Parotidite: o que é, sintomas, causas e como tratar

A parotidite é uma condição que provoca a inflamação das glândulas responsáveis pela produção de parte da saliva que ajuda na digestão e na proteção da cavidade bucal.

Embora muitas pessoas associem a parotidite exclusivamente à caxumba, a verdade é que existem diferentes causas para essa inflamação — algumas infecciosas, outras não.

Entender os sintomas e as possíveis origens da parotidite é fundamental para buscar o tratamento adequado e evitar complicações, como abscessos, dor intensa ou disseminação da infecção.

Aqui, no SaúdeLAB, vamos explicar tudo para você!

O que é parotidite?

A parotidite é a inflamação de uma ou ambas as glândulas parótidas, que são as maiores glândulas salivares do corpo humano.

Elas estão localizadas na frente e abaixo de cada orelha, e sua função principal é produzir saliva, que auxilia na digestão, protege os dentes e mantém a mucosa bucal hidratada.

Quando essas glândulas inflamam, o paciente pode sentir dor, inchaço facial e dificuldade para mastigar ou engolir. Em casos mais graves, pode haver febre, presença de pus e sinais de infecção generalizada.

Parotidite x Caxumba: são a mesma coisa?

Não exatamente. A caxumba é uma das causas virais mais conhecidas de parotidite, mas nem toda parotidite é causada pela caxumba.

Existem também formas bacterianas, autoimunes e outras menos comuns. Por isso, o termo “parotidite” é mais amplo e abrange qualquer inflamação das glândulas parótidas, independentemente da causa.

Termos equivalentes e sinônimos

Além de “parotidite”, o problema pode ser descrito como:

  • Inflamação da glândula parótida
  • Infecção das glândulas salivares
  • Sialadenite (quando envolve outras glândulas salivares também)

Principais causas da parotidite

A inflamação das glândulas parótidas pode ter diversas origens. A seguir, veja as causas mais comuns:

Parotidite viral

É a forma mais conhecida, especialmente por estar associada à caxumba (infecção causada pelo vírus da parotidite epidêmica, da família Paramyxoviridae). A transmissão ocorre por gotículas de saliva e o contágio é alto, principalmente entre crianças e adolescentes não vacinados.

Outros vírus também podem causar parotidite, como:

  • Vírus influenza (gripe)
  • Epstein-Barr (mononucleose)
  • Citomegalovírus

Nesses casos, o quadro pode ser mais brando ou até assintomático.

Parotidite bacteriana

É mais comum em pessoas idosas, imunossuprimidas ou que apresentam má higiene bucal. A bactéria Staphylococcus aureus é uma das principais envolvidas. Essa forma pode causar:

  • Inchaço intenso
  • Vermelhidão
  • Dor localizada
  • Presença de pus no ducto da glândula

Causas principais incluem:

  • Obstrução do ducto salivar (por cálculo salivar ou tumor)
  • Desidratação
  • Redução do fluxo salivar (xerostomia)
  • Traumas locais

Outras causas de parotidite

Além das infecções, a parotidite pode surgir por mecanismos inflamatórios ou obstrutivos:

  • Traumas faciais: pancadas podem inflamar a glândula
  • Medicamentos: alguns diuréticos, antipsicóticos e anti-hipertensivos podem reduzir o fluxo salivar
  • Doenças autoimunes: como a Síndrome de Sjögren, que ataca as glândulas salivares
  • Pós-operatório: após cirurgias de cabeça e pescoço
  • Neoplasias: embora raras, tumores na glândula parótida podem provocar inflamação secundária

Parotidite é contagiosa?

A parotidite pode ou não ser contagiosa, dependendo da sua causa. Quando a inflamação é provocada por um vírus, como no caso da caxumba, há risco de transmissão de pessoa para pessoa. Já nos casos bacterianos ou autoimunes, não há contágio direto entre indivíduos.

Quando a parotidite é contagiosa?

A parotidite é contagiosa quando tem origem viral, especialmente se for causada pelo vírus da caxumba. Nestes casos, o vírus se propaga pelas vias aéreas superiores e pode ser transmitido por:

  • Gotículas de saliva
  • Espirros ou tosse
  • Contato direto com secreções orais
  • Objetos contaminados, como copos e talheres

Quando a parotidite não é contagiosa?

Nos casos de parotidite bacteriana, traumática ou autoimune, não existe risco de contágio. Essas formas geralmente estão relacionadas a condições internas do próprio organismo, como infecções oportunistas, obstruções do ducto salivar ou distúrbios do sistema imunológico.

Período de incubação e de transmissão (parotidite viral)

  • Incubação: O vírus da caxumba costuma incubar por 16 a 18 dias após o contato, podendo variar entre 12 e 25 dias.
  • Transmissão: O período de maior risco de contágio começa cerca de 2 dias antes do início dos sintomas e se estende até 5 dias após o surgimento do inchaço nas glândulas.

