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O que é quimioterapia e como ela age no corpo
"Apesar de ser um dos tratamentos mais conhecidos contra o câncer, muita gente ainda não entende com clareza o que é quimioterapia".
Quando falamos sobre câncer, muitas pessoas logo associam o tratamento à quimioterapia. Ainda assim, percebo no consultório que muitos pacientes não sabem exatamente o que é quimioterapia, como ela funciona no corpo e por que é indicada em tantos casos.
Essa falta de clareza pode gerar medo, insegurança e até recusa ao tratamento.
Por isso, acredito que entender esse processo é uma forma de diminuir a ansiedade e ajudar o paciente a se sentir mais confiante para enfrentar essa etapa com mais tranquilidade.
Quero te explicar, portanto, o que é esse tratamento, por que ele é usado e o que acontece no organismo quando o paciente passa por ele.
O que é quimioterapia?
Como mencionei no início, apesar de ser um dos tratamentos mais conhecidos contra o câncer, muita gente ainda não entende claramente o que é quimioterapia.
De forma geral, ela consiste no uso de medicamentos específicos para combater o câncer, com a missão de destruir células doentes ou impedir que elas continuem se multiplicando.
Diferente de abordagens mais localizadas, como a cirurgia ou a radioterapia, a quimioterapia tem ação sistêmica.
Isso significa que os medicamentos circulam pela corrente sanguínea, atingindo diversas partes do corpo.
Esse tipo de tratamento é especialmente importante quando o câncer já encontra-se em estádio mais avançado e precisa de controle sistêmico pois há possibilidade de existirem células cancerígenas que ainda não foram detectadas.
Como a quimioterapia age no corpo?
As células cancerígenas têm uma característica principal: elas se multiplicam de forma descontrolada.
A quimioterapia age justamente nesse ponto, interferindo no processo de multiplicação dessas células.
O problema é que o tratamento não consegue diferenciar com 100% de precisão o que é uma célula cancerosa e o que é uma célula saudável.
Por isso, algumas células do nosso corpo que também se dividem com rapidez (como as do cabelo, da pele, da medula óssea e do trato gastrointestinal) podem acabar sendo afetadas.
É justamente isso que explica muitos dos efeitos colaterais da quimioterapia, como queda de cabelo, náuseas, cansaço e alterações na imunidade.
📌 Leitura Recomendada: Câncer vem de família? Veja os tipos mais comuns e como reduzir os riscos
Quando a quimioterapia é indicada?
A indicação da quimioterapia depende de vários fatores, como o tipo de câncer, o estágio da doença, a saúde geral do paciente e o objetivo do tratamento.
Ela pode ser usada em diferentes momentos:
- Antes da cirurgia (quimioterapia neoadjuvante): para reduzir o tamanho do tumor e facilitar a retirada.
- Após a cirurgia (quimioterapia adjuvante): para eliminar possíveis células cancerosas invisíveis aos olhos humanos, exames de imagem ou sangue.
- Como tratamento principal: Quando o câncer não pode ser operado ou já se espalhou para outras áreas.
- Para controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida: em casos mais avançados.
Cada caso é único. Por isso, o plano de tratamento sempre é montado de forma individualizada, considerando os riscos e os benefícios para aquele paciente.
Como é feita a aplicação?
Os medicamentos da quimioterapia podem ser administrados de diferentes formas:
- Endovenosa (pela veia): é o método mais comum. O paciente recebe os medicamentos por meio de um acesso venoso no hospital ou na clínica, em sessões programadas.
- Oral: em forma de comprimidos ou cápsulas que o paciente toma em casa, conforme orientação médica.
- Subcutânea ou intramuscular: com injeções aplicadas sob a pele ou no músculo.
- Intratecal: em casos específicos, pode ser aplicada diretamente no líquido que envolve o cérebro e a medula espinhal.
O intervalo entre as sessões varia de acordo com o tipo de câncer e o protocolo escolhido.
É comum que o tratamento ocorra em ciclos, com períodos de descanso entre eles para que o corpo se recupere.
Quais são os efeitos colaterais mais comuns?
Como a quimioterapia afeta também células saudáveis que se multiplicam rapidamente, ela pode provocar diversos efeitos colaterais.
Nem todos os pacientes apresentam os mesmos sintomas, e a intensidade pode variar.
Entre os mais frequentes, estão:
- Queda de cabelo;
- Náuseas e vômitos;
- Cansaço e fraqueza;
- Aftas e alterações na boca;
- Diarreia ou prisão de ventre;
- Perda de apetite;
- Baixa na imunidade (aumentando o risco de infecções).
É importante lembrar que, hoje em dia, há medicamentos e estratégias para aliviar esses sintomas.
O médico oncologista pode ajustar o tratamento sempre que necessário para garantir mais conforto ao paciente.
Quimioterapia cura o câncer?
Essa é uma das perguntas mais comuns no consultório.
A resposta depende do tipo de câncer, do estágio da doença e da resposta de cada organismo.
Em muitos casos, a quimioterapia faz parte de um tratamento curativo, especialmente quando combinada com cirurgia e/ou radioterapia.
Em outros, ela ajuda a controlar a doença, reduzindo o tamanho dos tumores, aliviando sintomas e melhorando a qualidade de vida.
Mesmo quando o câncer não pode ser completamente eliminado, é possível viver bem com a doença controlada por bastante tempo.
Apoio e acolhimento fazem diferença
Passar por um tratamento como a quimioterapia não é fácil. Envolve dúvidas, medos, mudanças no corpo e na rotina.
Por isso, tão importante quanto o acompanhamento médico é o suporte emocional durante essa jornada.
Conversar com profissionais de saúde, tirar dúvidas, buscar grupos de apoio e dividir sentimentos com pessoas de confiança são atitudes que fortalecem e fazem a diferença.
Informação de qualidade, empatia e cuidado são aliados poderosos no enfrentamento do câncer.
Com o que compartilhei aqui, espero ajudar você a entender melhor o que é quimioterapia, como ela age no corpo e o que esperar desse processo.
Ter um médico de confiança ao lado, tirar todas as dúvidas e seguir as orientações da equipe de saúde são passos essenciais para atravessar essa fase com mais segurança e dignidade.
A quimioterapia não é o fim. Em muitos casos, é o começo da vitória contra a doença.
Sou Dr. Victor Cordeiro Trevas, médico especialista em Oncologia. Siga no Instagram – @dr.victorcordeiroonco