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Melatonina tira o apetite? Entenda os efeitos no sono e na fome
A melatonina ficou conhecida como o “hormônio do sono”. Produzida naturalmente pelo corpo e também disponível em suplementos, ela é amplamente utilizada para regular o relógio biológico e melhorar a qualidade do descanso. Mas uma dúvida tem chamado a atenção de quem usa ou pensa em usar esse hormônio: será que a melatonina tira o apetite?
Esse questionamento é importante porque muitas pessoas relatam mudanças na fome ao iniciar o suplemento. Outros associam a melatonina à ideia de que ela poderia ajudar no emagrecimento, reduzindo a vontade de comer à noite.
Mas afinal, existe evidência científica para isso? Hoje, vamos explicar como a melatonina atua, se ela tem relação com o apetite e o que os estudos revelam até o momento.
O que é a melatonina e para que serve
A melatonina é um hormônio produzido principalmente pela glândula pineal, no cérebro. Sua função essencial é regular o ciclo circadiano, o chamado relógio biológico que organiza os períodos de sono e vigília ao longo das 24 horas do dia.
Sua produção aumenta naturalmente no período da noite, estimulada pela ausência de luz. Isso faz com que o corpo se prepare para dormir, reduzindo a temperatura corporal, diminuindo o estado de alerta e promovendo sonolência.
Além da produção endógena, a melatonina também está disponível na forma de suplemento. Ela é frequentemente indicada em situações como:
- dificuldade para dormir ou insônia;
- jet lag em viagens com fusos horários diferentes;
- distúrbios do sono relacionados a turnos de trabalho noturno.
Nos últimos anos, o interesse por essa substância foi além do sono, levantando a hipótese de que ela poderia influenciar o metabolismo, o peso corporal e até o apetite.
Melatonina tira o apetite? O que a ciência mostra
De forma direta, não existem evidências de que a melatonina reduza o apetite por si só. O que ocorre é que, ao melhorar a qualidade e a regularidade do sono, o hormônio pode ter efeitos indiretos sobre os mecanismos que regulam a fome.
Dois hormônios-chave estão envolvidos nesse processo:
- Leptina – conhecida como “hormônio da saciedade”, atua enviando sinais ao cérebro de que o corpo já recebeu energia suficiente.
- Grelina – chamada de “hormônio da fome”, estimula o apetite e aumenta a ingestão alimentar.
Quando uma pessoa dorme mal ou tem sono irregular, a produção desses hormônios tende a se desregular. A grelina aumenta, estimulando a fome, enquanto a leptina cai, diminuindo a sensação de saciedade. Esse desequilíbrio pode levar a uma maior ingestão calórica, principalmente à noite.
Portanto, ao ajudar a regular o sono, a melatonina pode contribuir para o equilíbrio entre leptina e grelina, o que indiretamente melhora o controle da fome e reduz episódios de compulsão alimentar noturna. Isso não significa que a melatonina “tira o apetite”, mas sim que ela ajuda o organismo a funcionar de forma mais equilibrada.
Melatonina ajuda a emagrecer?
A melatonina não é um medicamento para perda de peso. No entanto, a ciência aponta que ela pode ter efeitos secundários benéficos no metabolismo.
Um sono de qualidade, regulado pela melatonina, está associado a:
- menor risco de compulsão alimentar noturna;
- melhor sensibilidade à insulina e equilíbrio da glicemia;
- redução do risco de ganho de peso associado à privação de sono.
Estudos indicam que pessoas que dormem pouco têm maior tendência a ganhar peso e desenvolver obesidade. Assim, ao favorecer o descanso adequado, a melatonina pode ajudar no processo de emagrecimento de forma indireta, especialmente quando associada a hábitos saudáveis.
É importante reforçar: a melatonina não substitui dieta equilibrada nem prática de atividade física. Ela pode ser uma aliada no controle do sono, o que, por consequência, impacta positivamente a saúde metabólica.
veja também: Melatonina emagrece? Entenda mais sobre esse suplemento
Possíveis efeitos colaterais da melatonina
Embora considerada segura em doses adequadas, a melatonina pode provocar alguns efeitos adversos em determinadas pessoas. Os mais relatados incluem:
- sonolência excessiva no dia seguinte;
- dores de cabeça;
- tontura;
- alterações leves no humor.
Até o momento, não há registros de alteração significativa do apetite como efeito colateral direto. Quando alguém percebe redução da fome ao iniciar o uso de melatonina, esse efeito tende a estar relacionado à melhora do sono e não à ação direta do suplemento sobre os centros de controle alimentar.
Vale lembrar que o uso inadequado, em doses elevadas ou sem acompanhamento profissional, pode aumentar o risco de efeitos indesejados e de interações medicamentosas.
Leia também: Melatonina: benefícios, usos, efeitos e mitos sobre o hormônio do sono
Quem deve ter atenção ao usar melatonina
Apesar de ser vendida sem prescrição em alguns países, a melatonina não deve ser utilizada de forma indiscriminada. Alguns grupos merecem atenção especial:
- gestantes e lactantes – não há estudos suficientes que garantam a segurança;
- crianças e adolescentes – só deve ser usada com orientação médica específica;
- pessoas que usam medicamentos contínuos, como anticoagulantes, antidepressivos ou anticonvulsivantes – podem ocorrer interações importantes.
Por isso, antes de iniciar a suplementação, é fundamental buscar avaliação médica ou nutricional, especialmente em casos de uso prolongado.
A dúvida é clara: melatonina tira o apetite? A resposta, baseada em evidências, é que não há comprovação científica de que a melatonina reduza diretamente a fome.
O que ocorre é que o hormônio melhora a qualidade do sono e, com isso, ajuda a regular hormônios como leptina e grelina, que controlam a sensação de fome e saciedade. Dessa forma, pode contribuir indiretamente para reduzir episódios de compulsão alimentar e favorecer o equilíbrio metabólico.
A melatonina pode ser uma aliada importante no cuidado com a saúde, especialmente para quem sofre com insônia ou dificuldades de sono. No entanto, ela não deve ser vista como estratégia isolada para emagrecimento. O uso deve ser feito com cautela e orientação profissional, respeitando as necessidades individuais de cada pessoa.
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