Coluna, pescoço e ombros: como a má postura cobra seu preço cedo

Nos últimos anos tenho atendido cada vez mais pacientes jovens que chegam ao consultório com queixas de dor na coluna, no pescoço e nos ombros, muitas vezes relacionadas à má postura.

Antes, essas dores eram mais comuns a partir da meia-idade. Hoje, vejo estudantes, profissionais em início de carreira e até adolescentes convivendo com sintomas que comprometem a qualidade de vida.

O que mudou? Nossa rotina. Passamos horas sentados em frente ao computador, improvisamos estações de trabalho em casa durante o home office e carregamos o celular como se fosse uma extensão do corpo.

Essa soma de fatores está antecipando dores que antes demoravam décadas para aparecer.

Estudos confirmam essa realidade.

Uma pesquisa global publicada na BMC Public Health mostrou que permanecer mais de quatro horas sentado por dia já aumenta o risco de dor lombar, cervical e nos ombros.

No Brasil, levantamentos com trabalhadores de tecnologia apontaram alta prevalência de dores de coluna entre quem atua em home office, especialmente em ambientes sem ergonomia adequada.

O que acontece com o corpo quando a má postura se torna rotina?

Quando ficamos muito tempo sentados, a circulação diminui, a pressão sobre os discos da coluna aumenta e os músculos perdem equilíbrio.

É por isso que muitas pessoas relatam rigidez, formigamento e peso nas costas, mesmo depois de uma noite de sono.

O corpo não foi feito para ficar parado: os músculos precisam de movimento para se manter saudáveis.

A má postura, somada ao sedentarismo, acelera ainda mais o desgaste.

Quem está mais vulnerável?

Não são apenas os adultos. Motoristas, estudantes e jovens que passam horas no celular também estão em risco.

Tenho visto adolescentes com sintomas típicos de adultos de 40 ou 50 anos.

As mulheres ainda aparecem com prevalência maior, possivelmente pela sobrecarga das múltiplas jornadas e questões hormonais.

Sinais de alerta

Sempre reforço que sentir dor não é normal. Quando o desconforto persiste, é sinal de que o corpo pede atenção.

Alguns sinais que merecem cuidado imediato são:

  • dor frequente no pescoço, ombros ou lombar após longos períodos sentados;
  • rigidez que não melhora com descanso;
  • formigamento ou dormência em braços e pernas;
  • dificuldade de manter postura ereta, como se estivesse “afundando” na cadeira;
  • sono interrompido pela dor.

O que você pode fazer hoje

A prevenção é simples e acessível.

Recomendo levantar-se a cada 30 a 60 minutos para se alongar ou caminhar.

O ambiente de trabalho também precisa de ajustes: cadeira com suporte lombar, pés apoiados no chão e monitor na altura dos olhos já fazem diferença.

Alongamentos diários e atividades de baixo impacto, como caminhada, natação ou pilates clínico, fortalecem os músculos posturais.

Fora do trabalho, é importante evitar inclinar demais a cabeça ao usar o celular e cuidar da postura ao descansar.

Outro ponto essencial é a qualidade do sono.

Dormir bem e reduzir o estresse ajudam a aliviar a tensão muscular e melhorar a resposta ao tratamento.

Pequenas mudanças na rotina realmente transformam o dia a dia.

O impacto da má postura e do sedentarismo não é apenas físico: ele afeta a produtividade, aumenta os afastamentos do trabalho e reduz a qualidade de vida.

O movimento, aliado à informação, é o melhor remédio que temos à disposição.

Leitura Recomendada: O que toda mulher com lipedema precisa saber sobre exercícios físicos

Mariana Milazzotto

Fisioterapeuta com quase 20 anos de atuação, mestre em Ciências Médicas e especialista no tratamento clínico do lipedema. Criadora da Jornada Desvendando o Lipedema, programa que forma fisioterapeutas e terapeutas corporais no atendimento a mulheres com diagnóstico confirmado ou suspeita da doença.

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Fisio Mariana Milazzotto
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