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Estudo mostra que dieta mediterrânea pode proteger a fertilidade masculina
Você já parou para pensar que o que vai ao seu prato pode afetar muito mais do que o seu peso ou o nível de colesterol? Para muitos homens, a alimentação pode estar impactando algo mais íntimo e importante: a fertilidade masculina.
Em um mundo onde os alimentos ultraprocessados são cada vez mais presentes na rotina — seja pela praticidade ou pelo sabor —, cresce também a preocupação com os efeitos silenciosos que esse tipo de dieta pode causar no corpo.
Entre eles, a qualidade dos espermatozoides, essencial para quem deseja formar uma família.
Por outro lado, padrões alimentares mais naturais e equilibrados, como a dieta mediterrânea, vêm se destacando por seus inúmeros benefícios à saúde — inclusive na esfera reprodutiva masculina.
Recentemente, novas evidências trouxeram à tona um alerta: enquanto uma alimentação baseada em ingredientes naturais pode proteger e até melhorar a função reprodutiva do homem, o consumo frequente de produtos industrializados pode estar contribuindo para a queda da fertilidade.
E isso não é apenas uma hipótese — os números mostram que a escolha do cardápio diário pode fazer toda a diferença.
Aqui, no SaúdeLAB, você vai entender como a dieta pode influenciar diretamente a qualidade do sêmen, o que diferencia um padrão alimentar saudável de um prejudicial e por que prestar atenção à alimentação é um passo importante para quem deseja ser pai — agora ou no futuro.
O que mostrou a nova pesquisa?
A pesquisa envolveu 358 homens, entre 18 e 60 anos, que buscaram avaliação de fertilidade em um hospital na Itália. Durante o estudo, os participantes forneceram amostras de sêmen e passaram por exames hormonais.
Além disso, suas dietas foram cuidadosamente analisadas com dois instrumentos: um questionário sobre adesão à dieta mediterrânea (chamado MEDAS) e uma avaliação de consumo de alimentos ultraprocessados, baseada em recordatório alimentar de 24 horas.
Com esses dados, os pesquisadores buscaram entender como dois padrões opostos de alimentação – uma dieta rica em nutrientes naturais e outra baseada em produtos industrializados – influenciam os parâmetros do sêmen, como volume, concentração de espermatozoides, motilidade (movimento) e morfologia (forma).
O que é a dieta mediterrânea e por que ela importa?
A dieta mediterrânea é baseada em padrões alimentares tradicionais de países como Grécia, Itália e Espanha.
Ela valoriza o consumo de frutas, verduras, legumes, grãos integrais, azeite de oliva, peixes, castanhas e leguminosas, e desencoraja o uso excessivo de carne vermelha, açúcar e alimentos processados.
Esse tipo de alimentação é conhecido por fornecer antioxidantes, fibras, vitaminas e minerais essenciais, substâncias que desempenham papel central na saúde geral e na produção dos espermatozoides — processo conhecido como espermatogênese.
O que são alimentos ultraprocessados?
Já os alimentos ultraprocessados são formulações industriais que contêm pouco ou nenhum alimento “de verdade”. São produtos como biscoitos recheados, refrigerantes, salgadinhos de pacote, embutidos, comidas congeladas prontas para consumo, entre outros.
Eles são ricos em açúcares refinados, gorduras ruins, aditivos químicos e calorias vazias, e pobres em nutrientes fundamentais.
Na pesquisa, os alimentos ultraprocessados representaram, em média, 17,4% das calorias diárias dos participantes, com proporções bem menores vindas de proteínas (3,8%) e gorduras (8,1%). Esse desequilíbrio nutricional, segundo os autores, pode ter um papel negativo direto na fertilidade masculina.
O que a ciência revelou sobre a fertilidade e a alimentação?
A análise dos dados demonstrou uma relação consistente entre a adesão à dieta mediterrânea e melhores parâmetros de qualidade do sêmen. Homens que seguiam esse padrão alimentar com maior regularidade apresentaram:
- Maior quantidade total de espermatozoides
- Melhor motilidade progressiva (capacidade de movimentação)
- Maior viabilidade (porcentagem de espermatozoides vivos)
- Melhor concentração espermática
Em contrapartida, aqueles com maior consumo de alimentos ultraprocessados apresentaram pior desempenho em todos os parâmetros analisados.
À medida que aumentava a proporção de calorias derivadas de ultraprocessados na dieta dos participantes, observava-se uma queda significativa na qualidade espermática.
Esses dados não foram explicados por variáveis como idade ou índice de massa corporal (IMC), o que reforça a hipótese de que os hábitos alimentares atuam de forma independente como fator de influência sobre a fertilidade masculina.
Hormônios reprodutivos também foram avaliados
Além da análise do sêmen, os pesquisadores também mediram hormônios fundamentais para a função reprodutiva masculina: FSH (hormônio folículo-estimulante), LH (hormônio luteinizante), testosterona e SHBG (globulina ligadora de hormônios sexuais).
