eclâmpsia na gravidez é uma complicação grave que pode causar convulsões e colocar em risco a vida da mãe e do bebê.

Para reduzir esses riscos, o Ministério da Saúde anunciou que todas as gestantes atendidas pelo SUS terão acesso à suplementação de cálcio, medida essencial para prevenir a pré-eclâmpsia na gravidez, condição que, se não controlada, pode evoluir para a eclâmpsia.

De acordo com a nota técnica do ministério, a mudança para a prescrição universal se baseia em pesquisas oficiais que mostram que tanto as adolescentes quanto as mulheres adultas no Brasil consomem menos da metade da quantidade recomendada de cálcio por dia.

Além disso, os dados indicam que quase 70% das mortes causadas por hipertensão na gravidez, em 2023, ocorreram entre mulheres pretas e pardas.

Com a suplementação universal de cálcio, o governo espera reduzir a mortalidade materna e fetal, além de diminuir o número de partos prematuros.

A seguir, vamos explicar melhor o que são a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia na gravidez, quais os sintomas, fatores de risco e formas de tratamento.

Também abordaremos a importância do cálcio e como sua suplementação pode ajudar a reduzir os riscos dessas condições.

O papel do cálcio na prevenção da pré-eclâmpsia e eclâmpsia

O cálcio é um mineral muito importante para a saúde e tem um papel fundamental durante a gravidez, principalmente na regulação da pressão arterial.

Quando a gestante não consome o suficiente, pode haver:

• Aumento na produção de hormônios que provocam a contração dos vasos sanguíneos.
• Elevação da pressão arterial, o que aumenta o risco de pré-eclâmpsia na gravidez e, se não tratado, pode levar à eclâmpsia.

Antes dessa mudança, a suplementação de cálcio era indicada apenas para gestantes com risco elevado de hipertensão.

Agora, a nova recomendação do Ministério da Saúde orienta que todas as gestantes atendidas pelo SUS recebam a prescrição do suplemento de cálcio.

Como a suplementação de cálcio deve ser feita:

• Dose recomendada: Dois comprimidos de carbonato de cálcio 1.250 mg por dia.
• Início: A partir da 12ª semana de gestação.
• Duração: Até o parto.
• Objetivo: Garantir a ingestão de 1.000 mg de cálcio elementar por dia, o que é considerado a quantidade ideal para a prevenção de complicações.

Atenção ao horário de ingestão:

• O cálcio e o ferro devem ser tomados em horários diferentes, pois competem pela absorção no organismo.
• Seguir as orientações médicas sobre os horários de ingestão dos suplementos é fundamental para garantir que ambos os nutrientes sejam absorvidos da melhor forma possível.

O Ministério da Saúde informou que o medicamento já faz parte da farmácia básica do Sistema Único de Saúde (SUS) e está disponível nas unidades de saúde.

No entanto, caberá aos estados, municípios e ao Distrito Federal garantir a aquisição dos comprimidos na quantidade necessária para atender todas as gestantes

O que é eclâmpsia?

A eclâmpsia é uma complicação severa da pré-eclâmpsia, caracterizada por convulsões que não estão relacionadas a outras condições neurológicas, como epilepsia.

Essa situação exige atendimento médico imediato, pois pode levar a danos cerebrais, falência de órgãos e até à morte materna e fetal.

Os principais sintomas da eclâmpsia na gravidez incluem:

• Fortes dores de cabeça;
• Confusão mental;
• Visão turva ou embaçada;
• Náuseas e vômitos;
• Dor intensa na parte superior do abdômen;
• Dificuldade para respirar.

O que é pré-eclâmpsia na gravidez?

A pré-eclâmpsia na gravidez é caracterizada pelo aumento da pressão arterial após a 20ª semana de gestação, acompanhado da presença de proteína na urina (proteinúria).

Essa condição pode passar despercebida no início, mas evoluir rapidamente e trazer complicações graves tanto para a mãe quanto para o bebê.

Os sintomas mais comuns da pré-eclâmpsia incluem:

• Inchaço repentino nas mãos, rosto e pés;
• Aumento rápido de peso;
• Pressão arterial elevada;
• Dor de cabeça persistente;
• Visão borrada ou sensibilidade à luz.

Se não tratada, a pré-eclâmpsia pode evoluir para eclâmpsia na gravidez, além de causar descolamento prematuro da placenta, restrição do crescimento fetal e parto prematuro.

Casos mais graves podem exigir internação hospitalar, administração de medicamentos para controle da pressão arterial e, em algumas situações, a realização do parto antes do tempo esperado.

Quem tem maior risco de desenvolver pré-eclâmpsia na gravidez?

Algumas gestantes possuem maior risco de desenvolver pré-eclâmpsia, especialmente aquelas que apresentam um ou mais dos seguintes fatores:

• Primeira gestação;
• Gravidez antes dos 18 ou depois dos 40 anos;
• Histórico familiar de pré-eclâmpsia;
• Pressão alta crônica;
• Diabetes (pré-existente ou gestacional);
• Obesidade;
• Gestações múltiplas (gêmeos, trigêmeos, etc.);
• Lúpus ou outras doenças autoimunes.

Casos recentes reforçam a importância da prevenção

A gravidade da pré-eclâmpsia ficou evidente recentemente no caso da cantora Lexa, que perdeu sua filha recém-nascida devido a complicações da condição.

O bebê nasceu prematuro após a cantora desenvolver a síndrome de HELLP, uma forma severa da pré-eclâmpsia que pode causar falência de órgãos.

Casos como esse ressaltam a necessidade de um pré-natal cuidadoso e da adoção de medidas preventivas, como a suplementação de cálcio e o monitoramento rigoroso da pressão arterial ao longo da gravidez.

Prevenção e cuidados durante a gravidez

Além da suplementação de cálcio, algumas medidas podem ajudar a reduzir o risco de eclâmpsia e melhorar a saúde da gestante e do bebê:

• Realizar todas as consultas do pré-natal e seguir as orientações médicas;
• Monitorar regularmente a pressão arterial;
• Manter uma alimentação equilibrada e rica em cálcio, ferro e outros nutrientes essenciais;
• Praticar atividades físicas leves (com autorização médica);
• Evitar o consumo excessivo de sal e alimentos ultraprocessados;
• Beber bastante água para manter o corpo hidratado.

A utilização da suplementação de cálcio pelo SUS é importante na prevenção da pré-eclâmpsia e eclâmpsia na gravidez. No entanto, a orientação médica e o acompanhamento adequado continuam sendo essenciais para garantir uma gestação saudável e sem complicações.

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