Glaucoma: Desvendando 06 mitos que podem colocar sua visão em risco

Hoje, quero compartilhar com você algumas das dúvidas e mitos mais comuns sobre o glaucoma que surgem no consultório

Ao longo dos anos, tenho visto como a falta de conhecimento sobre o glaucoma pode fazer com que muitas pessoas adiem o diagnóstico ou não levem o tratamento a sério, colocando em risco a saúde dos seus olhos.

Vamos explorar o que é verdade e o que é mito sobre essa doença silenciosa, mas que pode ser controlada com o acompanhamento adequado. Afinal, a informação correta é a melhor aliada para proteger sua visão.

Você já ouviu falar sobre glaucoma? Essa condição ocular é conhecida por ser uma das principais causas de cegueira irreversível no mundo, especialmente entre adultos mais velhos.

Mas o que muita gente não sabe é que o glaucoma é uma doença silenciosa e complexa, envolta em uma série de mitos que podem atrasar o diagnóstico e prejudicar o tratamento.

O glaucoma ocorre devido ao aumento da pressão dentro do olho, que vai danificando o nervo óptico – responsável por levar as imagens da retina ao cérebro.

Com o tempo, essa pressão pode afetar de forma permanente a capacidade visual. Embora o dano ao nervo óptico não possa ser revertido, a boa notícia é que, quando detectado cedo, o glaucoma pode ser controlado, o que ajuda a preservar a visão.

Hoje, vamos abordar e esclarecer os principais mitos sobre o glaucoma. Entender o que é verdade e o que é desinformação é essencial para que você possa se proteger, buscar acompanhamento médico e, caso precise, iniciar o tratamento no momento certo.

Mito 1: “Glaucoma só afeta pessoas idosas”

Apesar de ser mais comum em pessoas com mais de 60 anos, o glaucoma pode afetar qualquer faixa etária. Inclusive, existe um tipo específico, o glaucoma congênito, que afeta bebês e crianças.

Em casos como esse, o glaucoma pode ocorrer devido a uma má formação do sistema de drenagem dos olhos, fazendo com que a pressão intraocular aumente desde o nascimento.

Em jovens e pessoas de meia-idade, o glaucoma também pode surgir, especialmente se houver outros fatores de risco envolvidos, como histórico familiar. Por isso, é importante lembrar que o glaucoma não é exclusivo da terceira idade.

Mesmo sem sintomas, é recomendável que adultos façam exames de vista periódicos para que eventuais alterações na pressão ocular possam ser identificadas o quanto antes.

Mito 2: “Se não sinto dor ou desconforto, não tenho glaucoma”

Esse é um dos mitos mais perigosos sobre o glaucoma. A forma mais comum da doença, chamada glaucoma de ângulo aberto, costuma se desenvolver de forma silenciosa.

Ou seja, o aumento da pressão ocular ocorre sem dor ou desconforto, e os sintomas de perda de visão periférica – ou visão “em túnel” – aparecem apenas em fases mais avançadas.

Há também um tipo menos comum de glaucoma, chamado glaucoma de ângulo fechado, que pode causar sintomas agudos como dor intensa no olho, visão embaçada, e até náusea. No entanto, essa forma aguda não é a regra.

A maioria das pessoas com glaucoma só percebe que está com a doença quando a visão já está comprometida.

Essa progressão silenciosa é o que torna os exames regulares tão importantes, especialmente para pessoas com fatores de risco, como histórico familiar, idade avançada e condições como diabetes.

Os exames ajudam a monitorar a pressão ocular e a avaliar a saúde do nervo óptico, possibilitando a detecção precoce e o tratamento adequado antes que o glaucoma cause danos irreversíveis.

Mito 3: “O glaucoma sempre causa cegueira”

É verdade que o glaucoma é uma causa importante de cegueira, mas isso não significa que toda pessoa com glaucoma perderá a visão. Com diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível controlar a pressão ocular e, assim, preservar a visão por muitos anos, evitando a progressão do dano ao nervo óptico.

Tratamentos disponíveis: O tratamento do glaucoma geralmente começa com colírios que ajudam a reduzir a pressão dentro do olho. Em alguns casos, o tratamento pode incluir terapias com laser e até intervenções cirúrgicas. O objetivo é sempre controlar a pressão intraocular e prevenir novos danos à visão.

Importância da adesão ao tratamento: É fundamental que as pessoas diagnosticadas com glaucoma sigam rigorosamente o tratamento indicado pelo médico. A adesão aos medicamentos e o acompanhamento regular permitem ajustar o tratamento conforme necessário, o que faz toda a diferença na preservação da visão a longo prazo.

Mesmo que o paciente não sinta sintomas, o uso correto dos colírios e o monitoramento periódico são essenciais para manter o glaucoma sob controle.

Mito 4: “O glaucoma é sempre hereditário”

Embora o histórico familiar seja, de fato, um fator de risco importante para o glaucoma, a condição pode afetar pessoas sem qualquer caso conhecido na família. Portanto, não ter parentes com glaucoma não elimina a necessidade de acompanhamento.