Um dos achados mais relevantes foi que altos níveis de FSH – geralmente indicativos de disfunção testicular – estavam associados a menor qualidade do sêmen, independentemente da alimentação.
Isso significa que, em casos onde o testículo já apresenta falhas na produção de espermatozoides, a dieta sozinha pode não ser suficiente para reverter o quadro.
No entanto, entre os homens com níveis normais de FSH, o impacto da dieta foi claro: quanto maior a adesão à dieta mediterrânea, melhores os resultados nos exames de fertilidade.
E o contrário também foi verdadeiro: quanto mais ultraprocessados na alimentação, piores os indicadores reprodutivos.
A importância da função testicular preservada
Esse aspecto é essencial para interpretar corretamente os dados. O estudo mostrou que os benefícios da alimentação saudável foram mais expressivos em homens com função testicular ainda preservada, ou seja, quando o organismo ainda tem capacidade de produção normal de espermatozoides.
Nestes casos, a dieta surge como um fator potencialmente modificável para melhorar a fertilidade, sendo um caminho promissor para homens que desejam ser pais no futuro ou que enfrentam dificuldades para engravidar a parceira.
Por outro lado, para aqueles que já apresentam um grau avançado de comprometimento testicular, identificado por níveis elevados de FSH, a resposta à mudança alimentar foi menor. Isso reforça a necessidade de uma avaliação médica completa e individualizada para casos de infertilidade.
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Alimentação: um caminho possível para preservar a fertilidade
Os achados desta pesquisa reforçam um ponto que já vinha sendo discutido em outros estudos: a alimentação pode ser uma aliada importante na preservação da saúde reprodutiva masculina, principalmente quando adotada de forma preventiva, antes que existam alterações hormonais ou falhas na função testicular.
A dieta mediterrânea, rica em antioxidantes naturais, fibras e micronutrientes essenciais, parece oferecer uma base nutricional favorável ao processo de espermatogênese, melhorando a qualidade dos espermatozoides e, por consequência, a fertilidade.
Esse tipo de dieta promove um equilíbrio hormonal mais estável, o que também pode favorecer a produção espermática.
Já os alimentos ultraprocessados, por serem ricos em açúcares refinados, aditivos químicos e pobres em nutrientes de qualidade, comprometem diversos mecanismos celulares e metabólicos envolvidos na fertilidade masculina.
Seu consumo excessivo também já foi associado a diversas outras condições, como obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer.
Limitações do estudo
Apesar dos resultados expressivos, os próprios autores do estudo alertam para algumas limitações. O levantamento foi observacional e transversal, o que significa que não é possível afirmar uma relação de causa e efeito com total segurança.
Além disso, o consumo de ultraprocessados foi avaliado com base em um único dia de recordatório alimentar, o que pode não refletir com precisão os hábitos alimentares de longo prazo dos participantes.
Outro ponto é que os dados hormonais estavam disponíveis apenas para uma parte dos voluntários, o que limita a análise completa da interação entre dieta, hormônios e fertilidade.
Portanto, embora os resultados sejam promissores, eles precisam ser validados por novos estudos, preferencialmente longitudinais e com maior controle das variáveis externas.
O que esse estudo nos ensina?
Mesmo com suas limitações, este trabalho oferece uma mensagem valiosa: a fertilidade masculina pode ser influenciada por escolhas do dia a dia, e a alimentação é uma delas.
Para homens que estão tentando ter filhos, ou que desejam preservar sua capacidade reprodutiva no futuro, adotar uma alimentação mais natural, equilibrada e próxima do padrão mediterrâneo pode ser uma atitude estratégica e eficaz.
Além disso, o estudo reforça a importância de reduzir o consumo de ultraprocessados, que, além de prejudicar a fertilidade, também comprometem a saúde em diversas outras esferas.
Essa não é uma recomendação nova, mas ganha ainda mais relevância diante dos dados que agora associam esses produtos à redução da qualidade dos espermatozoides.
A fertilidade masculina é um tema sensível e muitas vezes negligenciado. Ao revelar a influência direta dos padrões alimentares sobre os parâmetros seminais, o estudo realizado na Itália abre espaço para uma abordagem mais preventiva e integrada no cuidado com a saúde do homem.
O resultado reforça o papel da dieta mediterrânea como um modelo alimentar seguro, sustentável e benéfico — não apenas para o coração ou para o controle do peso, mas também para a preservação da fertilidade masculina.
Ao mesmo tempo, alerta para os riscos do consumo excessivo de ultraprocessados, que, além de prejudicar o organismo como um todo, também podem comprometer o sonho da paternidade.
Diante desses dados, a recomendação é clara: investir em uma alimentação natural e balanceada não deve ser uma escolha apenas estética ou de bem-estar — mas uma medida concreta de saúde reprodutiva.
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