Cuidados para evitar o contágio

  • Isolamento domiciliar nos primeiros dias da infecção viral
  • Higienização frequente das mãos
  • Evitar compartilhar utensílios pessoais
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar
  • Vacinação com a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), que é a forma mais eficaz de prevenção

Sintomas de parotidite

Os sintomas da parotidite variam de acordo com a causa e a gravidade da inflamação, mas alguns sinais são comuns à maioria dos quadros, especialmente o inchaço na região das bochechas.

Principais sintomas

  • Inchaço facial próximo à mandíbula e abaixo das orelhas (pode ser unilateral ou bilateral)
  • Dor ao mastigar, falar ou engolir
  • Febre e sensação de mal-estar geral
  • Boca seca, devido à diminuição da produção de saliva
  • Vermelhidão e sensibilidade na pele da face
  • Dificuldade para abrir a boca ou movimentar a mandíbula
  • Presença de pus no ducto de Stenon (canal de saída da saliva), visível dentro da boca, especialmente em casos bacterianos

Diferenças entre parotidite viral e bacteriana

🩺 Característica🦠 Parotidite Viral🧫 Parotidite Bacteriana
FrequênciaMais comum em crianças e jovensMais comum em idosos ou imunossuprimidos
Início dos sintomasGradualSúbito e mais intenso
InchaçoGeralmente bilateralFrequentemente unilateral
FebreModeradaAlta, com calafrios
PusAusentePresente em casos mais graves
Contagiosa?SimNão

Parotidite em crianças e adultos

A parotidite pode afetar pessoas de todas as idades, mas a forma de manifestação e os riscos associados podem variar entre crianças e adultos.

Em crianças

  • A causa mais comum é a parotidite viral, principalmente a caxumba
  • Geralmente se apresenta com febre moderada, inchaço nas duas bochechas e dor leve a moderada
  • A maioria dos casos evolui bem, mas podem surgir complicações como:
    • Meningite viral (inflamação das meninges, mais comum em crianças pequenas)
    • Orquite (inflamação dos testículos em meninos, principalmente na puberdade)
    • Ooforite (inflamação dos ovários, mais rara, em meninas adolescentes)

É essencial garantir a vacinação completa e observar sinais de agravamento

Em adultos

  • As causas podem ser mais variadas: virais, bacterianas ou autoimunes
  • A inflamação tende a ser mais dolorosa e prolongada
  • Maior risco de abscessos e necessidade de antibióticos em caso de infecção bacteriana
  • Em adultos imunossuprimidos, como pacientes oncológicos ou com HIV, o risco de complicações é significativamente maior

Cuidados especiais

  • Monitorar sinais neurológicos em crianças (como rigidez de nuca ou sonolência excessiva)
  • Em meninos com caxumba, acompanhar aumento testicular ou dor escrotal
  • Garantir hidratação, repouso e analgesia adequada em todas as faixas etárias
  • Em caso de dor intensa, febre alta ou presença de pus, buscar atendimento médico imediato

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Como é feito o diagnóstico da parotidite

O diagnóstico da parotidite é geralmente clínico, baseado na história do paciente e nos sinais observados durante o exame físico. O médico avalia o inchaço na região da mandíbula, a presença de dor, febre e alterações na secreção salivar.

Exames complementares

Em alguns casos, exames complementares são indicados para confirmar o diagnóstico, identificar a causa da inflamação e descartar complicações:

  • Ultrassonografia das glândulas salivares: avalia presença de abscessos, cálculos ou alterações estruturais
  • Hemograma e PCR: ajudam a identificar infecções bacterianas (leucocitose, elevação de PCR)
  • Sorologia IgM/IgG para caxumba: detecta infecção atual ou prévia pelo vírus da caxumba
  • Cultura da saliva ou secreção do ducto de Stenon: em casos com pus, para identificar a bactéria causadora

Investigação de causas autoimunes

Quando o quadro é crônico, recorrente ou bilateral sem causa infecciosa evidente, pode ser necessário investigar condições autoimunes. A Síndrome de Sjögren, por exemplo, é uma doença que afeta as glândulas salivares e lacrimais, e pode ser confundida com parotidite.

Tratamento para parotidite

O tratamento da parotidite depende da causa e da gravidade do quadro. Na maioria dos casos virais, a abordagem é conservadora, com medidas de suporte. Já nas formas bacterianas, pode haver necessidade de antibióticos.

Parotidite viral

  • Repouso e isolamento em casos contagiosos (como caxumba)
  • Ingestão abundante de líquidos
  • Analgésicos e antitérmicos (como paracetamol ou dipirona)
  • Compressas mornas para aliviar dor e inchaço
  • Alimentação leve e pastosa, se houver dor ao mastigar

Parotidite bacteriana

  • Antibióticos específicos, de acordo com a gravidade e cultura bacteriana
  • Massagem da glândula e estímulo à salivação (chupar balas sem açúcar, por exemplo)
  • Drenagem cirúrgica em casos de formação de abscesso
  • Avaliação odontológica se houver foco de infecção na boca

Cuidados domiciliares e orientações médicas

  • Higiene bucal rigorosa
  • Evitar alimentos ácidos ou muito quentes
  • Monitoramento dos sintomas

Procurar atendimento médico se houver piora clínica, febre alta persistente ou secreção purulenta

Quando procurar um médico com urgência

  • Dificuldade para respirar ou engolir
  • Inchaço intenso e rápido
  • Pus visível na boca
  • Dor intensa ou febre alta persistente
  • Sinais de infecção generalizada (confusão, fraqueza intensa)

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Parotidite tem cura?

