Parkinson: quando dirigir revela algo que os exames não mostram

Quando se fala em parkinson e sintomas cognitivos, muita gente ainda pensa em algo distante, como se alterações de atenção ou de raciocínio só aparecessem nas fases mais avançadas da doença.

A imagem mais comum continua sendo a dos tremores e da rigidez muscular.

Mas um estudo recente publicado na Scientific Reports mostra que o cérebro pode dar sinais muito antes disso, de um jeito discreto o suficiente para passar despercebido nos testes feitos no consultório.

Para investigar essas mudanças, os pesquisadores reuniram motoristas com Parkinson em estágio inicial, todos sem demência, e colocaram o grupo para dirigir em um simulador que reproduz trânsito real (ruas, curvas, frenagens e situações inesperadas).

O objetivo era observar como essas pessoas lidam com uma tarefa cotidiana que exige atenção contínua, rapidez de resposta e noção precisa do espaço.

Parkinson e sintomas cognitivos: simulador captura o que o consultório não vê

Nos testes feitos em consultório, a maior parte das avaliações cognitivas não apontou alterações relevantes, com exceção de um exame voltado à velocidade de processamento.

Ainda assim, quando entraram no simulador, os participantes com Parkinson mostraram dificuldades sutis que não apareciam no papel.

Essas diferenças não chamariam a atenção de um observador comum, mas revelam falhas leves de atenção, percepção espacial e tempo de reação.

A resposta ao freio do carro da frente, por exemplo, demorava mais do que a dos motoristas sem Parkinson.

Manter o veículo bem centralizado na pista também era mais difícil, e as curvas (especialmente as para a esquerda) apresentavam desvios maiores.

São detalhes que os exames tradicionais, mais abstratos, não conseguem captar.

Já o simulador coloca o cérebro para lidar com uma situação real, que exige integrar visão, movimento e tomada de decisão ao mesmo tempo.

Por que essas alterações surgem tão cedo

Um dos principais achados do estudo envolve o tempo de reação.

Pessoas com Parkinson levaram mais tempo para perceber e responder a estímulos simples, o que sugere um processamento de informações mais lento.

Não é algo visível no dia a dia de imediato, mas já indica que o cérebro começa a trabalhar com pequenas diferenças.

A maior dificuldade nas curvas para a esquerda reforça esse quadro.

Esse tipo de manobra exige percepção espacial precisa e controle motor fino — e pequenas alterações cognitivas já tornam essa combinação mais desafiadora.

Os pesquisadores também observaram que essas dificuldades se relacionavam com fatores da própria evolução da doença.

Pacientes com doses maiores de medicação ou em estágios mais avançados apresentaram pior desempenho no simulador.

Isso reforça que, no Parkinson, as alterações cognitivas não aparecem de uma hora para outra. Elas vão se instalando aos poucos, muitas vezes antes que os testes clínicos detectem qualquer mudança.

Como esses achados ajudam pacientes e famílias

Para equipes médicas, o estudo acende uma discussão importante.

Em vez de depender apenas de testes padronizados, cresce o interesse por avaliações funcionais. Aquelas que simulam situações reais do cotidiano.

Ferramentas como simuladores podem ajudar a identificar cedo mudanças que afetam decisões rápidas e a percepção do ambiente, algo essencial para dirigir com segurança e manter autonomia.

Para famílias e cuidadores, os resultados lembram que o Parkinson é mais amplo do que os sintomas motores.

Alterações de atenção, tempo de reação e percepção espacial fazem parte da doença, mesmo quando ainda não são visíveis de forma clara.

À medida que a ciência aprofunda o entendimento sobre parkinson e sintomas cognitivos, aumenta a possibilidade de oferecer acompanhamento mais preciso e estratégias que ajudem a preservar autonomia, segurança e qualidade de vida por mais tempo.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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