A relação entre pais permissivos e o consumo de álcool dos filhos

Pais permissivos têm um papel mais importante do que muitos imaginam quando o assunto é o consumo de álcool entre jovens.

A transição do ensino médio para a faculdade costuma ser um dos períodos mais intensos da vida.

O estudante ganha liberdade, conhece novas pessoas, participa de festas e experimenta a sensação de independência (tudo isso enquanto lida com novas pressões e incertezas).

Nesse cenário, o consumo de álcool tende a aumentar, e em alguns casos, de forma arriscada.

Um estudo publicado na revista Behavioral Sciences ajuda a clarear esse cenário ao mostrar como a permissividade dos pais influencia o padrão de bebida dos calouros universitários.

Pais permissivos e sua influência dentro de casa

A pesquisa acompanhou quase 300 estudantes e seus pais em dois períodos: no último ano do ensino médio e nos primeiros meses da faculdade.

Estudantes que percebiam seus pais como mais permissivos em relação à “bebedeira pesada” (consumir 4 ou 5 doses de álcool em uma única ocasião) eram justamente os que mais bebiam na faculdade.

E essa permissividade não surgia na vida universitária.

Já no ensino médio, pais de jovens que posteriormente entrariam para fraternidades e grupos estudantis demonstravam maior tolerância ao consumo de álcool.

Em outras palavras, a forma como a família lida com a bebida ainda durante a adolescência costuma vir antes (e pode até influenciar) a escolha desses ambientes quando o jovem chega à faculdade.

Por que isso é importante?

Para muitos jovens, entrar na faculdade significa, pela primeira vez, viver longe da supervisão dos pais.

É um ambiente novo, com festas, vida social intensa e muita liberdade; e onde a bebida costuma circular com facilidade.

Quando essa nova realidade se combina com um histórico de permissividade em casa, o risco de exageros aumenta bastante.

O estudo mostra que:

  • estudantes que participam de fraternidades e outros grupos sociais típicos de universitários tendem a beber bem mais do que os colegas (em alguns indicadores, quase o dobro);
  • esses grupos costumam organizar festas e eventos com frequência, o que aumenta a exposição ao álcool;
  • e, mesmo considerando características individuais dos jovens, a permissividade dos pais continua aparecendo como um fator de risco independente.

Em resumo, não é só o ambiente universitário que favorece o consumo exagerado.

A forma como a família lida com o tema ainda na adolescência tem impacto direto no comportamento do jovem quando ele conquista mais liberdade.

Permissividade não é o mesmo que diálogo

Um dado curioso do estudo é que muitos jovens acreditam que seus pais são mais liberais do que realmente são.

A concordância entre o que os pais dizem e o que os filhos interpretam é baixa.

Pequenos comentários, normalização da bebida em casa ou a ausência de regras claras podem criar a impressão de que “meus pais não se importam tanto assim”.

E essa percepção (mesmo que equivocada) está ligada a um maior risco de beber em excesso na faculdade.

O papel da comunicação

Pesquisas mostram que, quando os pais deixam claro que desaprovam o consumo abusivo de álcool, especialmente antes da maioridade, os jovens tendem a beber menos e a enfrentar menos problemas relacionados ao álcool.

Não se trata de ser autoritário. Trata-se de:

  • estabelecer limites realistas e consistentes;
  • conversar abertamente sobre riscos;
  • comunicar expectativas de forma clara;
  • reforçar que a segurança vem antes de pressão social.

Mesmo na faculdade (e especialmente nos primeiros meses) os pais continuam sendo uma influência importante.

Ambientes universitários que ampliam o risco

Além da influência da família, o estudo mostra que jovens que ingressam em fraternidades e outros grupos sociais típicos de universitários costumam apresentar padrões de consumo de álcool mais preocupantes.

Em geral, eles:

  • bebem com mais frequência;
  • acumulam mais episódios de bebedeira pesada;
  • enfrentam mais consequências negativas, como brigas, acidentes, faltas em aula e até emergências médicas.

A influência dos pais ainda aparece entre esses estudantes, especialmente nos primeiros meses da faculdade, mas em alguns dos comportamentos avaliados, ela parece ter um impacto um pouco menor.

Isso provavelmente acontece porque o ambiente social desses grupos é muito intenso e exerce uma pressão grande sobre os hábitos de quem participa.

O que os pais podem fazer?

O estudo indica que orientar e envolver os pais pode fazer diferença real na forma como os jovens bebem; mesmo quando o filho participa de grupos universitários onde o consumo de álcool costuma ser maior.

Atitudes eficazes incluem:

  • conversar de forma clara e direta sobre álcool;
  • expressar desaprovação ao uso excessivo, especialmente enquanto o estudante é menor de idade;
  • explicar consequências reais, sem moralizar;
  • manter o vínculo e o diálogo mesmo depois que o filho sai de casa;
  • reforçar limites e expectativas de maneira consistente.

O impacto dos pais permissivos nas escolhas dos jovens

Pais permissivos podem parecer inofensivos, mas a pesquisa mostra que a forma como a família lida com o álcool antes da faculdade influencia diretamente o comportamento do jovem quando ele ganha independência.

E, para quem entra em ambientes onde o consumo costuma ser mais intenso, essa influência faz ainda mais diferença.

A prevenção começa cedo e continua valendo mesmo à distância.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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