Comer gelo faz mal? Entenda riscos, causas e quando se preocupar

Muitas pessoas têm o costume de chupar ou mastigar gelo no dia a dia, especialmente nos dias quentes. À primeira vista, o hábito parece inofensivo, afinal, trata-se apenas de água congelada.

No entanto, quando esse comportamento se torna frequente, pode trazer riscos à saúde bucal e até indicar problemas nutricionais, como a deficiência de ferro.

Comer gelo faz mal, principalmente quando o hábito é repetitivo ou compulsivo. Além de prejudicar os dentes, essa prática pode ser um sinal de que algo não está equilibrado no organismo.

A seguir, entenda os possíveis efeitos desse costume, o que pode estar por trás da vontade constante de mastigar gelo e quando é importante procurar ajuda médica.

Comer gelo faz mal?

Comer gelo ocasionalmente não causa danos significativos. Entretanto, quando se torna um hábito frequente, o risco aumenta — sobretudo para os dentes e gengivas.

O gelo é uma substância dura e fria que, ao ser mastigada repetidamente, pode desgastar o esmalte dentário, causar microfraturas e até levar à sensibilidade intensa.

Além disso, a baixa temperatura pode irritar os tecidos da boca, especialmente em pessoas com histórico de gengivite, retração gengival ou dentes mais sensíveis.

A mastigação constante de gelo também pode sobrecarregar a articulação da mandíbula, provocando dor e desconforto.

Em resumo, o problema não está em chupar um cubo de gelo de vez em quando, mas em transformar isso em um comportamento automático e frequente, o que pode ter origens físicas ou emocionais e merece investigação.

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Por que dá vontade de comer gelo?

O desejo constante de comer gelo pode ter diferentes causas, e entender a origem é essencial para saber quando se preocupar. Entre as principais, estão:

1. Deficiência de ferro e anemia ferropriva

Essa é a causa mais conhecida e estudada. Pesquisas indicam que a vontade intensa de mastigar gelo (chamada pagofagia) pode estar relacionada à deficiência de ferro.

A condição é comum em pessoas com anemia, e acredita-se que o gelo proporcione um leve aumento da atenção ou sensação de alívio bucal em quem tem esse problema.

Estudos mostram que pacientes com anemia ferropriva frequentemente relatam esse comportamento e que a vontade tende a desaparecer após o tratamento da deficiência de ferro.

2. Transtornos alimentares, como a pica

A pica é um transtorno caracterizado pelo desejo de ingerir substâncias que não são alimentos, como terra, giz, papel e também gelo. Nesse caso, o comer gelo é apenas um dos sintomas de uma condição psicológica que precisa de avaliação médica e acompanhamento especializado.

3. Ansiedade e estresse

Algumas pessoas mastigam gelo como forma de aliviar tensão emocional, semelhante a quem rói unhas ou aperta os dentes. Nesses casos, o comportamento tem um componente psicológico e pode se intensificar em períodos de ansiedade.

4. Calor excessivo ou boca seca

Em dias quentes ou quando há ressecamento bucal, chupar gelo pode ser uma maneira de refrescar-se e manter a hidratação. Quando o hábito é esporádico e não causa desconforto, não costuma representar problema.

Se a vontade de comer gelo é constante ou acompanhada de fadiga, fraqueza e palidez, é importante investigar as causas com um médico, pois pode estar relacionada a uma deficiência nutricional.

Comer gelo e os impactos na saúde bucal

O principal risco físico do hábito de mastigar gelo está na saúde dos dentes. O gelo é uma substância dura o suficiente para causar microtrincas no esmalte dentário, o que pode evoluir para fraturas mais graves com o tempo.

Entre os principais danos bucais estão:

  • Desgaste do esmalte, levando à sensibilidade dental;
  • Rachaduras ou quebras de dentes, especialmente em quem já usa restaurações ou próteses;
  • Irritação das gengivas e aumento da dor em casos de retração gengival;
  • Maior suscetibilidade a cáries, pois o esmalte danificado facilita o acúmulo de bactérias.

Dentistas alertam que o contato frequente com gelo também pode agravar dores musculares na mandíbula e aumentar o risco de disfunção temporomandibular (DTM).

Por isso, pessoas que têm o costume de mastigar gelo devem evitar o comportamento e, caso percebam sensibilidade, dor ao mastigar ou dentes lascados, procurar um profissional para avaliação.

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Quando o hábito é sinal de alerta

O desejo incontrolável de comer gelo todos os dias não deve ser ignorado.

Esse comportamento pode estar relacionado a anemia ferropriva, condição em que o organismo apresenta baixos níveis de ferro e, consequentemente, reduz a produção de hemoglobina, a proteína responsável pelo transporte de oxigênio no sangue.

Além da vontade de mastigar gelo, a anemia pode causar sintomas como:

  • Cansaço excessivo;
  • Fraqueza;
  • Tonturas;
  • Unhas quebradiças;
  • Palidez e falta de disposição.

Nesses casos, é importante realizar uma avaliação médica. O diagnóstico pode ser feito por meio de exames de sangue, como hemograma, ferritina e saturação de transferrina.

Identificar e tratar a deficiência de ferro costuma eliminar o desejo compulsivo por gelo em poucas semanas.

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O que fazer para parar de comer gelo

O primeiro passo é entender a causa. Se o hábito é motivado por ansiedade, buscar estratégias de relaxamento ou acompanhamento psicológico pode ajudar. Já nos casos de deficiência de ferro, a suplementação orientada por um profissional de saúde tende a resolver o problema.

Outras medidas úteis incluem:

  • Manter-se bem hidratado, bebendo água gelada em vez de mastigar gelo;
  • Substituir cubos grandes por gelo triturado, caso a vontade seja difícil de controlar;
  • Evitar associar o gelo a momentos de estresse;
  • Cuidar da saúde bucal, realizando visitas regulares ao dentista;
  • Priorizar uma alimentação rica em ferro, com carnes magras, feijões, vegetais verde-escuros e cereais fortificados.

Controlar o hábito é possível, especialmente quando a causa subjacente é tratada. Quanto antes o comportamento for identificado e abordado, menor será o risco de danos aos dentes e à saúde geral.

Equilíbrio e atenção aos sinais do corpo

Comer gelo, por si só, não é perigoso quando ocorre de forma ocasional. No entanto, transformar isso em um hábito frequente pode indicar desequilíbrios físicos ou emocionais e causar prejuízos à saúde bucal.

Se a vontade de comer gelo é constante, ou se há sintomas como cansaço, fraqueza e unhas quebradiças, o ideal é procurar um médico para investigar possíveis deficiências nutricionais, principalmente de ferro.

Também é importante conversar com um dentista se houver dor, sensibilidade ou fraturas dentárias.

Observar e respeitar os sinais do corpo é uma das formas mais eficazes de prevenir complicações e cuidar melhor da saúde. O gelo pode ser um aliado para refrescar, mas não deve se tornar um vício e compreender o motivo desse desejo é o primeiro passo para um equilíbrio real e sustentável.

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Enf. Raquel Souza de Faria
Enf. Raquel Souza de Faria

Sou Raquel Souza de Faria, Enfermeira (COREN – MG 212.681) Especialista em Docência do Ensino Superior, Consultora de Enfermagem em Núcleo de Segurança do Paciente, Gestora de Serviços de Atenção Básica/Saúde da Família. Empresária e Empreendedora, amante da Fitoterapia e das Terapias Holísticas, oferecendo bem-estar e prevenção de doenças como Auriculoterapêuta e Esteticista.
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