Estudo afirma que é possível prever esquizofrenia a partir de impressões digitais

Essa descoberta permitirá a orientação precoce do tratamento, entenda

O diagnóstico da esquizofrenia pode estar na ponta dos dedos, é o que afirma o grupo de pesquisadores da FIDMAG Hermanas Hospitalarias Research Foundation, da Espanha. A equipe trabalha no desenvolvimento de um algoritmo que detecta o risco de esquizofrenia a partir de impressões digitais, com confiabilidade de 70%.

As alterações pré-natais do desenvolvimento do sistema nervoso, seja por origem genética ou ambiental, estão entre as possíveis causas da esquizofrenia. Além disso, tanto a pele como o sistema nervoso provêm do mesmo tecido embrionário (ectoderma). Logo, alterações nesse estágio de desenvolvimento também podem causar anomalias nas impressões digitais.

Como as impressões digitais não mudam durante a vida, a técnica pode ser usada tanto para detectar a esquizofrenia, em caso de suspeita, como para prever o surgimento. A priori, com baixo custo, de acordo com a equipe de pesquisa.

“O diagnóstico definitivo da esquizofrenia exige ao menos seis meses, e os sintomas se confundem com os de outros transtornos mentais”, explicou o autor do estudo, Raymond Salvador. “Essa descoberta é importante, pois permitirá a orientação precoce do tratamento”, destacou o pesquisador.

Inteligência artificial detectando a esquizofrenia

O diferencial do estudo é ser o primeiro a usar inteligência artificial, uma Rede Neural Convolucional (ConvNet / Convolutional Neural Network / CNN). Trata-se, portanto, de um algoritmo de aprendizado profundo (deep learning), que pode captar uma imagem de entrada, atribuir importância a vários aspectos e ser capaz de diferenciar um do outro.Assim, o algoritmo procura anormalidades nas impressões digitais, encontradas apenas em pessoas com esquizofrenia. A Fundação testou, nesse estudo, 700 pacientes com esquizofrenia e 850 pessoas sem esquizofrenia. O polegar direito provou ser o preditor mais forte, com uma taxa de precisão de 68%.

“Embora uma precisão máxima de 70% não forneça precisão suficiente para um diagnóstico sem falhas, as imagens das impressões digitais ainda podem ser valiosas”, afirma a equipe de pesquisa. “Especialmente se forem combinadas com outras fontes de informação que já demonstraram algum poder preditivo na esquizofrenia, como genética e imagens cerebrais”.

A esquizofrenia é um transtorno mental grave. Assim, os sintomas incluem alucinações, delírios, pensamento e comportamento desordenados que prejudicam as funções cotidianas. Além disso, pode apresentar transtorno do humor, acompanhado de delírios ou alucinações.

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Ressalvas ao estudo

O psiquiatra e vice-secretário do Conselho da Associação Espanhola de Neuropsiquiatria, José García-Valdecasas, apoia o estudo, bem como os parâmetros utilizados, que ele chama de ‘bem construídos’.

Entretanto, Valdecasas vê com receio a detecção ou previsão de 70%. “A precisão de 70% é definida como a probabilidade de um indivíduo ser classificado na classe correta. Isso implica uma taxa de falha de 30% quando se trata de apontar não-esquizofrênicos, então teremos muitos falsos positivos”, advertiu o psiquiatra.

Além disso, o médico levanta uma questão ética. “Mesmo que tivéssemos um estudo perfeito e preciso, previsível desde a infância, como poderia ser útil, sem tratamento preventivo que evite o desenvolvimento de um processo esquizofrênico? ”.

Para o psiquiatra, o que mais tem sido estudado sobre fatores preventivos dita acerca de questões sociais, como evitar o abuso infantil, que se correlacionam com o desenvolvimento de transtornos psicóticos, embora isso não seja conhecido com certeza. Mas não há nenhuma intervenção ou tratamento específico a aplicar.

“Seria saber que algo terrível vai acontecer sem poder fazer nada para evitar”, alerta o médico.

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