Neurologista ensina 3 passos para estudar menos e memorizar mais

Você quer estudar e aprender melhor, mas não tem tempo de revisar mil vezes o conteúdo? Hoje eu vou mostrar um processo anterior à revisão que é determinante para que você tenha uma boa memória: a codificação.

Se preferir, assista o vídeo que está no final do conteúdo.

Codificação: o primeiro passo da memória

A codificação é o processo de pegar uma informação e transformá-la em uma representação simbólica e sensorial, capaz de ser armazenada no cérebro.

De forma simples, é o primeiro passo do armazenamento da memória.

Para entender melhor, pense no plantio de sementes: antes de regar, é preciso preparar o solo, abrir o espaço correto e cobrir bem a semente.

Esse preparo inicial é a codificação. A revisão, por sua vez, funciona como o ato de regar.

Se a codificação for mal feita, não adianta revisar mil vezes: a lembrança não se consolida.

Quando a codificação é forte, mesmo com menos tempo de estudo, você consegue ter uma memória de qualidade.

O que realmente é a memória

A memória de um objeto ou informação não é o objeto em si, mas a forma como o cérebro registrou aquela experiência.

Quanto mais rico e profundo for esse primeiro registro, maior a chance de ele ser recuperado depois.

É isso que vamos trabalhar hoje: como ajudar seu cérebro a codificar bem para que, mesmo com pouco tempo de estudo, você consiga se lembrar com clareza.

Três etapas para fortalecer a memória

Para facilitar, dividi o processo de codificação em três etapas:

  • Relacionar
  • Simplificar
  • Emocionar

1. Relacionar: associações que fortalecem a memória

O primeiro passo é o relacionar, e ele é essencial para quem deseja uma memória de qualidade.

Esse processo acontece quando o cérebro associa uma informação nova com algo que já está armazenado.

Funciona assim: quanto mais contato você já teve com determinado objeto ou ideia, mais fácil será fazer essa associação.

Exemplo prático: quando mostro uma caneta, não há dificuldade em reconhecer, porque ao longo da vida você já teve contato com muitas delas.

Acrescentar o detalhe de que é uma caneta colorida, com várias tintas, também não gera confusão. Isso acontece porque o conceito básico de “caneta” já está consolidado no seu cérebro.

Agora, quando apresento algo que foge do dia a dia, como uma caixinha de microfone, o processo é bem diferente.

Muitas pessoas não têm uma representação inicial desse objeto, e isso dificulta a associação.

Nesse caso, é necessário usar a imaginação: você pode lembrar de programas de TV em que já viu microfones sendo utilizados e, a partir dessa lembrança, associar a nova informação.

Esse tipo de associação pode ser feito de forma concreta (com informações e experiências reais) ou de forma lúdica (usando comparações criativas).

Na biologia celular, por exemplo, o núcleo da célula pode ser comparado à diretoria de uma fábrica, as mitocôndrias à central de energia e a membrana celular à rede de segurança ou portaria.

Essas metáforas ajudam o cérebro a criar conexões sólidas e facilitam o aprendizado.

2. Simplificar: menos esforço, mais memória

Nosso cérebro foi feito para economizar energia.

Quanto mais simples for a informação, mais fácil será registrá-la.

Resumos curtos, mapas mentais e recursos visuais ajudam a transformar informações complexas em algo fácil de lembrar.

Se você escrever em um resumo: “Caneta é um objeto utilizado para escrever com tinta em papel”, estará dificultando. Basta registrar: caneta – tinta – papel.

Assim, o cérebro gasta menos energia e a codificação se torna mais eficiente, resultando em melhor memória.

3. Emocionar: a memória precisa de significado

O cérebro não registra o que é neutro, apenas o que considera importante. Por isso, é fundamental trazer emoção e significado para o conteúdo.

Pergunte-se: “Por que isso é importante para mim neste momento?”

  • Para um estudante, pode ser a responsabilidade com o próprio crescimento individual e na vida.
  • Para quem faz concursos, a motivação pode estar ligada ao desejo de conquistar estabilidade e realização profissional.

Quando você convence o cérebro da relevância do que está estudando, neurotransmissores são liberados, facilitando o registro e a consolidação da memória.

Dicas extras para turbinar a memória

Além das três etapas, existem duas estratégias adicionais:

  • 1 – Trabalhe sua curiosidade.

Ela é a maior motivadora do aprendizado. Uma criança aprende rapidamente a mexer no celular ou no videogame porque sente curiosidade natural. E mesmo conhecimentos que parecem pouco úteis no momento podem se transformar em repertório para futuras associações.

  • 2 – Explique para outra pessoa.

Quando você consegue explicar algo de forma simples, significa que a codificação foi eficiente. Imagine que está ensinando para uma criança: se ela entender, é sinal de que sua memória já consolidou aquele conteúdo.

Memória eficiente: menos revisões, mais aprendizado

Antes de gastar horas revisando, preocupe-se em codificar bem:

  • Relacione novas informações com conhecimentos que já tem.
  • Simplifique ao máximo os conteúdos.
  • Traga emoção e significado para o estudo.

Seguindo esses passos, mesmo estudando menos horas, seu cérebro vai render muito mais e sua memória será mais forte e duradoura.

Se esse conteúdo fez sentido para você, compartilhe com quem também está em busca de aprender melhor. Muitas vezes, não falta tempo, falta entender como nosso cérebro realmente funciona.

Leia também: Cansado de lidar com pessoas que nunca admitem erros? Neurologista explica como enfrentar o Self-Serving Bias

🎯 Aprenda 3 passos que mudam tudo no estudo — assista agora!

Dra. Marília Graner

Sou neurologista, especialista em neurociência comportamental e cognitiva, com foco em como nosso cérebro molda pensamentos, emoções e comportamentos.

Meu objetivo é traduzir a ciência do cérebro de forma prática e acessível, ajudando pessoas a desenvolverem mais autoconfiança, equilíbrio emocional e clareza mental. Além disso, compartilho conhecimento sobre saúde mental, hábitos e produtividade, sempre integrando a ciência à vida cotidiana.

Instagram: @dra.mariliaganer

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Dra. Marília Graner
Dra. Marília Graner

Sou neurologista, especialista em neurociência comportamental e cognitiva, com foco em como nosso cérebro molda pensamentos, emoções e comportamentos. Meu objetivo é traduzir a ciência do cérebro de forma prática e acessível, ajudando pessoas a desenvolverem mais autoconfiança, equilíbrio emocional e clareza mental. Além disso, compartilho conhecimento sobre saúde mental, hábitos e produtividade, sempre integrando a ciência à vida cotidiana.

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