Ostomia sem tabu: médico revela verdades sobre o procedimento que salva vidas

Muita gente já ouviu falar sobre ostomia, mas ainda existe bastante dúvida (e até preconceito) sobre o assunto.

Para começar, é importante entender de forma simples o que é ostomia: trata-se de uma cirurgia que cria um orifício no corpo para permitir a saída de fezes ou urina quando o organismo não consegue realizar essa função naturalmente.

Esse procedimento pode ser temporário ou definitivo e, em muitos casos, representa a chance de salvar vidas.

Pacientes com câncer colorretal, doenças inflamatórias intestinais, traumas ou malformações congênitas, por exemplo, podem precisar passar por essa cirurgia.

Mesmo sendo uma alternativa fundamental, a ostomia ainda é cercada por estigmas.

Muitas pessoas acreditam que ela limita totalmente a vida do paciente, quando na verdade, com os cuidados adequados e acompanhamento médico, é possível viver com dignidade, autonomia e qualidade de vida.

O que é ostomia e por que ela é necessária

Agora que já temos uma ideia inicial, vale detalhar melhor o que é ostomia.

Esse procedimento cirúrgico cria uma abertura chamada estoma, conectando parte do intestino, do sistema urinário ou de outros órgãos ao exterior.

Essa comunicação alternativa é feita quando o trajeto natural não pode mais cumprir sua função.

No caso do intestino, ela permite que fezes sejam eliminadas por uma abertura na barriga, onde é acoplada uma bolsa coletora.

Para alguns pacientes, essa adaptação é temporária, até que o organismo esteja recuperado. Já em outros casos, pode ser definitiva.

Sem essa intervenção, diversas doenças e complicações poderiam evoluir sem tratamento, colocando a vida em risco.

É por isso que compreender bem o que é ostomia ajuda a quebrar preconceitos e a enxergar esse procedimento como uma solução que devolve saúde e perspectiva.

Tipos mais comuns de ostomia

Existem diferentes tipos de ostomia, e cada um deles é indicado de acordo com a necessidade do paciente.

De forma simples, podemos dizer que a diferença está no local do corpo onde é feita a abertura e na função que ela vai cumprir. Veja os principais:

  • Colostomia: é quando a abertura é feita no intestino grosso. A partir dela, as fezes passam a ser eliminadas por essa saída.
  • Ileostomia: nesse caso, a abertura é feita no intestino delgado (também chamado de intestino fino). Assim como na colostomia, a eliminação das fezes acontece pela bolsa coletora.
  • Urostomia: em vez das fezes, aqui o desvio é feito para a urina. A cirurgia cria um novo caminho para que o xixi seja eliminado.
  • Gastrostomia: a abertura é feita diretamente no estômago e serve para introduzir uma sonda que permite a alimentação quando a pessoa não consegue engolir.
  • Traqueostomia: nesse caso, a abertura não tem a ver com a digestão ou eliminação, mas sim com a respiração. É feita na traqueia para que o ar entre e saia dos pulmões.

Embora existam vários tipos, quando falamos em o que é ostomia na prática do dia a dia, quase sempre estamos nos referindo às duas mais comuns relacionadas ao intestino: a colostomia e a ileostomia.

Indicações mais frequentes

As principais condições que podem levar à necessidade de ostomia incluem:

  • câncer colorretal;
  • acidentes e traumas abdominais;
  • doenças inflamatórias, como Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa;
  • malformações congênitas, como o ânus imperfurado;
  • complicações por Doença de Chagas;
  • doenças neurológicas que afetam o controle da eliminação.

Cada caso é avaliado individualmente pelo coloproctologista, que vai indicar o tipo de ostomia mais adequado e se ela será temporária ou definitiva.

O uso da bolsa coletora

Uma das maiores mudanças na vida de quem passa por uma ostomia é o uso da bolsa coletora.

Esse acessório é acoplado ao estoma e serve para armazenar as fezes. Existem modelos drenáveis ou não, transparentes ou opacos, de uma ou duas peças.

A escolha da bolsa depende de fatores como:

  • tempo de cirurgia;
  • características do estoma;
  • consistência das fezes;
  • possíveis complicações na pele.

Pode parecer difícil no início, mas com a adaptação correta o paciente aprende a lidar com a bolsa e retoma suas atividades diárias.

Veja também: Câncer de intestino em jovens aumenta silenciosamente e especialista pede atenção urgente

Como é viver com um estoma

Receber a notícia de que será necessário passar por uma ostomia pode gerar medo e insegurança.

O impacto inicial é grande, mas é fundamental destacar que a cirurgia oferece uma nova oportunidade de vida.

Para que a adaptação seja mais tranquila, o paciente deve receber acompanhamento desde o pré-operatório, com informações claras e apoio emocional. Entre os cuidados mais importantes estão:

  • manter a higiene adequada do estoma;
  • proteger a pele ao redor;
  • usar os equipamentos coletores corretos;
  • ajustar a alimentação para facilitar o funcionamento intestinal;
  • contar com suporte psicológico e familiar.

Além disso, o apoio de uma equipe multidisciplinar, formada por médicos, enfermeiros e nutricionistas, faz toda a diferença.

Com o tempo, a maioria dos pacientes consegue viver com autonomia, trabalhar, praticar atividades físicas, viajar, dançar, namorar e seguir sua rotina normalmente.

O preconceito ainda existe, mas precisa ser superado, já que a ostomia não define quem a pessoa é.

Por que o acompanhamento médico é indispensável

Entender o que é ostomia vai muito além da parte técnica. É também compreender o impacto físico e emocional que ela traz.

Por isso, o acompanhamento médico especializado é essencial em todas as fases: antes, durante e depois da cirurgia.

O coloproctologista é o profissional indicado para orientar sobre o melhor tratamento, esclarecer dúvidas e oferecer segurança nesse processo.

Além do aspecto clínico, o olhar humano e o apoio psicológico são determinantes para que o paciente consiga se adaptar e recuperar sua autoestima.

A ostomia não é o fim da vida social ou pessoal de ninguém. Pelo contrário: ela devolve qualidade de vida a quem já estava sofrendo com limitações graves.

O paciente ostomizado pode, sim, viver com dignidade, saúde e liberdade.

Leitura Recomendada: Como o cigarro afeta seu intestino: o que todo fumante deve saber

Dr. Alexandre Nishimura

Médico cirurgião-geral, cirurgião robótico e coloproctologista. Membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva, Robótica e Digital (SOBRACIL). Atua com foco em técnicas avançadas e tratamentos de alta precisão.

Redes sociais:

Compartilhe este conteúdo
Dr. Alexandre Nishimura
Dr. Alexandre Nishimura
plugins premium WordPress

VIRE A CHAVE PARA EMAGRECER

INSCRIÇÕES GRATUITAS E VAGAS LIMITADAS