Sim, na maioria dos casos, a parotidite tem cura e apresenta boa evolução com o tratamento adequado.

Tempo de recuperação

  • Parotidite viral: entre 7 e 10 dias
  • Parotidite bacteriana: melhora em até 14 dias, com antibióticos
  • Casos mais graves ou associados a complicações podem levar mais tempo para resolução completa

Possibilidade de complicações ou recidivas

Alguns pacientes podem apresentar episódios recorrentes, especialmente quando há obstruções ductais ou doenças autoimunes. Nessas situações, o acompanhamento médico contínuo é fundamental.

Complicações possíveis da parotidite

Embora a maioria dos casos tenha evolução benigna, algumas complicações podem surgir, especialmente na ausência de tratamento adequado:

  • Abscesso da glândula parótida
  • Septicemia (infecção generalizada)
  • Orquite ou ooforite, em casos de caxumba
  • Meningite viral, especialmente em crianças
  • Lesão permanente da glândula, com redução da produção de saliva
  • Síndrome pós-infecciosa ou autoimune, como na Síndrome de Sjögren

Prevenção da parotidite

A prevenção varia conforme a causa, mas algumas medidas são eficazes para reduzir o risco geral da inflamação das glândulas parótidas:

  • Vacinação com a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola): altamente eficaz contra a caxumba
  • Higiene bucal adequada, incluindo escovação, uso de fio dental e visitas regulares ao dentista
  • Hidratação regular: ajuda a manter a produção adequada de saliva
  • Evitar contato próximo com pessoas infectadas, especialmente durante surtos de caxumba
  • Evitar tabagismo e uso excessivo de álcool, que comprometem as glândulas salivares

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Quando a inflamação da glândula parótida não é parotidite

Nem todo aumento ou dor na região da glândula parótida é causado por parotidite. É importante considerar outros diagnósticos diferenciais, que exigem abordagens distintas.

Diagnósticos diferenciais

  • Tumores de parótida: podem causar inchaço crônico e indolor, benignos ou malignos
  • Sialolitíase (cálculo salivar): obstrução por pedra no ducto salivar, com dor durante as refeições
  • Linfadenite: infecção nos gânglios linfáticos próximos à mandíbula
  • Síndrome de Sjögren: doença autoimune que compromete glândulas salivares e lacrimais

Importância da avaliação médica

Somente o exame clínico com apoio de exames complementares pode confirmar o diagnóstico correto e direcionar o tratamento mais adequado.

A parotidite é uma inflamação das glândulas parótidas que pode ter origem viral, bacteriana ou autoimune. Causando dor e inchaço na região das bochechas, a condição requer atenção médica para diagnóstico e tratamento adequados.

O conhecimento sobre os sintomas, causas e formas de prevenção é essencial para evitar complicações e identificar sinais de alerta. Em caso de suspeita de parotidite, procure avaliação médica o quanto antes, especialmente em crianças, idosos e pessoas com sistema imune comprometido.

FAQ – Perguntas frequentes sobre parotidite

Parotidite é a mesma coisa que caxumba?

Nem sempre. A caxumba é uma forma viral de parotidite causada por um vírus específico. No entanto, existem outras causas para a parotidite, como infecções bacterianas ou doenças autoimunes.

Quais os primeiros sintomas de parotidite?

Inchaço na bochecha (próximo à mandíbula), dor ao mastigar ou engolir, febre e mal-estar são sinais iniciais comuns.

Parotidite é grave?

Na maioria dos casos, não. Porém, quando não tratada adequadamente, pode causar complicações como abscessos, meningite ou infertilidade no caso de orquite.

Quanto tempo dura a parotidite?

A duração média varia de 7 a 14 dias, dependendo da causa e do tratamento.

Qual o tratamento para parotidite viral?

Repouso, hidratação, controle da febre e medidas de suporte. Antibióticos não são indicados nesse caso.

Parotidite pode voltar?

Sim, especialmente em casos com fatores predisponentes, como obstruções nos ductos salivares ou distúrbios autoimunes.

É possível ter parotidite mesmo vacinado contra caxumba?

Embora raro, sim. A vacina reduz drasticamente o risco, mas não oferece 100% de imunidade em todos os indivíduos.

A parotidite pode ser confundida com outras doenças?

Sim. Tumores, cálculos salivares e doenças autoimunes podem provocar sintomas semelhantes. A avaliação médica é essencial para o diagnóstico correto.

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Elizandra Civalsci Costa
Elizandra Civalsci Costa

Farmacêutica (CRF MT n° 3490) pela Universidade Estadual de Londrina e Especialista em Farmácia Hospitalar e Oncologia pelo Hospital Erasto Gaertner. - Curitiba PR. Possui curso em Revisão de Conteúdo para Web pela Rock Content University e Fact Checker pela poynter.org. Contato (65) 99813-4203

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