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TDAH ou apenas distração? O perigo de se diagnosticar pelo TikTok
Nos últimos anos, o TikTok se tornou uma das principais fontes de informação sobre saúde mental, especialmente quando o assunto é Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Vídeos curtos e cativantes prometem explicar sintomas, compartilhar experiências e até mesmo ensinar “truques” para identificar o transtorno.
Mas será que esses conteúdos são confiáveis? Você se pergunta: “como saber se tenho TDAH?”.
Uma pesquisa recente publicada na PLOS ONE revela que muitos dos vídeos mais populares sobre TDAH no TikTok distorcem fatos, generalizam sintomas e, em alguns casos, incentivam autodiagnósticos equivocados.
Se você já se perguntou se tem TDAH após rolar a timeline do aplicativo, este texto vai te ajudar a separar mitos da realidade e entender quando é hora de buscar ajuda profissional.
TDAH Nas Redes Sociais: Acesso à Informação ou Desinformação?
O TDAH é um transtorno neurobiológico caracterizado por desatenção, hiperatividade e impulsividade, que afeta entre 3% e 7% dos adultos globalmente.
Com o crescimento das discussões sobre saúde mental, plataformas como o TikTok se tornaram espaços onde pessoas compartilham vivências pessoais, criando uma sensação de comunidade e reduzindo estigmas.
No entanto, nem tudo o que viraliza é verdade. O estudo analisou os vídeos mais assistidos sobre TDAH no TikTok e descobriu que:
- Muitos sintomas descritos são genéricos (como “ter muitos pensamentos” ou “se distrair facilmente”), o que pode fazer com que pessoas sem TDAH se identifiquem erroneamente.
- Conteúdos frequentemente confundem características normais do comportamento humano com sinais do transtorno, dificultando a distinção entre um diagnóstico real e experiências cotidianas.
- Psicólogos avaliaram a precisão das informações como baixa, com muitos vídeos transmitindo dados enganosos ou simplificados.
Ou seja: enquanto as redes sociais podem ajudar a popularizar o debate, elas não substituem uma avaliação médica.
Por Que o TikTok Pode Levar a Autodiagnósticos Errados?
- 1. O Algoritmo Reforça Viéses
O TikTok prioriza conteúdos que mantêm o usuário engajado. Se você assiste a vários vídeos sobre TDAH, o algoritmo entende que esse tema te interessa e passa a sugerir cada vez mais vídeos similares—criando uma bolha onde sintomas comuns são interpretados como “prova” do transtorno.
- 2. Sintomas Supergeneralizados
Muitos criadores de conteúdo ampliam excessivamente a definição de TDAH, fazendo com que traços como procrastinação ou esquecimento ocasional sejam vistos como diagnósticos definitivos.
Na realidade, o TDAH envolve prejuízos significativos em múltiplos aspectos da vida (trabalho, estudos, relacionamentos), não apenas momentos de distração.
- 3. Falta de Contexto Clínico
O estudo mostrou que pessoas que já acreditavam ter TDAH tendiam a consumir mais vídeos sobre o assunto, reforçando suas suspeitas. Porém, quando expostas a explicações de psicólogos, parte desses mesmos indivíduos percebeu que não atendiam aos critérios diagnósticos.
Como saber se tenho TDAH
Se você desconfia que possa ter TDAH, é essencial buscar fontes confiáveis e avaliação profissional. Aqui estão alguns passos importantes:
1. Conheça os Critérios Diagnósticos (DSM-5)
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) estabelece que o TDAH se manifesta através de:
- Desatenção persistente (dificuldade em manter o foco, erros por descuido, esquecimentos frequentes).
- Hiperatividade/impulsividade (inquietação, falar excessivamente, interromper os outros).
- Sintomas presentes desde a infância e que causam prejuízos em mais de um ambiente (como escola, trabalho e vida social).
Mas, é claro que somente um profissional poderá fazer o diagnóstico, afinal, estes são apenas parâmetros para se desconfiar da doença.
2. Observe o Impacto na Sua Vida
Ter alguns sintomas isolados não significa TDAH. O transtorno é diagnosticado quando esses traços causam sofrimento ou dificuldades significativas no dia a dia. As vezes, trata-se de desatenção mesmo e até excesso de telas.
3. Consulte um Especialista
Psiquiatras e psicólogos usam entrevistas clínicas, questionários padronizados e, em alguns casos, avaliações neuropsicológicas para confirmar o diagnóstico. Testes online e vídeos de TikTok não têm validade científica para essa finalidade.
A Dra. Marília Graner, neurologista, explica neste vídeo sobre o Brain Rot, vale a pena conferir!
Quando o TikTok Pode Ajudar (e Quando Atrapalha)
O estudo também trouxe um dado interessante: pessoas com diagnóstico confirmado de TDAH e pouco acesso a tratamento encontraram algum benefício em vídeos onde criadores compartilhavam estratégias reais de convivência com o transtorno.
Ou seja:
- Pode ser útil para dicas de gerenciamento de tempo, relatos pessoais e redução do estigma.
- Não serve como ferramenta diagnóstica ou substituto para acompanhamento profissional.
Saúde Mental Exige Cuidado, Não Viralizações
As redes sociais trouxeram visibilidade a condições como o TDAH, mas o autodiagnóstico com base em vídeos de 60 segundos é arriscado. Se você se identifica com alguns sintomas, o caminho mais seguro é:
- Buscar fontes confiáveis (artigos científicos, sites de associações médicas).
- Conversar com um profissional antes de tirar conclusões.
- Evitar comparações—o TDAH se manifesta de formas diferentes em cada pessoa.
Lembre-se: o TikTok não é um consultório. Se você tem dúvidas sobre TDAH, a melhor resposta não está nos trending topics, mas em uma avaliação cuidadosa e personalizada.
(Este conteúdo foi baseado em evidências científicas para garantir precisão. Se suspeita de TDAH, consulte um médico.)
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