Exame de sangue pode detectar Parkinson antes dos sintomas surgirem

Cientistas desenvolveram um exame de sangue para Parkinson capaz de detectar a doença anos antes dos sintomas. Saiba como os biomarcadores de RNA podem revolucionar o diagnóstico precoce

Imagine poder descobrir o risco de desenvolver Parkinson anos antes dos primeiros tremores aparecerem. Essa possibilidade está mais próxima da realidade graças a um simples exame de sangue para Parkinson, capaz de identificar sinais precoces da doença de forma rápida e não invasiva.

Enquanto hoje o diagnóstico muitas vezes só acontece quando os sintomas já estão avançados, essa nova abordagem promete revolucionar o cuidado com a saúde neurológica.

Esta não é apenas uma esperança para quem tem histórico familiar da doença, mas um avanço que pode mudar completamente a forma como encaramos o envelhecimento e os cuidados com o cérebro. E o melhor: tudo através de um exame tão simples quanto aqueles que fazemos regularmente em check-ups de rotina.

Um estudo publicado na revista Nature Aging revelou um avanço significativo no diagnóstico do Parkinson: um exame de sangue capaz de detectar a doença anos antes do aparecimento dos primeiros sintomas.

O desafio do diagnóstico precoce

O Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum no mundo, afetando mais de 10 milhões de pessoas, segundo estimativas globais. Atualmente, o diagnóstico é baseado em sintomas motores, como tremores e rigidez muscular, que só se manifestam após anos de degeneração neuronal.

Métodos invasivos, como a análise do líquido cefalorraquidiano, ou exames de imagem caros e complexos, ainda são limitados na detecção precoce.

A nova pesquisa propõe uma solução inovadora: a medição de fragmentos de RNA transferidor (tRNA) no sangue, que funcionam como “assinaturas moleculares” da doença.

Esses fragmentos, conhecidos como tRFs, são liberados no sangue em resposta ao estresse neuronal e à disfunção mitocondrial – dois processos intimamente ligados ao desenvolvimento do Parkinson.

Como funciona o exame de sangue para Parkinson?

Os pesquisadores analisaram amostras de sangue, líquido cefalorraquidiano e tecido cerebral de pacientes com Parkinson, indivíduos saudáveis e portadores de Alzheimer, utilizando sequenciamento de RNA e técnicas de PCR quantitativo (qPCR). Dois tipos de tRFs chamaram atenção:

  • RGTTCRA-tRFs (derivados do núcleo celular) – aumentados em pacientes com Parkinson.
  • MT-tRFs (originados das mitocôndrias) – reduzidos na doença.

A relação entre esses dois biomarcadores mostrou-se altamente precisa para diferenciar pacientes de indivíduos saudáveis, mesmo em estágios muito iniciais ou pré-sintomáticos. Em testes, o método alcançou uma acurácia de 86%, superando escalas clínicas tradicionais.

Potencial para revolucionar o tratamento

Além da detecção precoce, o estudo sugere que esses fragmentos de RNA podem estar diretamente envolvidos na progressão da doença.

Experimentos mostraram que os RGTTCRA-tRFs interferem na síntese de proteínas, prejudicando a função neuronal. Curiosamente, pacientes submetidos à estimulação cerebral profunda (DBS) apresentaram redução nesses biomarcadores, indicando que o tratamento pode modular sua produção.

Outro achado relevante foi a correlação entre os níveis de tRFs e a presença de corpos de Lewy, agregados proteicos característicos do Parkinson. Em amostras de cérebros post mortem, a diminuição de tRFs mitocondriais acompanhou o avanço da doença, reforçando a ligação entre disfunção energética celular e neurodegeneração.

Veja também: Você sabia que o tremor raramente aparece nos sintomas iniciais do Parkinson? Entenda

Próximos passos e desafios

Apesar dos resultados promissores, os pesquisadores destacam a necessidade de validação em grupos mais diversos, especialmente em populações sub-representadas nos estudos iniciais. Além disso, será necessário padronizar o teste para uso clínico em larga escala.

Se confirmado em futuras pesquisas, esse exame de sangue poderá:

  • Antecipar o diagnóstico em anos, permitindo intervenções precoces.
  • Monitorar a progressão da doença de forma personalizada.
  • Avaliar a eficácia de novos tratamentos de maneira objetiva.

A descoberta representa um passo crucial na luta contra o Parkinson, doença que hoje só é diagnosticada quando os danos neurológicos já estão avançados. Com um exame simples e acessível, médicos poderão identificar pacientes em risco e iniciar terapias antes que os sintomas se tornem incapacitantes.

Enquanto aguardamos mais estudos, essa inovação reforça a importância da ciência na busca por diagnósticos precisos e tratamentos mais eficazes contra as doenças neurodegenerativas.

Quando desconfiar de Parkinson? Sinais que merecem atenção

O Parkinson é uma doença silenciosa, que muitas vezes se instala anos antes dos sintomas clássicos, como tremores, se tornarem evidentes. Mas existem sinais precoces que podem servir de alerta – especialmente quando combinados ou persistentes.

Se você ou alguém próximo apresenta algumas das características abaixo, vale a pena buscar avaliação médica:

1. Alterações no movimento (mesmo sutis)

  • Rigidez muscular: Dificuldade para girar o tronco, levantar da cadeira ou virar na cama.
  • Lentidão (bradicinesia): Movimentos mais vagarosos ao caminhar, escrever ou realizar tarefas simples, como abotoar uma camisa.
  • Tremor de repouso: Aquele tremor característico que aparece quando a mão está relaxada (não durante atividades).

2. Sintomas não motores (muitas vezes negligenciados)

  • Perda de olfato (hiposmia): Dificuldade para identificar cheiros como café, canela ou produtos de limpeza.
  • Distúrbios do sono: Agitação excessiva durante o sono, gritos ou “socos” no ar (REM sleep behavior disorder).
  • Constipação intestinal: Funcionamento lento do intestino, sem causa aparente.
  • Voz mais baixa e monótona: Mudança no volume ou clareza da fala.

3. Mudanças cognitivas e emocionais

  • Micrografia: Letra que vai ficando progressivamente menor ao escrever.
  • Depressão ou ansiedade: Surgimento sem motivo claro, especialmente em pessoas sem histórico prévio.
  • Dificuldade de concentração: Esquecimentos frequentes ou perda da fluidez em raciocínios simples.

Quando procurar um neurologista?

  • Se dois ou mais desses sintomas persistem por meses.
  • Quando há piora progressiva (mesmo lenta).
  • Caso exista histórico familiar de Parkinson ou outras doenças neurodegenerativas.

Importante: Nenhum desses sinais isoladamente significa Parkinson! Eles também podem estar ligados a outras condições (como estresse, deficiências vitamínicas ou até efeitos colaterais de medicamentos). O diferencial é a combinação de sintomas e sua progressão ao longo do tempo.

Com o avanço de exames como o teste de sangue para detecção precoce, identificar riscos antes dos danos neurológicos graves se torna possível. Quanto antes o diagnóstico, mais eficazes são as estratégias para retardar a progressão e manter a qualidade de vida.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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