Outros fatores de risco: Além da hereditariedade, outros fatores aumentam o risco de desenvolver glaucoma. Idade avançada, raça (especialmente entre afrodescendentes), pressão intraocular elevada e uso prolongado de corticoides são alguns deles. Condições como diabetes e hipertensão também podem aumentar o risco.

Importância da avaliação regular mesmo sem histórico familiar: Mesmo pessoas sem histórico familiar de glaucoma devem realizar exames oculares periódicos, principalmente após os 40 anos.

Essa prática ajuda a identificar alterações na pressão ocular ou no nervo óptico precocemente, facilitando o controle da doença antes que ela afete a visão.

Mito 5: “O tratamento com colírio é o suficiente para todos os casos de glaucoma”

Embora os colírios sejam o tratamento inicial e mais comum, nem todos os casos de glaucoma respondem bem a essa abordagem isolada. Alguns pacientes podem precisar de procedimentos adicionais para controlar a pressão ocular e proteger a visão.

Diferentes tratamentos: Além dos colírios, há tratamentos com laser e procedimentos cirúrgicos. Por exemplo, a trabeculoplastia a laser é uma opção para muitos pacientes e ajuda a melhorar a drenagem do fluido ocular. Em casos mais avançados, cirurgias como a trabeculectomia podem ser recomendadas para reduzir a pressão de forma mais efetiva e duradoura.

Personalização do tratamento: Cada caso de glaucoma é único, e a escolha do tratamento depende do tipo de glaucoma, da resposta do paciente aos colírios, e da evolução da condição. Acompanhamento contínuo com um oftalmologista é fundamental, pois o tratamento pode precisar ser ajustado ao longo do tempo para garantir o melhor controle da doença e preservação da visão.

Mito 6: “Se a pressão ocular está normal, não preciso me preocupar com glaucoma”

Um dos equívocos comuns sobre o glaucoma é acreditar que ele só ocorre quando a pressão ocular está elevada. No entanto, existe uma forma da doença chamada glaucoma de pressão normal. Nesse caso, o dano ao nervo óptico ocorre mesmo quando a pressão intraocular está em níveis considerados normais.

Glaucoma de pressão normal: Esse tipo de glaucoma é menos compreendido, mas acredita-se que o nervo óptico seja mais sensível a danos, mesmo em pressões que seriam seguras para a maioria das pessoas.

Isso significa que, para algumas pessoas, a pressão ocular dentro da faixa “normal” ainda pode causar perda progressiva da visão.

O glaucoma de pressão normal é mais comum em pessoas com histórico familiar da doença, doenças cardiovasculares e em certas populações, como os japoneses.

A importância dos exames completos: Por isso, confiar apenas na medida da pressão ocular para avaliar o risco de glaucoma não é suficiente.

O diagnóstico completo inclui outros exames, como a análise da espessura da córnea (pois córneas mais finas aumentam o risco de glaucoma) e o exame de campo visual, que detecta sinais precoces de perda de visão periférica.

Esses exames são fundamentais para avaliar o nervo óptico e detectar o glaucoma antes que a visão seja afetada de forma significativa.

O glaucoma é uma doença complexa e silenciosa, muitas vezes cercada por mitos que dificultam seu diagnóstico e tratamento precoce. Desmistificar essas crenças é essencial para que mais pessoas possam buscar ajuda no momento certo e manter a saúde ocular sob controle.

Desde a ideia de que o glaucoma só ocorre em idosos até a crença equivocada de que a pressão ocular normal elimina qualquer risco, esclarecer esses pontos ajuda a reduzir o impacto da doença.

O glaucoma é uma das principais causas de perda de visão irreversível, mas a boa notícia é que ele pode ser controlado quando diagnosticado a tempo. Fazer consultas regulares com o oftalmologista, especialmente se você tiver fatores de risco, é a melhor maneira de proteger sua visão.

Cuide da sua visão e ajude a espalhar a conscientização sobre o glaucoma. Faça exames regulares, incentive aqueles que ama a fazer o mesmo e compartilhe essas informações. Desse modo, você estará contribuindo para que mais pessoas se protejam contra essa condição silenciosa e preservem sua saúde ocular.

Eu sou Dr. Marco Antonio Félix Filho (CRM 52313 RQE 52872), oftalmologista especialista em glaucoma.

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Dr. Marco Antonio Félix Filho
Dr. Marco Antonio Félix Filho

Olá sou dr Marco Antonio Félix Filho. Venho de uma família da área da saúde. Meu Bisavô era farmacêutico, meu avô medico sanitarista, meu Pai médico geriatra. Nasci na capital mas fui criado no interior, no sul de minas. Minha formação toda foi em Belo Horizonte, do colégio à residência médica. Sou oftalmologista especialista em glaucoma. Tive o privilegio de realizar minha formação na Fundação Hilton Rocha em Belo Horizonte. Atuo na capital mineira e em algumas cidades em torno da minha familia.
Gradação em Medicina pela Unifenas BH, 2010
Especialização em Oftalmologista especialista em glaucoma pela Fundação Hilton Rocha – BH 2017

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